“Foi uma estreia de sonho, entrar e marcar é muito bom. Foi de arrepiar. Tenho pena de não termos conseguido ganhar o jogo ou no mínimo pontuar […] Foi uma boa oportunidade para me mostrar. O míster Leonel acredita em mim, sempre que puder vou ajudar a equipa e o Sporting. O objetivo de todos nós na formação é trabalhar para chegar à equipa principal. Foi a minha vez de ter essa oportunidade e acho que fiz um bom papel. Triste por não jogar com o Famalicão? É como tinha dito, passo a passo. Tenho o próximo jogo nos sub-23, onde estiver estou a servir o Sporting, seja nos sub-23 ou na equipa AA. São opções, mas há mais inscrições em janeiro. Vou trabalhar para ser opção”

As palavras são de Pedro Mendes, no final do jogo frente ao PSV, no qual apontou um golaço apenas um minuto depois de estar em campo. E são palavras que devem ser levadas muito a sério, tal como devia ter sido levado muito a sério o facto de, no final da época 18/19, ter sido o melhor marcador da equipa de sub23, com 18 golos em 34 encontros.

O mínimo dos mínimos teria sido Pedro Mendes fazer a pré-época com a equipa principal. E este é o único momento do qual Frederico Varandas e Hugo Viana podem sacudir responsabilidades, pois a escolha de quem foi ou deixou de ir para estágio foi inteiramente de Marcel Keizer. E, para a Suíça, o técnico holandês levou a seguintes opções de ataque: Luciano Vietto, Luiz Phellype e Bas Dost.

Ora, se pensarmos que desde cedo Vietto foi desviado para uma ala, desde cedo se percebeu que o plantel apenas possuía dois homens de área. Nem Rafael Camacho, nem Gonzalo Plata, nem Jovane Cabral, nem Joelson Fernandes, nem Matheus Pereira, nem Raphinha, os outros que seguiram para estágio, são ou serão referência ofensivas. Ainda sobrava Gelson Dala, mas primeiro estava de férias por ter estado ao serviço da selecção e depois foi recambiado sem passar pela casa da partida.

A treinar com os sub23 ficava Pedro Mendes, o avançado que custou 300 mil euros quando era júnior do Moreirense e que chegou a Alvalade precisamente por ter características muito próprias: tendo estampa física e movimentos de homem de área, o tal número 9 clássico, Pedro Mendes vai mostrando capacidade para se envolver nas mais diversas jogadas da equipa e não ser apenas aquele ponta de lança estático.

Depois, a decisão inexplicável: não foi inscrito na Liga, ficando automaticamente de fora do Campeonato Nacional e da Taça da Liga com a agravante de, ao que parece, também não poder jogar na Taça de Portugal pelo facto dos sub23 não contarem para esta competição.

E, aqui, a culpa é totalmente de Frederico Varandas, de Hugo Viana e de quem mais integra o departamento profissional de futebol. Bas Dost havia sido vendido e sabia-se que existia o risco, elevado, de Luiz Phellype ser o único avançado da equipa. A verdade é que o despedimento de Keizer foi anunciado na manhã seguinte ao fecho do mercado e isso significa que os últimos detalhes do plantel não passaram pelo holandês, portanto é de uma incompetência tremenda manter a lista feita por alguém que já não contava para o totobola. E a incompetência ainda irrita mais quando se tenta justificá-la com “os muitos dossiers que estavam a ser tratados nesse último dia de mercado”. Tipo Zezés, Fernandos e Bolasies. Pontas de lança é que nem vê-los. Ou melhor: continuamos a vê-lo a marcar golos, mas ao serviço dos sub23.