Estamos na fase decisiva da época para as nossas equipas. Esta semana será vital. E começou bem, ontem, no PJR, com o apuramento para os quartos de final das competições europeias (M), onde depois da brilhante vitória em casa adversária (0-3), recebemos o Kladno, da República Checha. 2-3 foi o resultado final, embora tenha ficado clara a ideia de que somos superiores e que acabámos por gerir a eliminatória. Ganhámos o primeiro set, fizemos o 2-1 e a partir daí estava passado mesmo que o adversário ganhasse os outros dois sets, como viria a acontecer.

«A passagem é excelente. Vamos aos quartos-de-finais, que era um dos objectivos. O jogo tinha uma armadilha e caímos nela. Queríamos ganhar o jogo, mas a equipa relaxou e também poupei alguns jogadores. É preciso pensar no resto da temporada. Tive de tirar alguns jogadores essenciais, mas a ideia era vencer o jogo e falámos durante a semana sobre isso. Ganhar dois sets não era suficiente, a vitória era importante. Por mais que a derrota não tenha o peso da eliminação, é uma derrota. A equipa tem de se habituar a ganhar sempre tudo o que puder», disse “seu” Gersinho no final, ficando agora à espera do desfecho do jogo entre os húngaros do Pénzügyőr Budapeste e os belgas do BDO Volley Haasrode, para saber quem defrontamos nos quartos-de-final (final de Fevereiro e início de Março).

Mas, dizia-vos, que esta é uma semana vital e existem mais dois motivos para tal: o sorteio da final 4 da taça de Portugal (M) e jogo decisivo contra o Porto Volei (F). Ui! Ui!

Para já, vamos passear por 3 palavras que tanto precisamos, nas nossas equipas, para esta reta final: Esperança (bocadinho de sorte), Superação (temos de estar perfeitos) e Futuro (porque se jogam os próximos anos nesta época). Por isso, vamos falar da BEATRIZ RODRIGUES. Vou ter de reformular, desculpem. Vamos, finalmente, falar da Beatriz Rodrigues. É verdade que vou escrevendo aqui e ali sobre a nossa jogadora, mas nunca me foquei exclusivamente num post. Hoje é o dia!

beatriz rodrigues

Porque é que crescemos? No último mês vi a Beatriz Rodrigues por duas vezes na SportingTV e esta pergunta colou-se imediatamente ao meu pensamento. Porque é que crescemos? Porque é que mudamos?

A Beatriz é uma sonhadora. Faz-me lembrar tanta vida passada e tanta gente. É sempre um prazer conhecer pessoas que sonham. Na verdade, os sonhadores têm tanto de conquistadores como de ilógicos. Eles têm objetivos de vida que não permitem que ninguém tenha um meio termo de opinião em relação a isso. Ou faz sentido ou é absurdo, depende de cada um que dê a opinião. Vou dar 3 exemplos em relação à nossa jogadora:

1. “Quero ir aos Olímpicos” – O que a Beatriz disse foi que gostava de fazer o que nunca foi feito pela nossa seleção nacional feminina de voleibol ou de praia feminino. Isto tem tanto de incrível como de assustador. Colocar um patamar destes revela que a Beatriz tem “aquela aptidão” para desejos impossíveis, ou difíceis vá. Let it be.

2. “Gostava de jogar mais na praia” – A nossa jogadora faz 80% do seu voleibol em pavilhão. Representa o nosso país ao mais alto nível em voleibol de pavilhão e está a tornar-se numa das mais promissoras distribuidoras portuguesas neste mesmo recinto. Na simplicidade de quem ainda quer fazer o que mais gosta, diz que a praia é a paixão que gostava de acarinhar mais. Eu acho bonito saber o que se quer e gosta.

