«Se observarem o meu ciclo, há 5 ou 6 jogadores que são a base, que jogaram sempre. Já me demonstraram que podem fazer parte desta seleção. Lautaro, Paredes e De Paul deram-nos muito, tal como Tagliafico, Acuña e Dybala.»

As palavras são de Lionel Scaloni, seleccionador argentino que, ontem, acabou mesmo por entregar a braçadeira da selecção ao defesa/médio/extremo do Sporting.

Ora, não deixa de ser irónico que alguém que chegou a Alvalade rotulado como um dos melhores do futebol argentino e como o jogador que transportava a equipa do Racing aos ombros e que, agora, depois de várias boas exibições com a camisola do seu país, alcança a posição de capitão de selecção, seja olhado de lado por vários adeptos leoninos. Mais, seja considerado descartável por vários adeptos leoninos.

Há, no fundo, que considere Marco Acuña um jogador burro, mal posicionado, sem velocidade para jogar numa ala e incapaz de fazer a diferença a não ser que tenha um Dost no meio da área para dizer sim aos seus cruzamentos. Juro que me faz confusão.

El Huevo, como é conhecido na Argentina por em criançapassar a vida a fazer galos na cabeça (huevos), é, efectivamente, um jogador extremamente raçudo, por vezes até demasiado, e, na ânsia de apagar vários fogos em simultâneo acaba por desposicionar-se algumas vezes. Acontece que, além da raça, Acuña é um jogador evoluído tecnicamente. Dos mais evoluídos do plantel, diria mesmo. E tacticamente sabe perfeitamente o que está a fazer em campo, ou não estivéssemos a falar de alguém que pode fazer todo o corredor esquerdo e que, caso seja necessário, pode actuar como médio centro/interior (ocupando a esquerda de um triângulo invertido). Por experimentar está, ainda, a sua utilização do lado direito, onde a aposta recai sobre as diagonais para vir para dentro rematar com a canhota.

E tudo isto, sim, é embrulhado naquele espírito de que vale mais partir do que torcer e que tantas vezes desejamos que contagiasse outros jogadores.

Achar que Acuña deve ser rapidamente vendido ou que se devia sentar no banco dos suplentes é algo que, confesso, me transcende.