Eis que numa semana já de si maravilhosa, com a eliminação da Taça da Liga aos pés de um colosso do futebol europeu e de mais um record para Varandas (pior assistência de sempre em jogos a contar para a liga, em Alvalade), cRoquette decide que é hora de limpar o pó ao esqueleto e aparecer para enaltecer o trabalho de Frederico Varandas e seus comparsas, sugerindo o remédio santo para todos os nossos males (às vezes o vinho do Esporão tem este efeito! Não se preocupem!!).

De entre as suas profícuas declarações gostava de destacar a seguinte frase proferida pelo acima mencionado CRoquette: “Penso que seria uma boa solução, mas vender a maioria do capital levanta questões que são transversais e que podem trazer alguma turbulência. Se realmente se pretende que o Sporting tenha uma perspetiva internacional e que, a esse nível, possa marcar o desporto de alguma forma, isso é praticamente inexorável”.

Mas quem nos garante que ao vender a SAD a um particular que consideramos ter e partilhar as nossas ambições, este não muda de opinião e decide desinvestir, sem que nada possamos fazer? Sem esquecer que a ideia que propagandeiam do “forte investimento igual a equipa forte” é uma falsidade. O control apertado do fairplay financeiro não permite um desfasamento de sequer 10 milhões de euros entre as vendas e compras.

A obstar estes simples detalhes, Roquette parece ter-se esquecido que é um dos principais responsáveis pelo início do desequilíbrio financeiro do clube, e pensa-se pelo que se vê, legitimado por hereditariedade a continuar a tirar proveito das receitas do mesmo. Para que não pensem que estou a incorrer numa falácia ad hominem, deixo aqui, para os mais esquecidos, um excerto de uma entrevista a João Rocha, no ido ano de 2006, in jornal “Record”:

“Jornal Record– Um projecto que encheu de esperança todos os sportinguistas…
João Rocha – O Projecto Roquette liquidou o Sporting. Ninguém soube o que era o projecto, porque ele não dizia. Sabia-se, apenas, que era uma dezena de sociedades, dirigentes e funcionários superiores a ganhar centenas de milhares de contos. O projecto foi reduzir os sócios de mais de 100 mil para pouco mais de 30 mil, foi acabar com as modalidades amadoras, foi vender património, foram dezenas e dezenas de milhões de contos de prejuízo que não aparecem nos resultados, porque parte deles foram executados pelo Sporting. No caso da SAD deram-se informações falsas aos associados e à própria CMVM para a entrada na bolsa.
Jornal Record – Como se explica isso?
João Rocha – O que lhe posso dizer é que era tudo tão bom que ele próprio, José Roquette, ia subscrever capital e a primeira coisa que fez quando saiu foi vender todas as acções da SAD que tinha comprado. Isto levou os sócios a perderem quase 14 Milhões de contos só na subscrição e nos resultados negativos.”

Esclarecidos? Sim? Então prossigamos!!

Na continuação do legado destes senhores que se servem do clube, em vez de servir o clube, em 2011 mergulhados em nova crise, procedemos à primeira emissão das VMOCs, dia esse que antecedeu o pedido de demissão do presidente à data, José Bettencourt. Ficou assim o SCP, obrigado a liquidar as VMOCs num valor de cerca de 50 milhões de euros, em 2026, ou caso contrário perde a maioria do capital da SAD.

Importa dizer que estamos a seis anos de um ano crítico para o clube, e que até votação em contrário, pelo menos três serão ao comando de senhores que acerca das VMOCs levaram treze meses para conseguir baixar uns míseros 5% relativos ao reembolso de dívida à banca. Treze meses que deveriam ser apenas 3 como prometido e divulgado. E sabem porque é que era relevante terem fechado este assunto no prazo estipulado? Precisamente porque toda e qualquer venda de jogadores efectuada até à formalização do acordo atual foi afectada em 50% para a banca e não em 35% como previsto no principio de acordo, ou 30% como previsto no acordo atual. Isto porque o principio de acordo assinado por Bruno de Carvalho só se sobrepõe ao acordo quadro assinado em 2014 a partir do momento em que é formalizado! Ou seja, durante os 13 meses utilizados numa negociação lenta e danosa para ganhar 5%, acabaram por se “perder” 15%.

A atual superestrutura liderada pelo tal guru das finanças, que aparentemente era apenas um desempregado imigrado em Espanha, já provou que toma decisões ao nível dos menos qualificados sobre as quais qualquer um de nós, analisa e pensa, “Conseguia fazer melhor!”. Quanto mais tempo prolongarmos e legitimarmos este tipo de gestão que já provou ser danosa e amadora, menos tempo terão os próximos para gerir os assuntos sensíveis como; compra das VMOCs, compra das ações à SCP-SGPS por parte da SAD, bem como a possibilidade do clube ser titular de 90% da SAD como pretendido pela direção distituída. A mudança urge e já peca por tardia!

Como disse Fernando Teixeira de Andrade “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e senão ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.”

ESTE POST É DA AUTORIA DE… Martim Geraldes
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