Com domínio de maior parte do jogo e alguns valentes sustos pelo meio, o Sporting ganhou (e bem) na Noruega, deixando abertas de par em par as portas que dão acesso à fase seguinte da Liga Europa

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De cada vez que Coates marca um golo pelo Sporting, há como que um acerto de contas com a vida, renova-se a esperança na justiça divina e acredita-se que o glaciares vão parar de derreter à velocidade que um gelado de laranja, que custava dez centavos, derretia naqueles incríveis anos 80.

Coates merece todos os golos que marca com o Leão Rampante ao peito e os que acreditam em Coates merecem festejá-los com um sorriso a dobrar, ainda por cima numa partida onde era ganhar ou ganhar e para a qual o Sporting arrancou sem Mathieu e sem Acuña e onde Silas voltou a baralhar o onze e nos deu uma mão de cartas onde Neto, Coates e Ilori formavam uma linha de três centrais, com a equipa a apresentar-se numa espécie de 3-5-2.

Os primeiros dez minutos foram para acabar o aquecimento, que estava um frio do caraças em Trondheim, e assim que o Sporting se chegou à frente e parou de rodar a bola de pé para pé viu-se a diferença de qualidade entre ambas as equipas. Restava saber se os Leões conseguiriam traduzir essa diferença numa vitória. Bolasie deu o primeiro avisou e pouco depois veio aquele salto poético do capitão sem braçadeira, que mandou uma valente cabeçada na bola e a deixou no fundo da baliza.

O empate quase apareceu numa recarga a um livre, mas Bruno Fernandes apanhou-se com a bola na área , tirou um adversário do caminho e não hesitou em dispará-la lá para dentro outra vez. Faltavam menos de dez minutos para o intervalo e o Sporting ficava com o jogo na mão, mas não iria para o balneário sem o maior susto de todos, quando Trondsen mostrou o porquê de ser jogador da bola numa equipa que é uma caricatura do que já foi.

No recomeço, o choque térmico entre o aconchego da cabine e o frio do relvado resultou num ameaço de pesadelo. Mesmo jogando pouco, pouquinho, o Rosenborg atirou-se ao jogo como Wendel se atiraria a uma caneca de chocolate quente e tornou os 60% de posse de bola do Sporting em 70% de posse de bola norueguesa. E, invariavelmente, os homens de branco metiam-na no lado direito do seu ataque, percebendo que era na dupla Ilori-Borja que estava a porta de entrada para a defesa leonina.

Na área contrária, Vietto sofria penalti não assinalado e, mais à frente, via o redes roubar-lhe o 0-3 com a cara, enquanto Ranan ficava com cara de quem se esqueceu de ir ao wc quando Lundemo disparou ao poste.

E, assim, como quem recebe um par de meias e uma cueca com losangos que “estava mesmo a precisar disto, tia!”, o Sporting saiu do gelo segurando o primeiro lugar do grupo e sem sofrer golos. Claro que, com outro tipo de adversário, isso dificilmente teria acontecido, mas já temos tanto verde e branco que nos entristece que o melhor, mesmo, é aproveitar o momento e acreditar que, em casa, frente ao PSV, conseguiremos celebrar esta pequenina prenda de Natal antecipada.

Ficha de jogo
Rosenborg-Sporting, 0-2
4.ª jornada do grupo D da Liga Europa

Lerkendal Stadion, em Trondheim (Noruega)
Árbitro: Kevin Clancy (Escócia)

Rosenborg: Hansen, Hedenstad, Reginiussen, Hovland, Meling, Jensen, Lundemo, Trondsen (Helland, 78′), Asen, Soderlund e Adegbenro (Johnsen, 77′)
Suplentes não utilizados: Ostbo, Akintola, Valsvik, Tagseth e Ceide
Treinador: Eirik Horneland

Sporting: Renan, Luís Neto, Coates, Tiago Ilori; Rosier, Eduardo, Doumbia (Rodrigo Fernandes, 86′), Borja; Bruno Fernandes (Pedro Mendes, 89′), Vietto e Bolasie (Rafaek Camacho, 73′)
Suplentes não utilizados: Luís Maximiano, Miguel Luís, Wendel e Luiz Phellype
Treinador: Silas

Golos: Coates (16′) e Bruno Fernandes (38′)
Ação disciplinar: cartão amarelo a Luís Neto (28′) e Eduardo (59′)