Desperdício no ataque, erros na defesa. Uma equipa a tentar superar as suas limitações que ameaçam aumentar num mês que deveria servir para tentar corrigi-las. O remake de um filme tantas vezes visto pelos Sportinguistas, mas que ameaça transformar a propalada melhor época de sempre no maior pesadelo de que há memória

bruno dérbi

Sem Coates e sem Vietto, Silas lançou Ilori e Rafael Camacho. O primeiro chegou a parecer só ter trazido o Tiago, mas acabou ligado à derrota; o segundo foi a melhor surpresa da noite e o único motivo capaz de proporcionar um sorriso aos adeptos leoninos que, ainda se ajeitavam nas cadeiras e já viam a sua equipa estar à beira de sofrer um golo. Primeiro Vinícius, depois Pizzi, colocando Max à prova, numa primeira dúzia de minutos em que o Sporting parecia aceitar a superioridade encarnada e ainda a completava com várias perdas de bola no seu próprio meio campo.

Na primeira fez que se espreguiçou, o Leão teve a melhor oportunidade dos primeiros 45 minutos: bem colocado à direita para explorar o medianismo como Grimaldo defende por dentro e Ferro o tenta compensar, Rafael Camacho acelerou e disparou uma bomba que só parou no poste da baliza adversária! O momento trouxe a equipa para a frente, permitindo aos verde e brancos subir as linhas, agrupar-se a meio-campo e deixar o adversário e o jogo quase limitado aos corredores laterais, onde Camacho e Bolasie iam tentando voltar a aproveitar os buracos entre os laterais e os centrais adversários.

E o Sporting acabaria mesmo por introduzir o esférico na baliza, à passagem da meia hora, mas Luiz Phellype estava fora de jogo e matou uma bola que até poderia entrar por si mesma. Antes, Camacho tinha falhado, de cabeça, na cara de Vlachodimos, naqueles que foram os melhores minutos dos leões no primeiro tempo, mesmo tendo em conta que, aos 35 minutos, Doumbia tinha perdido seis bolas e ganho… zero posses. Pelo contrário, Julian Weigl tinha 100% de eficácia no passe e Gabriel tinha ganho praticamente todos os duelos com Bruno Fernandes, claramente a milhas do que pode render.

O jogo foi a zeros para o intervalo, num empate entre o domínio do benfica e o desperdício do Sporting, que tinha em Rafael Camacho e Tiago Ilori (!!!) os seus elementos em maior destaque. E no recomeço, depois de uma chuva de tochas que interrompeu o jogo, os Leões procuraram a mesma receita utilizada frente ao fcPorto: entrar a todo o gás, encostar o adversário lá atrás e meter a bola na baliza.

As oportunidades não foram tão flagrantes como na primeira parte, mas os Leões tiveram cerca de 20 minutos onde pareciam capazes de ganhar todos os duelos e obrigavam o adversário, que não conseguia sair a jogar, a errar várias vezes. Cantos de um lado, cantos do outro, a sensação de que era possível ganhar o jogo, mas com o tempo a passar e a dança das substituições a começar, chegaram os brindes.

Lage tinha colocado Rafa no lugar de Chiquinho e o avançado, a dez minutos do final, na sequência de um lançamento lateral, aproveitou uma atrapalhação patética à entrada da área e numa sequência de ressaltos atirou para o fundo da baliza do desamparado Max. Sem ter feito por isso ao longo dos segundos 45 minutos, os encarnados colocavam-se em vantagem e ficavam com o dérbi na mão.

Ainda vieram mais dez minutos de desconto, mas a equipa do Sporting tinha partido ao meio e nem com a presença de Pedro Mendes e a saída de Doumbia foi possível encontrar um fio condutor para as acções. O 0-2, novamente por Rafa, foi castigo pesado para o Sporting e para o próprio Ilori, por aquilo que tinha feito até então.

Ficha de jogo
Sporting-Benfica, 0-2
17.ª jornada da Primeira Liga

Estádio José Alvalade, em Lisboa
Árbitro: Hugo Miguel (AF Lisboa)

Sporting: Luís Maximiano, Ristovski, Tiago Ilori, Mathieu, Acuña, Doumbia (Pedro Mendes, 86′), Wendel, Bruno Fernandes, Rafael Camacho (Borja, 90+2′), Bolasie (Gonzalo Plata, 79′), Luiz Phellype
Suplentes não utilizados: Diogo Sousa, Luís Neto, Battaglia, Eduardo
Treinador: Silas

Benfica: Vlachodimos, André Almeida, Rúben Dias, Ferro, Grimaldo, Weigl, Gabriel, Pizzi, Cervi (Taarabt, 90+5′), Chiquinho (Rafa, 74′), Carlos Vinícius (Seferovic, 90+7′)
Suplentes não utilizados: Zlobin, Jardel, Tomás Tavares, Samaris
Treinador: Bruno Lage

Golos: Rafa (80′ e 90+9′)
Ação disciplinar: cartão amarelo a Gabriel (26′), a Acuña (30′), a Luiz Phellype (57′), a Chiquinho (58′), a Gonzalo Plata (90′), a Mathieu (90+3′), a Vlachodimos (90+9′)