3. “Tenho saudades de atacar” – Admito que soltei um sorriso quando ouvi. Como já disse, umas das jogadoras com mais potencial do nosso voleibol, que joga na posição de distribuidora, diz que tem é saudades de atacar. Mais engraçado que isto é a continuação da frase. “(…), mas eu sei o que quero e para atingir esse objetivo, eu tenho de passar.”. Há uns anos, o Michael Jordan, deixou a NBA e foi jogar basebol. Porque haveria o melhor do mundo deixar a modalidade onde é perfeito para ser um jogador mediano noutra? A resposta chama-se sonho, desejo, vontade e porque já era rico e com estatuto. Ainda a tempo de continuar a ser “o máior”, regressou ao basquetebol para fazer o que de melhor sabia. E que também gostava muito. Parece-me que a Beatriz sabe o que fazer.

Não conheço a Beatriz em nenhum contexto por isso não lhe conheço o carisma. No entanto, reparei que tem uma qualidade transversal a todas as pessoas honestas que atingiram um grande sucesso. Reconhecimento. A qualidade de reconhecer, nos outros, o bem que lhe fazem. Os traços de humildade estão patentes no reconhecimento. Os traços de amizade estão vincados no reconhecimento. Os traços de respeito estão cravados na palavra reconhecimento. Por duas vezes ouvi a Beatriz, por duas vezes falou nos seus pais. Gosto muito. Apesar de não terem sido palavras diretas, gostei de interpretar que o que mais gosta neles é de estarem. Eles estão. Parece-me que estão sempre. Pelo menos nos jogos já reparei tantas vezes neles. Sempre atentos. Sempre confiantes. Culturalmente é-nos (quase) imposto que gostemos dos pais. É assim e é bem que seja. Quando gostamos deles por desejo, a relação torna-se algo mágico e este é, sem dúvida, um bonito testemunho.

Como disse, há pessoas que nos são impostas por serem familiares. Outras são-nos trazidas pelos contextos onde estamos inseridos. No percurso de voleibol da Beatriz apareceu, como treinadora em 2009, a Daniela Loureiro. Atual capitã e libero da nossa equipa sénior feminina. Estando nós em 2020, estamos a falar numa relação de 11 anos. A Beatriz tem 19 anos. Concluímos, por isso, que cerca de 60% da vida da nossa jovem jogadora teve uma influência direta da Daniela. Obrigado Daniela, estás a fazer um belíssimo trabalho e a ser uma ótima influência.

Vou, agora, recuperar a pergunta da introdução. Porque é que crescemos? Ouvir a Beatriz ou escrever sobre a Beatriz faz-me lembrar muitos de nós aos 19 anos. Cheios de sonhos, projetos de vida, objetivos impossíveis. Por algum motivo, achamos que já não temos direito a sonhar. No outro dia, com amigos, conversávamos “se já nos sentimos adultos”. Que raio de conversa essa. A Beatriz responde a essa pergunta de uma forma fácil: Ela é sonhadora, mas realista, ambiciosa, mas responsável, criativa, mas trabalhadora, obstinada, mas humilde.

Termino dizendo o que todos já fomos sabendo. A nossa jogadora tem a qualidade dos campeões por ser do Sporting Clube de Portugal. Na verdade, isto bastaria para gostarmos dela. Se eu acrescentar que sabe a letra da música “o mundo sabe que”, tal como outras músicas, de cor, torna-se no modelo de atleta para o nosso clube.

Já agora, a Beatriz nasceu em 2001. Isso faz com que todos os que nasceram nos anos 80, e se achem, jovens tenham de repensar o seu estado. Pois.

Desejo à Beatriz um grande futuro, de preferência sempre ostentando na camisola as cores que lhe ficam tão bem. Se hoje é a jovem Beatriz, potencial craque e possível grande distribuidora, daqui a 10 anos que seja a craque Beatriz Rodrigues, capitã do Sporting Clube de Portugal, grande distribuidora da seleção nacional e primeira atleta do Sporting a receber uma medalha olímpica na modalidade de voleibol.

Este ano ainda há um 4º lugar para conquistar. Deixemos que o sonho também tome conta de nós!
Isto é o Sporting!
Força Sporting!

*às terças, o Adrien S. puxa a bola bem alto e prega-lhe uma sapatada para ponto directo (ou, se preferires, é a crónica semanal sobre o nosso Voleibol) –