Corria o ano de 1938 e, em Espanha, o putativo novo regime quase vitorioso de Franco, ainda em guerra com a república, ansiava pelo reconhecimento internacional. O Estado Novo português deu uma ajuda, organizando um jogo entre as seleções dos dois países no lendário campo das Salésias, a casa do Belenenses.

Além dos mais altos dignatários de ambos os países envolvidos, também marcaram presença delegados da Alemanha nazi e da Itália fascista. Do jogo, propriamente dito, ficou para a história a vitoria por um a zero de Portugal, não reconhecida ainda hoje pela FIFA, porque a seleção espanhola não representava efetivamente um país ainda em guerra.

Mas o alinhamento português era inequívoco, pelo que os jogadores de ambas as seleções tinham de fazer a saudação romana, de braço estendido, em sinal de apoio aos respetivos regimes. Mas nem todos o fizeram.

Quatro atletas da seleção nacional (três do Belenenses e um do Sporting) recusaram fazê-lo e um deles chamava-se Artur Quaresma. Era tio-avô do Ricardo, o cigano campeão da Europa. Como o próprio explicou ao Record, já no final da vida: “Nunca fui político, mas embirrava com aquelas coisas do fascismo. O Barreiro era foco de opositores ao regime e eu era amigo de muitos. Fiz aquilo sem premeditação, foi um acto natural”.