Em 90 anos de futebol, o Sporting nunca tinha perdido 3 jogos consecutivos em casa. Aconteceu hoje e isso é apenas um dos pormenores de uma noite ao nível do actual estado do futebol profissional dos Leões: horrível! Tal como há 7 anos, data em que o Sporting tinha sofrido três derrotas consecutivas pela última vez e em que terminou o campeonato na 7.ª posição

max sem foto

Mas até podia ter sido diferente? Podia, podia sim. Bastava não se terem falhado três ou quatro golos de baliza aberta. Mas falhou-se e o Rio Ave, antes de começar a queimar tempo de forma vergonhosa, só precisou de três oportunidades para marcar dois golos, um deles por um gajo que não marca a quem quer que seja.

A sina resulta num recorde que se junta ao que vos falei lá mais acima: em 90 anos de futebol é a primeira vez que o Sporting tem uma percentagem de derrotas (56%) tão elevada nos 9 primeiros jogos (2V-2E-5D). Na cabeça de Leonel Pontes, que em quatro jogos conseguiu apresentar quatro onzes diferentes, parte da explicação está «nesta onda negativa que não tem sido positiva», uma frase que fica para a eternidade, tal como quando Lili Caneças afirmou que estar vivo era o contrário de estar morto.

E o Sporting, esse, é um morto vivo, gerido por gente que não dá a cara e que se refugia num silêncio patético. Que preparou esta época como se estivesse a jogar Championship Manager e pudesse não fazer save se as coisas dessem para o torto. E deram. Tacticamente, fruto da ausência de liderança e da pouca qualidade de quem tenta sê-lo, o Sporting é um amontoado de equívocos e de experiências sem fio de jogo e com uma incapacidade de perceber as transições defensivas que chega a ser constrangedora (o primeiro golo sofrido é demasiado patético para ser recordado). Os jogadores estão mortos animicamente e parecem não ter pedalada para mais de 70 minutos (terra chama gabinete de performance).

Não admira, por isso, a derrota (segunda, em casa, com o Rio Ave) e, infelizmente, quase não admira depararmo-nos com episódios incríveis como o facto de Jovane Cabral avançar para dentro de campo com o nome de Plata gravado na camisola ou, bem pior, a equipa perfilar para a fotografia inicial quando Max ainda não estava presente. O ar do guarda redes é bem ilustrado pela foto que acompanha esta crónica e só não foi o momento mais triste da noite porque, nas bancadas, o serão terminou em cenas de pancadaria não respeitando, sequer, o pânico de uma criança que tentava separar os adultos. E isso, sim, é voltar a bater no fundo.

Ficha de jogo
Sporting-Rio Ave, 1-2
Fase de grupos da Taça da Liga

Estádio de Alvalade, em Lisboa
Árbitro: Manuel Mota (AF Braga)

Sporting: Luís Maximiano, Rosier, Ilori, Neto, Borja, Battaglia (Eduardo, 45′), Acuña, Wendel (Luiz Phellype, 76′), Bruno Fernandes, Jesé (Jovane, 84′), Vietto
Suplentes não utilizados: Renan, Gonzalo Plata, Mathieu, Miguel Luís
Treinador: Leonel Pontes

Rio Ave: Paulo Vítor, Borevkovic, Messias, Junio, Diogo Figueiras (Carlos Mané, 66′), Tarantini (Felipe Augusto, 45′), Jamor, Pedro Amaral, Gabrielzinho, Ronan (Bruno Moreira, 66′), Piazón
Suplentes não utilizados: Kieszek, Nuno Santos, Vitó
Treinador: Carlos Carvalhal

Golos: Ronan (32′), Bruno Fernandes (35′), Piazón (83′)
Ação disciplinar: cartão amarelo a Borja (58′), Bruno Fernandes (73′), Felipe Augusto (73′)