Apertado, apertadinho, mas o suficiente para arrecadar três pontos fundamentais. À segunda jornada, o Sporting recebeu e venceu o Braga, naquela que é a primeira vitória da época e que, mesmo com vários problemas a persistirem, permite aos Leões sacudirem a pressão

wendel 2-1 braga

Uma derrota por números complicados de aceitar, na Supertaça. Um empate a abrir o campeonato, na Madeira. O anúncio da saída de Bas Dost. Ingredientes mais do que suficientes para o Sporting entrar em campo, frente ao Braga, completamente sobre brasas e obrigado a vencer.

E a equipa parece ter lidado bem com a pressão, entrando pressionante e com boa circulação de bola. Com Luiz Phellype como referência do ataque, tendo Diaby e Raphinha como alas, o segredo para esta boa entrada por ter estado no facto de Bruno Fernandes e Wendel terem surgido mais soltos, mais subidos, mais prontos a jogarem nos espaços que surgissem entre linhas, nas costas do ponta de lança. Inclusivamente, Bruno Fernandes baixava mais vezes para pensar jogadas, dando a Wendel o papel de fazer uma pressão às saídas de bola adversárias.

A primeira ameaça surgiu dos pés de Bruno Fernandes, logo aos cinco minutos, seguida dos avisos de Coates, protagonizados com a cabeça e com os pés (curioso como o central, claramente à procura de forma pelas suas características físicas e por ter regressado mais tarde, se mostra perigoso nos lances ofensivos de bola parada). Não foi com espanto que, pouco depois dos 15 minutos de jogo, Luiz Phellype tivesse ganho uma bola que a defensiva bracarense tentava aliviar e a colocasse nos pés de Wendel que, com classe (trivela de canhota, o pior pé), inaugurou o marcador. Ao quinto remate, o Sporting materializava os 70% de posse de bola

Acontece que a partir dos 20 minutos o Sporting baixou todas as linhas e foi permitindo ao Braga ganhar espaço para pensar e para jogar. o tabuleiro equilibrou e depois pendeu para o lado dos arsenalistas, com Renan a virar figura do jogo ao sacar duas ou três defesas de elevadíssimo grau de dificuldade (a última, então, é brutal!). Como costuma dizer-se, quem não marca arrisca-se a sofrer e foi o que aconteceu ao Braga: Bruno Fernandes fez a tal pressão alta que tinha amarrado o Braga nos primeiros 20 minutos, roubou a bola a Claudemir e foi por ali fora, com classe, usando uma finta de corpo para pregar Bruno Viana ao relvado e o pé esquerdo para fuzilar o desamparado Matheus. Golaço do capitão, festejado com enorme alívio dentro e fora das quatro linhas.

No segundo tempo, foi tudo diferente. O Braga subiu as linhas (basta ver onde estavam e onde passaram a estar os laterais, Esgaio e Sequeira) e o Sporting aceitou sem reservas entregar a posse de bola ao adversário. Mas deixando o adversário iniciar a construção em zonas tão subidas, o Sporting ficou encostado à sua área e raramente pareceu ser capaz de lá sair, acabando por ser vítima de um verdadeiro assalto ao seu último reduto que só não deu golo mais cedo por mérito de Renan e por demérito da finalização bracarense. Até que a 20 minutos do fim, em mais uma jogada embrulhada junto à área leonina, Wilson Eduardo aproveitou uma bola vinda do poste para recarregar com êxito (este gajo marca sempre contra nós?) e deixar tudo em aberto.

Sá Pinto quis carregar, lançando Murilo e Paulinho para os lugares de Fransérgio e Hassan, Keizer respondeu colocando Neto no lugar de Diaby, tentando dar uma ajuda a Thierry Correia, que via dois e três adversários investirem repetidas vezes pelo seu corredor (aliás, tanto Diaby como Raphinha deixaram inúmeras vezes os laterais por sua conta). A defesa pareceu estabilizar (um bocadinho, vá) e a posterior entrada de Vietto ainda deu para ter alguém capaz de receber, rodar e arrancar rumo ao meio campo adversário, mas… mas a verdade é que o Braga termina a partida com 15 remates executados dentro da nossa área (!!!), mais do dobro dos que nós fizemos e, imagine-se, fez mais remates na segunda parte do que o Sporting em todo o jogo (12vs11), já para não falar dos sete cantos contra apenas dois nossos.

No arranque para duas semanas decisivas no que toca ao reforço da equipa e importantíssimas no posicionamento na tabela classificativa, estes são números que dão (muito) que pensar. Esperemos que seja mais fácil fazê-lo depois de uma noite que permitiu respirar.

Ficha de jogo
Sporting-Sp. Braga, 2-1

Segunda jornada da Primeira Liga
Estádio de Alvalade, em Lisboa
Árbitro: Luís Godinho (AF Évora)

Sporting: Renan, Thierry, Coates, Mathieu, Acuña, Doumbia, Bruno Fernandes, Wendel (Eduardo, 88′), Raphinha, Luiz Phellype (Vietto, 85′), Diaby (Neto, 77′)
Suplentes não utilizados: Maximiano, Ilori, Camacho, Borja
Treinador: Marcel Keizer

Sp. Braga: Matheus, Esgaio, Bruno Viana, Pablo, Sequeira, Claudemir, Fransérgio (Murilo, 72′), André Horta, Wilson (Galeno, 79′), Hassan (Paulinho, 72′), Ricardo Horta
Suplentes não utilizados: Eduardo, Tormena, Diogo Viana, João Novais
Treinador: Ricardo Sá Pinto

Golos: Wendel (16′), Bruno Fernandes (44′), Wilson Eduardo (73′)
Ação disciplinar: cartão amarelo a Pablo (38′), Thierry Correia (43′), Diaby (62′), Hassan (66′), Bruno Fernandes (75′), André Horta (90+1′), Claudemir (90+4′)