Bolasie foi mal expulso? Foi. Mas utilizar esse momento para justificar uma partida patética e, pior, para justificar ter ficado sem objectivos em Janeiro é uma piada de muito mau gosto

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Pressão sufocante do Braga já levou o Sporting a perder 6 vezes a bola no seu primeiro terço, quando ainda só se jogaram 11 minutos

E por esta altura já estávamos a perder. 1-0, golo de um dos Horta, depois de mais uma perda de bola estúpida numa saída e depois de termos meia dúzia de jogadores a pressionar com os olhos. Começo à medida da equipa com que Silas, quiçá preparando-nos para a saída de Bruno Fernandes, atacou o jogo onde se disputava a continuidade na única prova interna onde o Sporting ainda tinha hipóteses.

Battaglia e Doumbia no meio campo, mais Wendel e Bruno Fernandes a fazer um papel que ninguém percebia se era extremo direito, segundo avançado ou joga em todo o lado. Pela esquerda aparecia Camacho e na frente estava Luiz Phellype rapaz que, dizem as estatísticas, não faz um remate à baliza desde que celebrámos a chegada de 2020. E nesta táctica surpresa, mais interessada em controlar o ímpeto inicial do Braga do que em pensar em ganhar, não havia quem se entendesse a defender e não havia quem conseguisse construir para atacar.

Por isso, durante quase vinte minutos, o Sporting não conseguiu tirar a bola do seu meio campo com jogadas de pé para pé. Por isso, durante os primeiros 45 minutos, o Sporting ofensivo resumiu-se a uma tentativa de longe de Bruno Fernandes, a uma bufa de Camacho depois de aproveitar um erro adversário e o golo de Mathieu, mesmo em cima do intervalo, aproveitando a distracção do adversário e uma marcação rápida de falta.

Ao intervalo, Silas lá deixou um dos dois tanques na lavagem e meteu Bolasie na frente do ataque, recuperando o desenho táctico que mais vezes tem utilizado. Battaglia quase marcava de cabeça e o Sporting surgia mais subido, embora os buracos nas zonas interiores do nosso meio campo continuassem a permitir a Galeno e companhia atormentarem a vida aos nossos defesas. E já que falamos em tormento, o que pensará Bolasie desta Taça da Liga onde depois de expulso ridiculamente em Portimão, viu vermelho directo por suposta entrada a matar sobre Sequeira? Lance para VAR, que ignorou o facto do extremo ter escorregado e considerou agressão. O Sporting avançava para os últimos 30 minutos reduzido a dez.

Silas apostou tudo nos penaltis, tirando Luiz Phellype e lançando Neto, guardando a última substituição para o momento psicológico, com entrada de Renan. Mas nessa espécie de treino que se iniciou, com uma equipa só a atacar (mal) e outra só a defender (muitas vezes às três pancadas) e sem conseguir sair mais do que duas ou três vezes em arrancadas de autor, o homem que se acreditava tudo poder decidir nos pontapés de grande penalidade nem chegou a entrar, pois em cima dos 90 o Braga chegou ao golo num claro erro de abordagem de Mathieu.

O francês pediu falta e acabou por ser o espelho de uma equipa em nível máximo de frustração e em total colapso anímico, atirando-se a Esgaio e provocando o chamado sururu onde não se sabe se quem vê cartões é quem aproveitou para molhar a sopa. Azeda e completamente fora de prazo, lá para as bandas de Alvalade.

Ficha de jogo
Sp. Braga-Sporting, 2-1
Final Four da Taça da Liga

Estádio Municipal de Braga, em Braga
Árbitro: Nuno Almeida (AF Algarve)

Sp. Braga: Matheus, Tormena, Raul Silva, Bruno Viana, Esgaio, João Novais (André Horta, 82′), Fransérgio, Sequeira (Rui Fonte, 77′), Galeno, Paulinho, Ricardo Horta (Trincão, 69′)
Suplentes não utilizados: Eduardo, Wilson Eduardo, Murilo, David Carmo
Treinador: Rúben Amorim

Sporting: Luís Maximiano, Ristovski, Coates, Mathieu, Acuña, Battaglia, Doumbia (Bolasie, 45′), Wendel, Bruno Fernandes, Rafael Camacho, Luiz Phellype (Luís Neto, 69′)
Suplentes não utilizados: Renan, Eduardo, Gonzalo Plata, Borja, Pedro Mendes
Treinador: Silas

Golos: Ricardo Horta (8′), Mathieu (44′), Paulinho (90′)
Ação disciplinar: cartão amarelo a Sequeira (17′), Esgaio (20′), Raúl Silva (44′), Coates (45′), Bruno Fernandes (56′), Paulinho (79′), Luís Maximiano (84′), Acuña (90+7′), Battaglia (90+7′), a Galeno (90+7′), a Ristovski (90+7′); cartão vermelho direto a Bolasie (61′), a Mathieu (90+3′), a Eduardo (90+7′)