O Sporting inscreveu uma equipa B na Liga e a mesma começará a competir na época 2021-2022. Ora, recuando ao tempo que se decidiu extinguir a equipa B, eu fui totalmente a favor. Porquê? Porque aquilo em que se tinha tornado a nossa equipa B era algo a roçar o ridículo, com jogadores vindos de não sem quantos cantos do mundo, sem qualidade sequer para uma equipa B e que ainda emperravam o desenvolvimento de alguns dos jogadores por nós formados.

Avançámos para os sub23 que, hoje, se percebe que pode ter enorme utilidade se utilizada como fase final da formação de jogadores que ainda são juniores. Ver um Matheus Nunes, um Rodrigo Fernandes ou um Bruno Paz a competir ali é algo que pouco sentido faz e que em meu entender, acaba por ser contraproducente de duas formas: pode levar a um deslumbramento por parte dos jogadores, dada a facilidade com que são melhores do que os outros; não representa um real desafio para este tipo de jogadores e não os coloca à prova com situações mais aproximadas das que vão experimentar se chamados à equipa principal.

Junte-se a tudo isto algo que já aconteceu este ano: ou levarmos com um Fernando da vida a jogar nos sub23, ou colocar um Miguel Luís ou um Jovane a ganhar ritmo neste escalão. O primeiro é o tal erro que se cometeu na equipa B, o segundo caso é, de todo, desmotivante, por muito que sejam ainda novos e gostem de jogar à bola.

Ficamos então perante um cenário em que o Sporting terá que ser capaz de criar condições para alimentar três equipas com idades muito próximas: juniores, sub23 e equipa B.

O caminho será, certamente, aquele que começou a traçar-se com os juvenis, este ano: grande parte do plantel é composto por miúdos que ainda deviam estar a jogar nos iniciados. E, sim, foi das poucas coisas acertadas que esta direcção fez até hoje. Correu mal, o Sporting não foi à fase de apuramento de campeão, mas acredito que, na próxima época, este miúdos cheguem ao campeonato nacional de juvenis com uma tarimba completamente diferente.

Neste momento, parece-me, a questão que se coloca é se temos uma estrutura de formação pronta a, no espaço de época e meia, ter o escalão abaixo a alimentar o escalão acima?

A resposta só na altura se saberá, sendo importante não perder de vista dois pormenores:
– o talento nem sempre precisa de “estágios”. Os que são realmente bons não precisam de sub23 nem de equipas B; sobem à A e mostram talento;
– a equipa B, além de ter custos que uma equipa de sub23 não tem, não pode, jamais, servir de entreposto de jogadores e de buffet de comissões. Um Rabia, um Wang, um Fernando têm que estar proibidos à partida

De resto, é esperar para ver.