Melhores 45 minutos da época feitos em inferioridade numérica, numa remontada com dedo do treinador e com dez homens em campo que valeram por vinte. Mesmo condicionado por uma arbitragem patética, o Sporting apurou-de para a final four da Taça da Liga, onde defenderá o título, e deu aos seus motivos para sorrir um bocadinho nesta quadra especial

festa portimao

Parecia que a depressão Elsa tinha ficado, só para nos infernizar. E apenas Max se mostrava com força para tentar resistir aos efeitos da dita, como se começou a ver logo aos cinco minutos, quando desviou para canto um remate de Jackson, voltando a fazer nova enorme intervenção dez minutos volvidos, a remate do mesmo protagonista, antes de ser batido, de penalti, na sequência de uma falta disparatada de Rafael Camacho.

Aos 15 minutos os Sporting estava a perder e via Braga por um canudo, antes de deitar as mãos à cabeça quando Bolasie, brilhantemente isolado por Bruno Fernandes, mostrou falta de classe e acertou na mancha do redes. As mãos passaram da cabeça para o rosto, quando lorde Mathieu tenta um corte e mete a bola na própria baliza, pese o esforço de Max para ir buscá-la. 2-0 à meia hora de jogo e de nada valia o fato do Rio Ave – Gil Vicente estar empatado a zero.

O Sporting tentou reagir aos erros nas transições defensivas e à lentidão nas transições ofensivas (juro que nas saídas de bola cheguei a ver o Custódio, depois de quatro meses na Jamaica, a rodar sobre si mesmo) e foi buscar esperança a uma belíssima combinação entre Bruno Fernandes e Vietto, com o argentino a inspirar-se nos saltos de CR7 para ir buscar uma bola de cabeça.

Mas João Pinheiro, árbitro de Braga, cidade que receberá a final four, resolveu complicar tudo para os Leões, mesmo em cima do intervalo: expulsão inacreditável de Bolasie, que nem toca no seu adversário quando roda para arrancar. Pinheirinho de Natal entrou em acção e mandou o extremo para o duche num momento tão impossível que nem Acuña conseguiu dizer-lhe que lá fora levava nos cornos.

No recomeço, Max. Defesa quase impossível do jovem redes leonino, quando os adeptos algarvios já festejavam o golo de Ayrton Boa Morte. E Coates. Sebastião foi por ali fora, enchendo-se de Maradona frente aos ingleses, e só descansou quando deixou Vietto na cara do redes, mas o camisola dez imitou Firmino na primeira jogada frente ao Flamengo (chupa, JJ!) e atirou por cima. Estava, no entanto, dado o mote.

Silas arriscou e tirou Ristovski e Doumbia para colocar Luiz Phellype e Gonzalo Plata. Camacho e Acuña faziam os corredores, passava a haver referência ofensiva, passava a haver explosão e imprevisibilidade, passava a haver Bruno Fernandes solto a partir mais de trás. E o nosso latagão preferido (é o meu, pelo menos), esse tal de Sebastião, apareceu lá na frente outra vez, agora na posição de pivot ofensivo, e fez com que a bola rodasse até à ponta direita onde Camacho se encheu de fé, deu-lhe uma, deu-lhe duas, deu-lhe três e quando o defesa tinha os rins feitos em fanicos espetou uma batata cruzada para um golaço!

Faltavam 15 minutinhos e a equipa parecia o Van Damme a levantar-se depois de ter estado mais de meio filme a levar porrada. Veio por ali fora, num contra ataque desenhado a régua e esquadro e começado no entretanto entrado Battaglia, até a bola chegar aos pés de Plata e se transformar em ouro. Festa do caraças, repetida pouco depois quando Luiz Phellype mandou uma bomba lá para dentro, o Gil Vicente marcou em Vila do Conde, o Folha foi dizer ao Pinheiro que estava combinado expulsar mais dois e o Carlos Carvalhal disse ao país que se ia embora porque ainda tinha pesadelos com os três penaltis a seu favor, em Alvalade.

A rebaldaria que é quando o Sporting ganha e se apurada para a final four da Taça da Liga, ainda por cima no Natal…

Uma bola aqui
Outra acolá
Luzinhas que tremem
Que lindo que está.

Olha o Pai Natal
De barbas branquinhas
Traz o saco cheio
De lindas prendinhas.

É Natal, é Natal
Tudo bate o pé
Vamos pôr o sapatinho
Lá na chaminé.

Ficha de jogo
Portimonense-Sporting, 2-4
3.ª jornada do grupo C da Taça da Liga
Estádio Municipal de Portimão
Árbitro: João Pinheiro (AF Braga)

Portimonense: Gonda; Anzai, Willyan, Júnior Tavares, Fernando (Bruno Tabata, 62′), Rodrigo; Dener (Iury Lírio, 88′), Pedro Sá, Lucas Fernandes; Aylton Boa Morte (Marlos Moreno, 78′) e Jackson Martínez
Suplentes não utilizados: Ricardo Ferreira, Jadson, Rômulo e Hackman
Treinador: António Folha

Sporting: Luís Maximiano; Ristovksi (Luiz Phellype, 67′), Coates, Mathieu, Acuña; Doumbia (Gonzalo Plata, 75′), Wendel (Battaglia, 83′), Bruno Fernandes; Rafael Camacho, Vietto e Bolasie
Suplentes não utilizados: Diogo Sousa, Tiago Ilori, Borja e Eduardo
Treinador: Jorge Silas

Golos: Jackson Martínez (16′), Mathieu (31′, p.b.), Vietto (37′), Rafael Camacho (77′), Gonzalo Plata (84′) e Luiz Phellype (90+5′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Bolasie (13′ e 45′), Rafael Camacho (15′), Jackson Martínez (45+2′), Fernando (58′), Bruno Tabata (74′) e Wyllian (85′); cartão vermelho por acumulação de Bolasie (45′)