Li algo produzido pelo senhor Henrique Monteiro que me deixou de todo atormentado. Escreveu ele: “Querem um Sporting pequenino, limitado a Cherbas e Misteres com mais uns tantos. Conclusão: pensem em vez de atuar em matilha. Não custa nada e pode dar resultados” (sublinhado e realce da nossa responsabilidade).

Resolvi seguir o “conselho” do escrivão, embora nunca tenha atuado em “matilha” [julgo que o HM sofrerá de dislexia, pois recordo que há cerca de um ano e tal houve uma “matilhada” ali para os lados de Alvalade onde o vi presente, independentemente, das razões subjetivas/objetivas quer estiveram na base de tal “alcateia” e da sua presença as quais não discuto] e então fui pensar …

Ai Henrique … Henrique, como diz o povo “bem prega Frei Tomás, faz o que ele diz e não o que ele faz”, embora julgue que aqui mais se apropria a abordagem de tal “linguarejar” que dele faz Maharishi, que sempre preferiu outra manifestação linguística: “faz o que o mestre diz e não o que ele faz”, e acrescentava referindo-se a Jesus Cristo: “se o mestre caminha sobre as águas, não tentes andar sobre ela pois o mais certo é afogares-te”.

Mas, Henrique, permita-me discordar de si, porquanto eu pretendo que o MEU (NOSSO) SPORTING continue pertença, repito pertença, desta mole humana de pessoas que diariamente por ele sofrem, mas também se empolgam nas suas vitórias, sendo certo que perante um “tsunami” de desbaratamento de capital que vem minando o CLUBE, por vezes me colhem pensamentos parecidos ao seu, mas logo retorno ao já citado Maharishi: “eu sei que devo ir para ali… mas isso não é a minha chávena de chá… portanto, vou para outro lado.”

Este introito serve para lhe relembrar o “caminho das pedras” que determinada gente encetou na “diabolização” do nosso CLUBE em que uma certa elite se serviu do SPORTING em vez de o servir, com denodo, entrega, lealdade e
verticalidade de princípio e ações. Foi esta gente que que vem delapidando o NOSSO SPORTING, praticamente nos últimos 30/20 anos, nos quais uma “linhagem” de “pensadores” e “gestores” se serviram do Clube em vez de o servirem.

A propósito relembro-lhe sábias palavras de João Rocha proferidas há alguns anos (talvez quinze), quando se iniciou o declínio do Clube: “O Sporting está a atravessar a pior crise dos seus 100 anos. Convinha, no entanto, esclarecer, até porque os mais jovens não o sabem, que quando veio a revolução, os clubes passaram por uma crise muito grande, concretamente na altura do PREC. Eram, no fundo ‘presas’ a tomar de assalto. Criaram-se decretos e portarias à luz dos quais os jogadores se transferiam livremente, bastando uma carta. O Sporting passou essa crise colaborando em algo que era necessário, ou seja, apostando na massificação do desporto em Portugal. Não havia ginásios nem pavilhões e o Sporting começou por ter logo 15 mil atletas, um recorde. Nenhum clube da Europa o conseguia, nem o próprio Barcelona”
(…)
“Quando José Roquete entrou, o clube estava numa situação caótica, mas ele aceitou um passivo de 4 milhões de contos e, atualmente, ascende a 60 milhões de contos. É uma diferença enorme. Mas esse não é o grande problema. É preciso ter em conta os prejuízos, os quais foram colmatados com a venda de património e a reavaliação de todo o ativo, incluindo jogadores. Esses prejuízos não foram contabilizados”.
(…)
“É muito simples. José Roquete julgava que o Sporting era uma operação tão fácil com a do Totta, em que ele, numa operação ilegal, ganhou 20 milhões de contos sem pagar um tostão de impostos e, ainda por cima, acabou por comprometer aquele que foi recentemente eleito Presidente da República, Cavaco Silva”
(…)
“Não digo mais nada sobre isso. Foi falado no Conselho Leonino e eu disse ao líder da AG para mandar calar sobre essa informação, que foi longe demais. Disse-lhe ainda que o resumo do acordo com o FC Porto devia ser gravado de tão grave que era, porque talvez fosse necessário que essa gravação viesse a ser pública na defesa dos interesses do Sporting e dos seus sócios. Não vejo o desporto assim”.

O Caro HM com certeza nesta altura não pensava no SPORTING … teria outros pensamentos mais importantes, talvez. Mas sabe foi naquela altura que se iniciou o “tal caminho das pedras” e o “deboche” completo de falta de responsabilidade ética e moral de quem tem conduzido os destinos do CLUBE, independentemente, dos títulos conquistados. Mas eu acredito que o vou pôr a pensar tal como referiu na sua publicação. Ora vamos lá aos tais números que estão na base das perguntas que lhe coloco acima … e reflita e pense neles.

Agregados das Demonstrações dos Fluxos de Caixa da SAD SPORTING desde 1 de Julho de 2010 a 30 de Junho de 2019
Métrica agregada dos anos em causa

quiquinho1
quiquinho2
quiquinho3

Caro HM estes números não lhe dão que pensar?

Esta monstruosa delapidação de fundos e capital (analisando pelo vetor custo/beneficio) não lhe causa qualquer incomodo nem o projeta para a defesa de um CLUBE sério, honesto, vertical onde a transparência e a informação
deveriam ser pedras basilares?

Face ao que escreveu, PENSE LÁ NISTO e desculpe que lhe diga, mas, quer o Cherba quer o Mister há muito vem alertando e abordando linhas de pensamento que defendem um CLUBE gerido de forma impoluta, racional, transparente e em envolvimento com os sócios (neste caso acionistas).

Você parece chegar tarde a este “mundo” e o seu “pensamento” aponta para que o Clube possa vir a ser mais uma “lavandaria” do mundo do futebol, o antagonismo do que defendem os blogueiros que citou e eu sou um deles e não deve olvidar que ambos tem feito mais pelo NOSSO SPORTING que o senhor fez nos últimos tempos em que se deu a conhecer como Sportinguista.

* texto escrito por João Gaspar