Esta semana, temos connosco um grande campeão. O Luke Smith era um dos nossos craques mais importantes na época que fomos campões. Quem se lembra?

Quando o contactei para estar connosco na Tasca, esperava uma boa entrevista de voleibol, saiu-me uma grande entrevista de sportinguismo. O Luke Smith, para além de um grande jogador de voleibol, é um grande narrador. Neste tempo das pressas, do rápido e das competências digitais, para mim, ainda se continuam a destacar os grandes contadores de histórias. Com palavras simples, contou-nos uma grande história.

Quando queremos saber o que é o Sporting, não devemos só perguntar aos “nossos”, como ao Cherba, ao Tiago, à Cheila ou à Rossana. É importante saber quem por cá andou sem o mínimo interesse de se apaixonar por nós. Esses dar-nos-ão palavras e sentimentos que não conhecemos.

O Luke Smith, atrevo-me a dizer, ainda está apaixonado. Parece-me que somos, para sempre, um bonito amor distante. Um amor de Verão. Aquela viagem que fizemos há muitos anos e, de tão feliz que foi lá estar, nunca esqueceremos, mesmo que nunca seja possível regressar.

Curioso pensar o que terá um australiano, de 29 anos, jogador de voleibol profissional, filho de mãe Indonésia e pai Inglês terá para nos dizer sobre o Sporting Clube de Portugal. Acredito que nós, Sporting, somos muito mais do que os nossos olhos conseguem ver.

Connosco na Tasca, feliz, sorridente, apaixonado e agradecido, o campeão nacional de voleibol masculino da época 2017/2018 – Luke Smith!

1. Luke, por onde passa a tua vida neste momento?
Atualmente estou a jogar voleibol num clube em Frankfurt, Alemanha. Logo depois do Natal, regresso à seleção da Austrália para tentar ajudar à qualificação para os jogos Olímpicos de Tóquio 2020. (sorriso) A vida é bela, eu e minha família somos muito abençoados e seguimos a tentar melhorar enquanto pessoa e a desfrutar as coisas importantes na vida!

2. Como é que o Sporting te aparece na vida pela primeira vez?
Chegar ao Sporting Clube de Portugal foi, para mim, totalmente aleatório. Fui um substituto de última hora. Nunca tinha ouvido falar do clube em voleibol e o clube, provavelmente, nunca tinha ouvido falar de mim! Foi uma experiência nova e agradavelmente inesperada. Na verdade, eu ainda só tinha ouvido falar de grandes clubes de futebol, como o Sporting, na Premier League – mas no voleibol, organizações como esta não existem. Foi bom ter uma ideia do que é um grandíssimo clube desportivo, experimentar os adeptos e o apoio – estou muito agradecido por o Sporting Clube de Portugal ter criado essa equipa de voleibol em 2017.

3. Adaptaste-te bem a Portugal? Francesinha ou Bacalhau?
Como em qualquer outro país onde já joguei, há pontos positivos e negativos, embora eu possa dizer, com confiança, que Portugal foi, para mim e para a minha família, o nosso país favorito da carreira. A comida é incomparável! Respondendo, eu teria que escolher o Bacalhau em vez da Francesinha, um pouco pesada demais! Sinceramente, nada pode vencer uma boa Picanha e o Leitão! A minha boca está a babar enquanto escrevo isto.

4. Conta-nos a história que nunca mais esqueces, passada no Sporting
O ouro! O campeonato! Tu estavas no Pavilhão João Rocha para testemunhar a glória? Foi incrível, a atmosfera que os adeptos apaixonados criaram, a adrenalina, o suor e o espírito que os atletas colocaram no jogo. Será, para sempre, um dos destaques da minha carreira.

5. E um segredo?
O meu segredo chama-se Espinho. Era aqui que morávamos, uma cidade pequena e bonita à beira-mar. O nosso pequeno ninho, perto do Porto, parecia um segredo bem guardado!

6. Para quem nunca entrou no PJR, descreve-nos o barulho do PJR?
Quando João Rocha está cheio? A energia, o sentimento e o “bruá” da multidão estão por todo lado (o Luke utilizou a palavra “levitating”). Para perceberem, eu só experimentei um ambiente incrível como este, como jogador profissional de voleibol, duas vezes na minha carreira: Pavilhão João Rocha – Sporting x Benfica – e Campeonato Mundial da FIVB 2014 na Polónia – onde o voleibol é o desporto nacional.

7. Qual o jogador que mais te marcou quando jogaste no Sporting?
É impossível escolher um irmão favorito! Mas quem me fez sorrir mais teria que ser libero, o Professor Hugo Ribeiro.

8. Ficaste com alguma recordação do clube?
Eu mantenho, orgulhosamente, o meu equipamento de jogo branco do Sporting Clube de Portugal no meu armário, juntamente com a respetiva medalha de ouro, que coloquei pendurada na parede! No entanto, as coisas mais valiosas para mim são as fotos, vídeos e memórias desses momentos especiais.

9. Em Portugal, o Rui Veloso canta que “nunca voltes ao lugar onde já foste feliz”. E tu, voltavas?
Eu sempre atenderei um telefonema ou responderei a um e-mail do Sporting Clube de Portugal. Se fará sentido para minha carreira e para a minha família? É uma pergunta que só o tempo dirá. Certamente vou voltar a Portugal para férias, mas, quem sabe, outra medalha de ouro também seja possível um dia!

10. Uma mensagem a todos os Sportinguistas
A vossa paixão e apoio são incríveis. Continuem sendo uma família, uma comunidade que se apoia nos momentos difíceis e celebra juntos o melhor da vida.

Com amor e gratidão,
Luke Smith

Nota Adicional:
Tivemos um fim de semana triunfal. As meninas venceram o SC Braga por 3-0 (25-18; 25-12; 25-16) e os rapazes foram, brilhantemente, vencer os dois jogos aos Açores. No sábado 3-0 (20-25, 18-25, 22-25) ao Clube K e no domingo, numa prova de fogo, 3-0 (27-29, 22-25, 20-25) à AJ Fonte Bastardo. Fantástico!

*às terças, o Adrien S. puxa a bola bem alto e prega-lhe uma sapatada para ponto directo (ou, se preferires, é a crónica semanal sobre o nosso Voleibol)