O Sporting regressou à Áustria e congelou num inacreditável mix entre «Os rivais perderam alguns dos melhores jogadores e o Sporting reforçou-se» e «Há muitas pessoas que estão habituadas ao Sporting ser um circo, um produto televisivo de chacota, mas esse tempo acabou»

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A qualificação para os 16 avos de final já estava garantida e bastava ao Sporting um empate para garantir o primeiro lugar do Grupo D. Silas já havia dito, antes mesmo de ganhar ao PSV, que garantir o apuramento frente aos holandeses permitira gerir a equipa a pensar na visita aos Açores, para defrontar o Santa Clara (isto de estar a lutar pelo terceiro lugar dá a volta a cabeça a qualquer um).

Assim sendo, não foi estranha a revolução no 11, com os miúdos Rodrigo Fernandes e Pedro Mendes acompanhados por alguns dos reforços que encantaram o nosso director financeiro, mister Zenha Jr.

Silas pareceu ter aprendido com o banho de bola que levou em Alvalade destes mesmos austríacos e organizou bem a equipa. Não jogávamos a casca de um tremoço, é verdade, mas criávamos a teia que não os deixava jogar. Até que o Ilori, o Rosier, o Eduardo e mais dois rapazes que nem me lembro quem são fizeram uma roda a um dos centrais adversários e para evitar fazer penalti trataram de deixá-lo cabecear para dentro da baliza. 1-0, só para nos lembramos que estávamos no país do Salzburgo e do Rapid.

Na outra baliza, esse prodígio chamado Jesé Rodriguez viu o redes no chão, mas foi tão lento a rematar a bola que pedia empate que quando o fez acertou exactamente no redes que estava por terra. Não contente com o protagonismo do colega de posição, Renan mostrou ao mundo porque é que raramente sai de cima da linha e saltou de forma patética sobre o adversário que ia marcar golo. Pimba, vermelho directo e segundo golo na nossa baliza, a partir de então defendida por Max, a melhor coisinha que nos aconteceu nesta noite gelada.

Ora, Max entrou para o lugar de Rodrigo, com Silas assumir um meio campo com Eduardo e Miguel Luís e a manter o tal do Jesé em campo, com a curiosidade de Pedro Mendes aparecer quase como extremo esquerdo. Mas como estava um frio do caraças, o nosso treinador resolveu queimar duas substituições e ao intervalo deixou o flop espanhol no banho para meter Dumbia em campo.

Pedro Mendes, esse, continuava de olho no lado esquerdo e foi de lá que, em esforço, ganhou uma bola de carrinho e permitiu que Camacho se isolasse. Mas mesmo isolado, pessoal, tipo o redes no meio da baliza a perguntar-lhe porque lado queres ir? E ele foi pela esquerda, o seu pior pé, e acabou por fazer aquela figura que o Bruno Basto fazia, perdendo o controlo da bola e a noção de onde estava a linha de fundo. Espero que o Matheus Pereira não tenha visto isto.

O Plata viu, mas estava no banco e não entraria, porque viria de lá o Luís Phillype para o lugar do fantasmagórico Miguel Luís e, assim, o Pedro Mendes teve oportunidade de regressar à extrema esquerda e assistir de camarote à defesa da noite protagonizada pelo nosso Max, numa sequência de três ou quatro cantos seguidos contra nós.

E se acham que aquele 3-0, mesmo em cima do cair do pano, é uma vergonha, ouçam mas é o mister: «O PSV veio aqui, perdeu por 4-0 e não estava com menos um. Nós sabíamos que era um jogo difícil. Seria difícil de ganhar, independentemente da equipa que apresentássemos»

Tomem em embrulhem! Ou achavam que isto só acontecia contra o Viking ou contra o Skenderbeu? «Há muitas pessoas que estão habituadas ao Sporting ser um circo, um produto televisivo de chacota, mas esse tempo acabou»

Ficha de jogo
LASK-Sporting, 3-0
Fase de grupos da Liga Europa
Linzer Stadion, em Linz, na Áustria
Árbitro: William Collum (Escócia)

LASK: Schlager, Wiesinger, Trauner, Filipovic (Pogatetz, 88′), Ranftl, Holland, Michorl, Potzmann, Goiginger, Klauss (Raguz, 71′), Frieser (Tetteh, 64′)
Suplentes não utilizados: Gebauer, Renner, Wostry, Haudum
Treinador: Valérien Ismaël

Sporting: Renan, Rosier, Coates, Ilori, Borja, Rodrigo Fernandes (Maximiano, 37′), Miguel Luís (Luiz Phellype, 71′), Eduardo, Camacho, Pedro Mendes, Jesé (Doumbia, 45′)
Suplentes não utilizados: Acuña, Gonzalo Plata, Wendel, Bolasie
Treinador: Silas

Golos: Trauner (23′), Klauss (gp, 38′), Raguz (90+3′)
Ação disciplinar: cartão vermelho direto a Renan (35′)