Depois de mais de 70 minutos a corrigir o sistema táctico com que começou a partida e de ter feito apenas um remate enquadrado, o Sporting encontrou o caminho da vitória quando já jogava com as peças nos seus devidos lugares e se mostrava mais preocupado em marcar do que em equilibrar o sistema defensivo

vietto-belenenses

«Sporting vira a tendência na diferença de golos na temporada, de 24-25 (-1) passa para 26-25 (+1)»

Entre os dados estatísticos do final da partida, este era o mais relevante a seguir ao facto de termos conquistado mais três pontos. Um dado que resulta de outro, que nos diz que com Jorge Silas no comendo os Leões têm um registo de 7V-2D, 13-6 [+7] e sem Jorge Silas os números apontam para 2V-2E-5D, 13-19 [-6].

Claro que isto não invalida que a Taça de Portugal tenha ido à vida de forma que fez corar os Sportinguistas de vergonha, nem que estejamos a maior distância do primeiro lugar e tenhamos que passar os próximos seis meses à espera das escorregadelas alheias e sem margem para escorregadelas próprias.

E também não invalida que, ao longo de mais de 70 minutos, o futebol do Sporting tenha sido mais do que patético, com destaque para a primeira parte, na qual a nota mais positiva foi a titularidade do menino Rodrigo Fernandes, a quem Manuel Oliveira tratou de exibir um amarelo bem cedo, como quem quer explicar o filme em que o jovem médio estava metido.

Novamente com três centrais e sem uma referência ofensiva (que dor…), num estádio a meio gás onde os adeptos cumprem uma obrigação em vez de manifestarem prazer no que estão a ver e ainda têm que lidar com um clima de separatismo onde nem falta o confiscar de toda e qualquer tarja ou mensagem, foi realmente gelado aquele primeiro tempo.

O Belenenses SAD, que também pouco joga, aproveitou para se encher de fé e vir por ali fora várias vezes em transições rápidas, conseguindo dois remates à baliza nos primeiros cinco minutos. Tiago Ilori acumulava asses errados, Vietto e Bruno Fernandes tinham que vir buscar a bola onde Eduardo não vinha, Bolasie fazia figura de corpo presente, correndo à imagem da equipa: sem pingo de noção do que estava a fazer.

Silas percebeu que aquele esquema de três centrais só podia funcionar no sonho que havia tido na noite anterior e meteu Rafael Camacho no lugar de um incrédulo Neto, incapaz de perceber porque raio saía ele. O mesmo Rafael Camacho acelerou pela direita, ganhou um canto e desse lance resultou uma cabeçada de Eduardo e o primeiro remate do Sporting à baliza. Estavam decorridos 35 minutos de jogo. É preciso dizer mais?

Ao intervalo, Rodrigo Fernandes deu o lugar a Doumbia, mas a maior mudança foi a forma como os laterais, principalmente Rosier, tiveram ordem para invadir o meio-campo adversário. O volume ofensivo aumentava, a posse de bola também, mas o futebol é um jogo em que temos que preocupar-nos com a nossa baliza, sim, mas convém pensar em meter a bola na do adversário.

E foi preciso esperar até aos 66 minutos para Silas dar esse sinal, colocando Luiz Phellype no lugar de Eduardo. O Sporting ganhava uma referência ofensiva, Bolasie podia fazer os seus movimentos surpreendentes pela direita, Camacho ficava como extremo esquerdo, Bruno Fernandes assumia a organização mais atrás e Vietto tinha a posição dez para ocupar. Um 4-2-3-1 muitas vezes transformado em 4-4-2, com Vietto a assumir o apoio directo a Phellype.

O Sporting tinha, finalmente, uma arrumação táctica mais condizente com as suas obrigações e os jogadores responderam a essa alteração, com Vietto a ser o mensageiro desse agrado (dois golos (74′ e 81′) e o hat-trick quase a aparecer (82′ e 90+4′)) e do estado de espírito da equipa: “Foi um jogo difícil. O primeiro tempo foi complicado. Vimos de muitos jogos seguidos, com uma viagem dura, mais o frio, mas conseguimos no segundo tempo fazer um jogo melhor. Era muito importante vencer e ir para a paragem com uma vitória”.

Ficha de jogo
Sporting-Belenenses SAD, 2-0
11.ª jornada da Primeira Liga
Estádio José Alvalade, em Lisboa
Árbitro: Manuel Oliveira (AF Porto)

Sporting: Renan; Luís Neto (Rafael Camacho, 33′), Coates, Tiago Ilori; Rosier, Eduardo (Luiz Phellype, 66′), Rodrigo Fernandes (Doumbia, 46′), Borja; Bruno Fernandes, Vietto e Bolasie
Suplentes não utilizados: Luís Maximiano, Ristovski, Miguel Luís e Jesé Rodríguez
Treinador: Jorge Silas

Belenenses SAD: André Moreira; Tiago Esgaio, Nuno Coelho, Tomás Ribeiro, Nilton; Show, André Sousa, Robinho (Kikas, 71′); Silvestre Varela, Benny (Marco Matias, 64′) e Licá (Cassierra, 82′)
Suplentes não utilizados: João Monteiro, Ouro-Sama, André Santos e Sithole
Treinador: Pedro Ribeiro

Golos: Vietto (74′ e 81′)
Ação disciplinar: cartão amarelo a Rodrigo Fernandes (20′), Tomás Ribeiro (39′), Coates (43′), Tiago Ilori (60′), Licá (62′), Robinho (62′) e Renan Ribeiro (69′)