Os plantéis das nossas equipas seniores já começam a ficar definidos, apesar de ainda faltar bastante para começar a época de voleibol. Está, por isso, na hora de falar dos(as) nossos (as) candidatos(as) ao título de campeão nacional.

Todos já sabiam (tudo se sabe hoje dia) e agora foi oficial. Temos connosco o Francisco Pombeiro e será ele a minha primeira análise. Vou começar e acabar da mesma forma, afirmando a minha convicção. O Francisco Pombeiro será a nossa melhor contratação da época.

Este jogador é 11 anos mais novo que eu e admito que os meus tempos de “Volleyball Manager” já se foram quando casei. Claro que o nome dele foi-me surgindo como um “wonderkid”. No entanto, não o reconheci imediatamente quando a AJ Fonte Bastardo jogou contra o Sporting. O jogo começa e o distribuidor chama-me logo à atenção. Serviço de zona 5 (lado esquerdo do campo), distribuição alta, tempo rápido e entrosamento perfeito com um central que atacava com a mão esquerda (gesto técnico muito exigente). Conto-vos a minha reacção: “Wow. Ai és tu? Estás muito forte.”

Estou muito contente em ver o Francisco Pombeiro de verde e branco. Depois da decepção que foi o Hernan, que nos ensinou que o currículo não diz tudo, tínhamos de contratar um que não engane. Eu coloco “all in” neste nosso atleta. Esta não é só a minha opinião e, para este post, eu quis que não fosse. Socorri-me de um ex-atleta de voleibol que foi seu colega de equipa. Por isso, o resto do texto não é totalmente da minha autoria porque quis atestar uma credibilidade que, eu sozinho, não consigo dar. As aspas (“”) são palavras com sumo ditas pelo ex-companheiro, Conde.

Quando pedi ao Conde que o descrevesse de uma forma simples, rematou logo quatro palavras que o definem facilmente. “Irreverência; Raça; Resiliência e (muita) Qualidade”.

“Conheci o Pombeiro no meu segundo ano do Sporting Clube das Caldas. Um miúdo de 18 anos a querer crescer e a absorver tudo o que podia o mais rapidamente possível. Chegou na condição de suplente, no entanto, bastou apenas uma época para me aperceber bem de que fibra ele era feito”.

Depois desta pequena introdução tive de lhe pedir que nos explicasse do porquê da escolha daquelas quatro palavras para o caracterizar. Na verdade, vale tanto um elogio como a explicação do mesmo, não concordam?

Começou pela irreverência recordando a condição de suplente na equipa. “Mesmo na qualidade de não titular, nunca aceitou ser uma alternativa. Lutou com afinco e sempre que o treinador o chamava, fazia de tudo para revolucionar o jogo. Não só nas tomadas de decisão na distribuição, como também na forma como passava”. Continua o Conde, agora explicando um pouco da técnica do nosso jogador. “Dotado de um passe perfeito, extremamente regular e acelerado, fazia por conseguir executá-los sempre em suspensão e o mais alto possível (situação terrivelmente difícil para uma equipa adversária)”.

Quando falamos de raça, tudo é mais fácil de explicar. Somos leões, somos da raça que nunca se vergará. O ex-companheiro descreve assim o Francisco Pombeiro: “entrava em campo para lutar por cada ponto. Festejava cada ponto como se fosse o último”. Parece-me que se irá dar bem por cá.

“Independentemente de ser um 2º distribuidor, eu não o via como tal e ele muito menos. Lutava sempre para o melhor da equipa e nunca baixou a guarda. Sempre focado nos seus objetivos, forte e resistente, quando pressionado a arranjar soluções (mesmo quando o titular não o conseguia fazer ou quando o adversário era mais forte). O Pombeiro sempre gostou de medir forças e testar os seus limites.” Isto é uma ótima descrição feita de alguém resiliente.

The last but not the least, temos a sua qualidade. “Muita, muita mesmo”. Em jeito de inconfidência, o Conde segredou-me umas palavras que disse ao Francisco Pombeiro uns meses depois de o conhecer e o acompanhar em campo. “Vais ser um dos melhores distribuidores portugueses, se não mesmo o melhor! Daqui a uns anos (poucos), vou ter o prazer de te ver a jogar pela Seleção Nacional de séniores e quando isso acontecer, quero um autógrafo e um abraço”. Continuou. “O Pombeiro transborda qualidade, é delicioso ver como executa tecnicamente cada ação, tornando o erro quase inexistente”. Para concluir, um desejo em forma de palavras. “Como amigo, não lhe desejo sorte porque não acredito nisso. Acredito no trabalho, empenho e amor. Desejo que ele continue a maravilhar-nos com o seu voleibol e com a humildade que, ainda hoje, me surpreende”.

Agradeço ao Conde pelo copo que bebeu comigo na Tasca e pela forma como nos contou quem é o nosso atleta. Os ignorantes falam do Francisco Pombeiro como uma “contratação familiar”. Facto é que o jogador é filho do nosso diretor. Facto, também, é que vai ser a melhor contratação da época.

Vamos recuperar o que é nosso! Força Francisco! Força Voleibol! Viva o Sporting!

*às terças, o Adrien S. puxa a bola bem alto e prega-lhe uma sapatada para ponto directo (ou, se preferires, é a crónica semanal sobre o nosso Voleibol)