Olha que rica notícia a que dá título ao post.

Há umas semanas, quando aqui na Tasca escrevia como tinha sido a semana, falei de jogos de bastidores que estavam a acontecer. Eu só os reparava online, mas eram evidentes. Vamos fazer um exercício de memória, indicando 9 pontos que caracterizam um cenário negativo desta época da seção:

1. Contratação do Miguel Pombeiro para diretor e saída em Setembro (?) sem nenhuma justificação;
2. Contratações muito abaixo do nível das duas últimas épocas (masculino);
3. Deficiente constituição do plantel onde faltam jogadores para ter uma equipa equilibrada. Se acham que é aberrante no futebol só termos um ponta de lança, no voleibol ter apenas 3 jogadores de zona 4 também o é (masculino);
4. Falta de divulgação ao voleibol traduzido nas fracas assistências no PJR (masculino e feminino);
5. Não entendimento do potencial do voleibol em Portugal (feminino);
6. Redução drástica do orçamento da seção e ineficiência nas contratações;
7. Problemas com pagamentos de pavilhão para a formação;
8. Empurrão, para fora do PJR, da equipa feminina. Foram muitos os jogos fora da sua casa, sendo o mais grave o jogo apuramento para a final 4 da taça de Portugal;

(mais especulativo)

9. Vontade em tirar os veteranos do Sporting pelo custo que representam (Dennis e Maia)

Há pontos positivos? Também digo alguns. Contratação do Gersinho; continuidade do Rui Pedro Costa; boa constituição do plantel feminino; Thiago Sens e Gil Meireles como muito bons reforços; boa campanha europeia da equipa masculina; Fernanda Silva, Bruninha e Ana Couto como bons reforços; boa campanha da equipa masculina no campeonato nacional, mas longe de uma competitividade para o SL Benfica; grande trabalho da equipa feminina em 2020.

Entretanto, a Federação Portuguesa de Voleibol tomou uma decisão importante quanto aos campeonatos. Suspensão de todos até à data de 31.08.2020. Para mim é estranho tomar uma decisão destas no contexto que vivemos:
(1) Incerteza quanto ao futuro na saúde;
(2) Sem uma solução apresentada a partir de 31 de agosto, sendo quase um empurrar com a barriga e depois se vê;
(3) Sem nenhuma referência específica à questão dos jogadores estrangeiros a jogar em Portugal que terminam os seus vínculos no final de maio. Relembro que são muitos deles a dar competitividade ao nosso campeonato;
(4) Não creio que os clubes tenham sido consultados.

Numa etapa que, enquanto sociedade, estamos no pior que cada um já viveu, parece-me precipitado tomar já uma decisão. A pressa é inimiga da perfeição, mas amiga da precipitação. Estamos em tempos de esperar, acalmar, sossegar porque não existem respostas para a grande pergunta do momento: Quando é que isto normaliza?

Depois deste cenário apresentado, o que faz o Sporting Clube de Portugal?
De manhã começa o dia e nós fomos brindados com a notícia de que o nosso clube pondera terminar com a seção. É evidente que é uma notícia plantada e, ao jeito do que esta direção gosta, para tomar o pulso aos adeptos. Claro que uma decisão destas não se toma de um dia para o outro. Ao contrário do que acontece para o lado positivo, o responsável das nossas modalidades Miguel Albuquerque, quando são decisões deste género é tudo feito com tempo e ponderamente.

Então, como se faz? (1) Começa-se por redução de orçamentos que se traduz em competitividade. (2) Pouca comunicação leva a poucas assistências e percepção de menos interesse. (3) Plantar nas redes sociais opiniões sobre jogadores para mostrar que já não servem. (4) Criar um orçamento muito acima de 90% da liga mas abaixo do rival, mostrou que somos muito melhor que todos mas sempre piores que o SL Benfica. Não é difícil somar 1 + 1. Portanto, é relativamente fácil querer passar a mensagem (manipular) que será melhor não ter voleibol do que ter.

Na verdade, até percebo. É chato e aborrecido fazer gestão desportiva porque implica trabalho comercial, comunicacional, e (valha-nos deus o que cansa), andar a fazer orçamentos e contratar jogadores. Enquanto foi o Miguel Maia a tratar de tudo, como foi evidente no primeiro ano, é fácil ter uma modalidade. Quando somos “nós” a ter de trabalhar, já é mais chato para o responsável pelas modalidades. Apesar de muitos criticarem o Miguel Afonso, a minha opinião é que não é por ali que a corda parte. Aliás, acho que pode até ser quem mais trabalha no caos que é a gestão das modalidades do Sporting. Basta olhar e perceber que está. Quando alguém está muitas vezes presente, dificilmente não é uma solução. É só a minha opinião, claro.

Em resumo, o que eu acho é isto:

Para o ano teremos, evidentemente, voleibol. Ainda não está tudo preparado para acabar com o voleibol no Sporting, mas já esteve mais longe. Para a época de 2020/2021 vamos ter um orçamento menor, uma equipa menos competitiva, logo mais derrotas na equipa masculina. Ainda há jogadores com contratos, mas não vamos renovar com o Dennis ou com o Miguel Maia por serem jogadores caros, sendo este momento perfeito para essa decisão. Desportivamente, isto pode ser colmatado, em termos de identificação dos adeptos com a equipa traz danos irreparáveis. São ambos jogadores emblemáticos!

Na equipa feminina, admito uma continuidade do projeto nos mesmo termos em 2019/2020 porque são orçamentos mais baixos e exequíveis sem grande impacto orçamental.

Com a continuidade do Miguel Albuquerque na liderança das modalidades e com Frederico Varandas como presidente, será difícil ter voleibol em 2021/2022. Digo ainda que é uma vergonha aproveitar um momento destes para plantar notícias. Estamos no meio de uma crise mundial nunca vivida por nenhum de nós. A saúde está em risco e onde muitos (como eu) estão a perceber que os seus trabalham vão deixar de existir. Isto é sério e grave por isso pede-se carácter, integridade, respeito, bom senso, liderança, ética.

E atentos tasqueiros, a seguir vai ser o hóquei! Andam com tanta sede de acabar com o Paulo Freitas. Um grande homem e treinador que não merece a campanha que lhe estão a fazer. Gosto muito dele!

P.S. – Cherba, se o voleibol acabar estou despedido?

*às terças, o Adrien S. puxa a bola bem alto e prega-lhe uma sapatada para ponto directo (ou, se preferires, é a crónica semanal sobre o nosso Voleibol) –