A esta melhoria de jogo da equipa masculina não é indiferente à presença em campo do capitão Miguel Maia. O Gersinho vê isso, eu vejo isso, o @Tigas vê isso, todos vemos isso. Verdade que ouvimos, vezes sem conta, que ele é um craque absoluto e, só por isso, consegue esta longevidade. Desafiei-me, esta semana, a trazer-vos um frame que tenho guardado há muito tempo. Não tem a qualidade que pretendia, mas vai servir para perceber a obra do mestre.

Um artista pode pintar, esculpir, cantar, escrever, desenhar. O Miguel Maia faz passes com bolas de voleibol. Quando virem a imagem seguinte, estarão a olhar para o último ponto do campeonato que nos deu o título. Podia ser, também, um frame do último jogo, pode ser um momento do próximo jogo. Isto é uma repetição que o nosso capitão nos dá sempre que joga.

Por isso, o que estamos a ver?

Foto Voleibol

Vou situar um pouco. O líbero do Benfica, enviou a bola, sem qualquer dificuldade (bola morta na gíria do voleibol), para o nosso campo. O Luke Smith sobe a bola para o Miguel Maia e acontece uma obra de arte. A bola (círculo cor de rosa) está praticamente nas mãos do distribuidor e, agora, vou descrever, por tópicos, para mais fácil compreensão:

1. Estamos com 4 jogadores (cada um com um círculo colorido) prontos para atacar a bola. Todos com posturas corporais de quem vai atacar. O Miguel Maia preparou-os a todos para fechar este ponto;

2. No centro, junto ao capitão, Robinho (círculo vermelho). Está no ataque mais rápido da jogada. No entanto, reparem, ele está marcado pelo Zelão e Mrdak. Estão lá os dois. Os adversários estão prontos a dar o salto para o bloco, assim que bola seja passada para o nosso jogador;

3. Na zona 4, junto ao árbitro, está o Luke Smith. Ele também pronto para atacar e uma possibilidade muito forte. Estava a fazer um grande jogo, com 18 pontos, e é sempre uma zona muito explorada para ataque. O Winters, estava a marcá-lo, apesar de se reparar que está mais focado no passe, como é normal. Está a 1 metro do Zelão o que demonstra que está mais a marcar o nosso Luke Smith do que preocupado em ajudar o colega central;

4. Na zona 6, na pipe, temos o Garrett Muagututia com uma vontade monstruosa de atacar, dado que tinha virado o jogo com os seus serviços. No bloco do Benfica estão os mesmos que falei para o Robinho. Claro que pela dificuldade de ler o passe, possivelmente podiam chegar tarde a um ataque vindo do Garrett;

5. Por último, o fenómeno do voleibol, Angel Dennis. Também ele preparado. Tinha sido o último atacar e já levava 22 pontos concretizados. Com tantas possibilidades de ataque, o adversário Mrdak, optou por ajudar mais o central do que estar focado no nosso oposto. Na verdade, o jogador do Benfica tinha de estar concentrado no Robinho, no Garrett e ainda no Dennis. Tomou opções.

Como todos sabemos, a bola entra no Dennis que fecha o ponto e nos dá o título. Vejam como o Miguel Maia engana todos. Sim todos, inclusive o João Fidalgo fica sem saber onde se colocar para apoiar caso haja bloco. Espreitem o vídeo. Quando a bola entra no nosso oposto, o ajuste do bloco do Benfica é tardio pelo Mrdak e Zelão, permitindo que o Dennis usasse o bloco para conquistar o seu 23 ponto do jogo.

Isto, para mim, é fantástico de ver e admirar. O Maia fez esta análise em 1 segundo apenas! Ele tem este dom. Quando, injustamente, dizem que um homem não consegue fazer duas coisas ao mesmo tempo, temos aqui a prova que é mentira!!

Seniores Masculinos e Femininos.

Não tive oportunidade de ver nenhum dos jogos, por isso baseio-me nas estatísticas no ZeroZero para uma simples opinião.

Os masculinos foram a Viana passear voleibol, tendo vencido por 3-0 (25-11; 25-14; 25-11). Duas notas: (1) os centrais, Hélio e Brown, fizeram 19 pontos, quase um set inteiro de pontos, mostrando que fizemos muito jogo pelo centro da rede. (2) Vou reparando que o João Fidalgo começa a ter o reconhecimento merecido. Esta semana, vi que 4 páginas o destacaram, entre Facebook, Instagram e Twitter. Parabéns João.

A equipa feminina foi defrontar a AJM/FCPorto, principal candidata ao título. Acabamos por perder 3-1 (24-26; 25-18; 25-21; 25-20). Quando fui espreitar, ao mesmo site, a estatística, sorri. “Perdemos e tu sorris?”, sim! Reparei num jogo disputado e competitivo como mostram os parciais dos sets. Vejo também que não jogou a Ana Couto, a Daniela Loureiro e a Marluci. A Amanda iniciou no banco. Destas 4, todas são potenciais titulares como tem vindo a acontecer. Reparei também que a Kate fez 4 pontos e uma jogadora adversária, a Victória Pinto, fez 21 pontos.

Em resumo, com uma equipa muito desfalcada, com uma das nossas melhores pontuadores, a Kate, em dia “não”, conseguimos impor um ritmo de tal maneira forte e competitivo que a distribuidora adversária metia bolas sempre na mesma jogadora, variando pouco jogo e, claramente, a sentir-se pressionada. Incrível!

Ser casado com uma portista dá-nos conhecimento inúteis e um deles vou usá-lo agora como resumo do jogo: “Como não pôr no Porto uma esperança, se daqui houve nome Portugal?”. O poeta Pedro Homem de Melo escreveu isto para o FCPorto, mas este fim de semana, esta esperança é verde. Bem verde!

*às terças, o Adrien S. puxa a bola bem alto e prega-lhe uma sapatada para ponto directo (ou, se preferires, é a crónica semanal sobre o nosso Voleibol)