Foi uma noite que os Sportinguistas já mereciam. Na melhor exibição da época, jogou-se à bola, rugiu-se alto, disse-se presente na Europa, houve Max na baliza, houve Wendel de corpo e alma, houve Mathieu e tanto Acuña. Tudo isto sob a batuta dessa figura maior que enverga a braçadeira, Bruno Fernandes

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Não podia haver melhor forma de dar continuidade ao show off feito com a actualização contratual de Bruno Fernandes. Entre a cláusula de cinco milhões que deixou de haver e os não sei quantos mais milhões que o jogador vai ganhar, surgiu um enorme jogo do camisola 8: dois golos e duas assistências, numa partida onde o Sporting espetou quatro a um PSV onde não faltam belíssimos jogadores.

Silas deixou-se de experiências e regressou ao 4-3-3. Max foi para a baliza (que demores a recuperar, Renan), Ilori apareceu ao lado de Mathieu no lugar de Coates, Wendel regressou ao miolo. Com isso, Bruno Fernandes voltou a poder jogar solto, numa posição que não é oito nem é dez, mas onde pode fazer miséria, como se veria ao longo dos 90 minutos. Com isto sofre Vietto, muito menos interventivo ao ser desviado para a ala, mas a vida é feita de Bolasies e todos nós temos que carregar o nosso.

E o segredo para uma noite feliz, tão feliz como há muito não se sentia naquele estádio que é nosso mas onde nem sempre nos sentimos em casa, começou a desenhar-se na atitude. O Sporting quis ganhar desde o apito inicial, encostou ou holandeses lá atrás e foi capaz de fazê-lo sem ser sôfrego na pressão que, tantas e tantas vezes, deixa os quatro desgraçados da linha defensiva a apanhar com os adversários embalados que nem zundaps quitadas.

A equipa parecia tão consciente do que deveria fazer enquanto colectivo que até Doumbia conseguia aparecer 80% das vezes no sítio certo e, com isso, sobra espaço para os artistas. Neste caso, para um artistas maior, um jogador do cacete que é uma espécie de capitão sombra que teima em fazer-nos esquecer de dias negros. Ele avisou com uma bomba, depois fez um centro malabarista para o gesto técnico perfeitíssimo de Luiz Phellype.

1-0 aos 9 minutos e os laranjas demasiado espremidos para sonharem ser mecânicos. Viriam a conseguir algumas transições boas, é verdade, ali algures entre os 20 e os 35, quando Bruma, o burro, viu Max roubar-lhe uma e o remate desenquadrado esfumar-lhe outra, mas nessa altura já o marcador tinha voltado a mexer. Corriam 15 minutos, mais coisa menos coisa, quando Bruno Fernandes viu abrir-se uma autoestrada na zona central do meio campo adversário, deu um, dois, três passos, e toma lá para dentro um remate forte e colocado onde o redes nem com uma mãozinha de coçar as costas chegaria.

Depois o Bruno veria amarelo, estaria à beira de ver o segundo (até o Acuña condenou o disparate) e para voltar a recuperar o domínio da partida o Sporting começou a desviar mais a bola para as alas. Rosier ia dando nas vistas pela capacidade de apoiar o ataque, Doumbia falhava um golo incrível depois de uma ainda mais incrível tentativa de bicicleta de Bolasie e na sequência do canto, marcado por Bruno Fernandes, Mathieu surgiu de rompante para um golaço de primeira! E, digo-vos, se puderem recuperar esse lance vão ver a forma como a equipa festejou com o trintão.

Diga-se, aliás, que se não fosse Bruno Fernandes, Mathieu seria um dos candidatos a melhor em campo. O outro? O mal amado Acuña, dono e senhor da ala esquerda, a mesma por onde arrancou à Maradona, ultrapassando menos holandeses do que foram ultrapassados ingleses até ser derrubado dentro da área. Penalti claro, toma lá o 4-0, com Bruno Fernandes a aproveitar para enxovalhar o redes com um gesto técnico que merece ser revisto.

Com tudo isto já estamos na segunda parte e o jogo, este belíssimo jogo, corria à vontade do que o Sporting fazia. Se acelerava chegava à área holandesa com perigo, se controlava os rapazes do outro lado pouco ou nada faziam, exceptuando aquela bola, logo a abrir os segundos 45 minutos, onde Max fez a defesa de uma noite que só não foi perfeita porque se preferiu dar minutos ao Dj do que lançar Pedro Mendes e dizer que o futuro é por ali.

Ficha de jogo
Sporting-PSV, 4-0
5.ª jornada do grupo D da Liga Europa

Estádio José Alvalade, em Lisboa
Árbitro: Orel Grinfeld (Israel)

Sporting: Luís Maximiano; Rosier, Ilori, Mathieu (Luís Neto, 73′), Acuña; Doumbia, Wendel (Rafael Camacho, 80′), Bruno Fernandes; Vietto, Luiz Phellype (Jesé Rodríguez, 67′) e Bolasie
Suplentes não utilizados: Diogo Sousa, Borja, Eduardo e Pedro Mendes
Treinador: Jorge Silas

PSV: Unnerstall; Dumfries, Viergever, Baumgartl, Sadilek; Ihattaren, Rosario (Gakpo, 46′), Hendrix, Bruma (Pereiro, 46′); Malen e Bergwijn (Thomas, 79′)
Suplentes não utilizados: Zoet, Schwaab, Erick Gutiérrez e Mitroglou
Treinador: Mark Van Bommel

Golos: Luiz Phellype (9′), Bruno Fernandes (16′ e 64′, g.p.) e Mathieu (43′)
Ação disciplinar: cartão amarelo a Bruno Fernandes (22′), Rosario (32′), Bolasie (34′) e Tiago Ilori (84′)