No dia 4 de Abril de 1937 o SCP recebia o FCP, na Estância de Madeira, instalações no Campo Grande 412, que ficaram popularmente conhecidas que foram a casa do Sporting durante mais de 20 anos.

Jogo a contar para a 10ª jornada da I Liga, numa altura em que a competição não estava a correr bem a nenhuma das equipas, principalmente aos portistas que tinham acabado de perder por 3-0 em Setúbal. Na mesma linha, o Sporting também vinha duma derrota em casa, com o Belenenses, que na altura discutia o 1º lugar com o Benfica. Apesar disso vários factores apimentavam este confronto que já era um clássico, o principal dos quais era a presença de Joseph Szabo no banco dos Leões, ele que tinha acabado de ser contratado pelo Presidente Joaquim Oliveira Duarte, em jogada de antecipação ao FC Porto que se preparava para recuperar o treinador húngaro, que havia feito história naquele Clube.

Além disso, havia contas a ajustar depois dos dolorosos 10-1 da temporada anterior, jogo que ficou marcado por um lance ocorrido aos 30 minutos da 1ª parte, quando o FC Porto ganhava por 2-1. Pinga lançou Santos que se isolava, mas uma saída destemida do guarda-redes Dyson, apesar de evitar o golo, deixou-o sem sentidos, acabando por sair de maca a caminho do hospital. Na altura não eram permitidas substituições e assim Carneiro foi para a baliza, onde sofreu 4 golos em apenas 9 minutos, ficando o Sporting a jogar até final com menos um.

Mas o que ninguém esperava era que esse acerto fosse feito tão rapidamente e da forma fantástica que foi, por uma equipa que alinhou com Azevedo; Jurado e Galvão; Manecas, Rui Araújo e Paciência; Mourão, Pireza, Soeiro, Heitor e João Cruz.

Quando João Cruz inaugurou o marcador aos 33 minutos nada fazia prever a goleada que se avizinhava, mas a cinco minutos do intervalo Soeiro fez o 2-0 e três minutos depois João Cruz bisou fixando em 3-0 o resultado da 1ª parte.

A 2ª parte começou com um golo para cada lado, primeiro foi Pireza a fazer o 4-0 para no minuto seguinte Pinga reduzir, reacendendo as esperanças dos portistas que Pireza, João Cruz e Soeiro se encarregariam de apagar rapidamente com três golos de rajada fixando o resultado num já saboroso 7-1 quando ainda faltavam cerca de 30 minutos para o fim do jogo.

A vingança estava ali mesmo à mão de semear e os Leões pareciam decididos a devolverem a goleada da época anterior, mas de repente a fonte parecia ter secado e foi preciso esperar pelos últimos cinco minutos do jogo para que Soeiro fixasse o resultado final tornando-se no primeiro jogador a marcar 4 golos num clássico. No fim ainda ficou a faltar um golo para arredondar o resultado e acertar bem as contas mas os sportinguistas sempre podiam dizer que naquele dia tinham sido onze contra onze até ao apito final.