Esta semana temos a estreia, na rubrica, de um nome bem conhecido no voleibol nacional. A Ana Couto, distribuidora da seleção nacional, integrou a nossa equipa de voleibol.

Na última semana, o @castrojr76, escrevia palavras interessantes que as recupero. Apesar do contexto ter sido futebol, vou trazê-las para este post por serem abrangente. Dizia ele que as grandes relações afetivas entre os adeptos e os jogadores se sustentam em 3 cenários: quando estes são da nossa formação, quando têm raça a transpirar pelos poros e quando são craques.

A Ana Couto caberá num destes grupos, mas ainda não sei se quando falamos em raça ou em craque. Curiosamente, a resposta está no sorriso desta jogadora. Desculpem se parece estranho, no entanto isto é a verdade. Posso-vos dizer que descobri que a Ana Couto tem 3 formas diferentes de sorrir dependendo do recetor do mesmo: Adversários, Colegas e Adeptos.

Sorriso para o adversário
Para explicar este jeito de sorrir da nossa atleta vou recuperar um ponto da final do campeonato do ano passado. O Leixões SC estava a jogar em casa, num pavilhão lotado. Em caso de vitória, venceriam o tricampeonato. O jogo estava na negra e o Leixões apresentava dificuldades, estando a perder 9-8 num set jogado apenas até aos 15 pontos. O serviço estava no AVC Famalicão e a bola era muito importante. Após o serviço, o Leixões SC recebe alto e a Ana Couto faz um segundo toque curto e ponto! 9-9. Que coragem e determinação!

Após o ponto e do pequeno festejo com as colegas, a Ana Couto sai da roda da equipa e vai, sozinha, à rede. Ali fica uns segundos, só, a enfrentar toda a equipa adversária. O olhar cruzou-se com todas as 6 jogadoras que estavam do outro lado da rede. Enquanto isso, a mim pareceu-me que estava a sorrir. Podemos esperar isto. Um sorriso de coragem, de atitude, de raça, de marcar posição, de confrontação, de liderança, de dureza, de aviso, de campeã.

Sorriso para as Colegas
No voleibol, a distribuidora, é uma função incomparável em qualquer outro desporto coletivo. Este tipo de afirmação pode ser um pouco exagerada, mas estou confiante que é certa. Um resumo é dizer que o distribuidor participa em 99% das jogadas do jogo, tornando-se crítica a sua performance. Por isso, o distribuidor tem de ser inteligente, perspicaz e relacional. Se a “química” entre a distribuidora e alguma atacante não existir, garanto-vos que alguma terá de sair do campo porque afetará a performance. O que se vê da Ana Couto é precisamente este sentido relacional. A forma como sorri para as colegas, a cada ponto que fazem com os seus passes, é motivador. Não há um ataque onde uma colega não receba um olhar, uma palavra ou o tal sorriso que tenho falado. A qualidade de uma distribuidora não está apenas no gesto técnico do passe. A relação com o resto da equipa é tão, ou mais, importante. É uma relação que a Ana Couto sabe construir.

Sorriso para os Adeptos
A Ana Couto faz parte da realeza poveira. A cidade da Póvoa do Varzim reconhece-lhe valor, acompanhando o seu percurso desportivo de perto. Ainda há pouco tempo resumiam a sua carreira no Leixões SC, recordando as conquistas do tricampeonato nacional (2016/17, 2017/18, 2018/19) e, entre outras conquistas, também as duas Supertaças (2017/18,2018/19).

Apesar de nortenha, faz parte daquele mundo gigante de Sportinguistas que, tal como eu, inundam o Norte do país com fervor leonino. A Ana Couto veste a camisola, vai ao estádio e canta como todos nós. Agora, vai ser diferente. Quando olhar para a bancada irá reparar num lugar vazio junto daqueles que a costumam acompanhar. O campo será o seu novo habitat, mas vestida da mesma forma, com a camisola do Sporting Clube de Portugal. Estaremos, todos, mais descansados por saber que a Ana Couto será uma extensão do nosso sportinguismo em campo. Eu gosto muito de ver atletas-adeptos do Sporting a representar-nos.

Preparem-se que, se já sorria muito para a bancada, agora sorrirá muito mais porque a mesma força leonina que sai dela, senti-la-á da bancada também. Temos connosco uma das distribuidoras da seleção nacional, super campeã e sportinguista. Tem tudo para correr bem.

Termino a rubrica com uma música e um pedido. Uma das minhas músicas favoritas, do Nat King Cole, fala precisamente de sorrisos e da sua importância. Fica muito bem colocá-la junto ao nome da Ana Couto.

Smile though your heart is aching
Smile even though it’s breaking
When there are clouds in the sky, you’ll get by
If you smile through your fear and sorrow
Smile and maybe tomorrow
You’ll see the sun come shining through for you

Light up your face with gladness
Hide every trace of sadness
Although a tear may be ever so near
That’s the time you must keep on trying
Smile, what’s the use of crying?
You’ll find that life is still worthwhile
If you just smile

That’s the time you must keep on trying
Smile, what’s the use of crying?
You’ll find that life is still worthwhile
If you just smile

Por fim, anuncio que tenho a intenção de levar um cartaz a todos os jogos do voleibol feminino que for. Evidentemente, que não posso pedir a camisola, por ser deselegante (e arranjar problemas cá em casa), mas vou pedir um sorriso. Ana Couto, sorris para nós?

Força Ana Couto! Força Voleibol! Viva o Sporting!

*às terças, o Adrien S. puxa a bola bem alto e prega-lhe uma sapatada para ponto directo (ou, se preferires, é a crónica semanal sobre o nosso Voleibol)