O jornal O Jogo publicou uma interessante matéria sobre que gabinete de psicologia que trabalha com a nossa formação, até ao escalão de sub-23, dando aos jovens leões armas e mecanismos de defesa para gerirem as emoções: das expectativas à frustração ou ao sucesso

Entrar na mente para ajudar a potenciar o rendimento e a melhor forma de lidar com o sucesso e o fracasso. Este é o mote do departamento de psicologia do Sporting, criado em 2012, e que foca o seu trabalho na formação do clube, até aos sub-23. Atualmente com seis elementos, o departamento liderado por Miguel Sampaio – e supervisionado pelo diretor da Academia, Paulo Gomes, e pelo diretor de formação e liderança, Tomaz Morais – dá aos formandos leoninos as ferramentas necessárias para lidarem com expectativas, sucessos e fracassos, e ajuda-os a potenciarem o seu talento, sem nunca esquecerem a vertente humana e escolar. Uma espécie de complemento vitamínico para uma mente forte ao serviço dos sonhos dos jovens que passam pela formação do clube.

No apoio mais direto a Miguel Sampaio estão Aida Ramos (vertente pedagógica, com formações complementares, atividades lúdicas, de cariz social, interpessoal, valores) e Nádia Tavares (psicologia do desporto e coaching), trio que deu a conhecer a O JOGO o trabalho desenvolvido pelo departamento.

“É um desafio diário lidar com jovens multiculturais”, garante Miguel Sampaio, para início de conversa. “A psicologia é uma ferramenta importantíssima e estamos a quebrar tabus e mitos. Já são eles, os atletas, a procurar-nos. Agora, já todos percebem a importância da psicologia no desporto. É uma vitória. Fazemos intervenção coletiva e individual. Os treinadores também vêm ter connosco para discutir as ações deles na sua função e a ligação aos jogadores. Também damos formação aos treinadores”, ressalva, revelando a extensão do raio de ação do departamento, dando ainda crédito a outras figuras do clube no seu crescimento: “Tomaz Morais tem contribuído muito para a visão holística e integrada das várias áreas – física, técnica, nutrição e psicologia. E, no último ano, esta Direção mostrou-se mais sensível a aumentar o nosso número de elementos. No Sporting, temos atuado com um modelo centralizado nos jogadores, todas as áreas contribuem para que cheguem mais preparados à equipa principal, para o seu desenvolvimento global. O talento não lhes vai chegar se não souberem gerir estas emoções associadas.”

Os psicólogos dos leões sabem que “são poucos os jovens que possam viver do futebol para o resto da vida”. “É uma pirâmide e chegam poucos ao seu topo. Têm de ter outro plano. Mas são adolescentes muito focados em serem atletas de alta competição, não é muito fácil motivá-los para o estudo”, reconhece Miguel Sampaio.

“Dos trabalhos mais difíceis é gerir as expectativas, dificuldades, ansiedades e frustrações. A psicologia é, cada vez menos, vista como modelo de urgência. Temos modelos de intervenção. Antes faltavam às sessões, agora até já temos de marcar sessões extras. Há gestão do sucesso e do fracasso, foco no processo mais do que no resultado. Tentamos que desenvolvam defesas para traumas físicos, receio de fazer certos movimentos, que tenham autoconfiança e autoestima com a recuperação psicológica. Queremos que eles acreditem. Todos têm motivações diferentes, uns é ajudar a família, outros é deixar legado, outros querem fazer história”, explica Nádia Tavares, que vê as novas gerações cada vez mais predispostas para a intervenção regular. “O trabalho mental é muito importante”, acrescenta Aida Ramos.

“Fazemos grelhas de observação e analisamos comportamentos, em três momentos do ano para ter um gráfico completo. Depois faz-se o “follow up” para um jogador específico, para o coletivo. Com a escolha de virem para aqui é porque querem fazer sacrifícios por um objetivo. Fazemos o coaching para aprimorar as performances e potenciar resultados”, completa Nádia Tavares.

Orgulho em Max e o livre de Matigol
“Este departamento existe desde 2012, ano em que o Maximiano entrou na Academia, vindo de Viana do Castelo. É um exemplo, porque além do talento sempre foi altamente focado, a ouvir opiniões, a saber organizar os estudos. É um orgulho ter-se estreado na principal. Entrou na faculdade, em contabilidade no ISCAL, e congelou por causa da equipa principal”, afirma Miguel Sampaio. Já Aida Ramos salienta a sua preparação para o patamar que aos poucos vai alcançando: “Foi bom ouvir também as suas declarações”.

Outro caso que Miguel Sampaio recorda com orgulho é o de Matigol, internacional chileno que passou pelos leões de 2009 a 2012 e que, quando o departamento de psicologia foi criado, rapidamente o procurou: “Queria sempre melhorar e até fizemos técnicas de relaxamento. Queria melhorar nos livres e víamos vídeos, fazia-o visualizar mentalmente, de olhos fechados, e depois festejámos o golo ao Manchester City.”