Por muito boa vontade que se possa ter, por muita paciência e capacidade de dar tempo ao tempo, os sinais de desnorte que a actual administração do Sporting Clube de Portugal vai acumulando, seja em matéria de gestão do clube seja na gestão dos seus activos, conduzem a um sentimento de saturação e de intolerância. Posso estar a ser um gajo tremendamente injusto, mas a Frederico Varandas e a sua equipa brindam-nos, dia sim dia não, com sinais de ineptidão gritantes e exasperantes.

A troca de comunicados com as claques foi o mais recente sinal. Vale o que vale, é verdade, e até vos confesso que me incomoda muito mais não saber oficialmente que alguns membros dessas mesmas claques envolvidos no ataque a Alcochete foram expulsos de sócio e impedidos de frequentar as instalações do Sporting Clube de Portugal. Mas revela, novamente, essa inépcia, desta feita assente num problema de incapacidade de fecho de portas às comparações com o passado. Frederico Varandas e a sua equipa vêm fantasmas do passado onde quer que seja e vivem obcecados em poder escrever ou dizer que estão a fazer melhor do que, ou que ao contrário de ou, pior, que este novo Sporting, uma expressão aberrante prontamente reproduzidas por adeptos que conseguem ser tão o mais aberrantes do que a referida expressão.

Mas isto é nada quando comparado com a situação referente à transferência de Bas Dost. Com honrosas referências a Liedson e a Wolfswinkel, Bas Dost foi o melhor avançado a vestir a camisola verde e branca deste o tempo em que Jardel a vestiu. Mais, Bas Dost foi um dos últimos grandes ídolos leoninos, estabelecendo uma tremenda ligação com os adeptos. Ora, o que esta direcção foi capaz de fazer foi transformar a relação entre o clube e o jogador numa chacota (ups…) pública! Aqui não está em causa quem é o bom ou o mau da fita. Está em causa, tal como esteve num passado recente, o atropelar de princípios básicos da gestão e do bom senso. Desde as capas consecutivas nos desportivos, tão iguais que é complicado não notar, a promover a saída do jogador, ao comunicado concertado com o Frankfurt para pressionar o fecho do negócio, passando pela acusação pública que imputava a Dost e ao seu representante a culpa pela demora na saída.

Pelo meio, as bombocas: o clube andava desde maio à procura de soluções que agradassem a Dost (wtf), pois foi nessa altura que o ponta de lança deixou claro à administração que queria continuar a sua carreira por outras paragens. Em Agosto, 1, 2, 3 meses depois, Marcel Keizer, treinador do Sporting Clube de Portugal, afirmava que tinha ouvido falar da possível transferência de Bas Dost pela comunicação social e tinha ido perguntar ao presidente o que se passava. Ridículo. Mas sintomático da forma como o cube vai sendo gerido, tal como o havia sido o célebre “perguntem ao director” deixado pelo treinador quando confrontado com a situação de Matheus Pereira.

Mas este brincar ao Chmpionship Manager não se fica por aqui. Então se desde maio se sabia que a ordem era negociar Bas Dost, como é que se deixa arrastar essa situação até a uma semana do fecho do mercado?!? Mais, como é que temos o Gelson Dala em banho maria quando, está mais do que visto, não havia intenção de ficar com o rapaz? Deu jeito para colocar na imprensa que estava a ser analisado por Keizer? Que estava a convencer Keizer? E estou-me marimbando para se não repetimos a vergonha que foi o negócio Demiral, artilhando o contrato de Dala de cláusulas que nos protegem.

Tudo isto soa a amadorismo. Tudo isto soa a empurrar com a barriga. Tudo isto soa a desespero para ir amealhando os 40 milhões que precisamos para cumprir obrigações, até porque da reestruturação financeira nem sinais. E tudo isto termina numa tentativa de nos colar um enorme gelado na testa, com a história dos 7,5 milhões por 75% do passe.

Meu caro Frederico Varandas, eu sei que o Sousa Estátua Cintra deixou vários contratos armadilhados, mas só um parvo não percebe que esta macacada da percentagem do passe foi a solução encontrada para entregar ao empresário os 2 milhões que lhe foram prometidos quando Dost voltou da rescisão e é mais um exemplo de que a tua fanfarronice está a sair-te cara. Por outras palavras… futebol? fácil, fácil… o caralhinho!