O desinvestimento nas modalidades é real e a pandemia tem sido o bode expiatório para a atual direção justificar aquilo que há muito já tinha planeado.

Num ápice, recordo-me que o ciclismo já foi extinto; o atletismo, o ténis de mesa e o voleibol já na época transata sofreram um corte drástico no orçamento; o eSports em que o Sporting foi pioneiro em Portugal está também ele a perder gás… e para esta época, ao que parece, teremos o voleibol (novamente) e o andebol como as modalidades mais atingidas.

A ‘cama’ já lhe tinha sido feita através do media partner oficial – Record e hoje a sua saída foi dada como consumada, Thierry Anti já não é treinador do Sporting. Diria mesmo que “Questões do foro familiar” foi a justificação encontrada para substituir “Pandemia Covid-19” que por sinal era já uma fuga à verdadeira justificação “Incompetência da atual Direção”.

Até prova do contrário, nada me convence que muito daquilo que prometeram a Anti na altura da assinatura do contrato e que de certa forma o convenceu a vir, não passou literalmente do papel. A falta de um planeamento para o andebol e a inexistência de uma visão que pense além do imediato foram criando um desgaste notório em Anti. Quem não se recorda do seu desânimo ao microfone da Sporting TV a suplicar por medidas/contratações para o andebol?

Mais. Os grandes clubes europeus contratam e planeiam a época desta modalidade com 1 e até mesmo 2 anos de antecedência. O Sporting? O Sporting a 06/02/2020 vincava em comunicado que “o projecto assumido entre ambas as partes, em Agosto de 2019, pretendia tal como o próprio contrato indica, um ciclo de duas épocas que será cumprido”. O responsável da secção José Guimarães afirmava a 07/05/2020 estar a “tratar do plantel da próxima temporada com Thierry Anti”.

Ao Mister Anti, uma palavra de agradecimento. É certo que a equipa nunca chegou a atingir o patamar que muitos de nós augurávamos no início da época, mas a imagem deixada é sem dúvida muito positiva. Fica a sensação de que se lhe tivessem dado as condições por ele pedidas e se não o tivessem empurrado para fora do clube, Anti e o Sporting seriam muito bem sucedidos.

Nos bastidores falava-se que Rui Silva seria aposta para treinador da equipa principal na época 2021/2022. Os dois anos como adjunto de Anti, o facto de ter trabalhado com Obradovic no Porto e o meritório trabalho realizado enquanto treinador principal do Maia/ISMAI faziam dele o sucessor do francês. Resta saber se tendo em conta a saída prematura de Anti, a intenção dos atuais dirigentes se mantém.

Apesar de não ser do meu agrado, Carlos Resende está neste momento sem clube e poderá ser uma opção a ter em conta. Paulo Fidalgo, técnico que na última época esteve ao serviço do Madeira SAD e ainda como treinador adjunto no Europeu, pode ser uma opção low cost a ter em consideração.
Outra possibilidade será a chegada de um novo treinador estrangeiro ainda que sem o currículo e a experiência de Anti.

Independentemente do treinador, o Sporting precisa de reforçar a sua equipa. Como se costuma dizer ‘não se fazem omeletes sem ovos’ e se queremos sequer aspirar à luta pelo título teremos que fazer uma mini-revolução no plantel e contratar jogadores que indubitavelmente acrescentem qualidade ao plantel. Um tema a explorar num próximo post.

A juntar a todas as incertezas, vemos um Porto a mexer-se de uma maneira altamente competente (o Prof. Magalhães não brinca em serviço) e que, até este momento conta apenas com saídas cirúrgicas e que há muito já eram tidas como certas. Do outro lado da 2ª circular parece haver um aumento do investimento na modalidade. O espanhol Chema já foi confirmado como novo treinador e os reforços apontados demonstram uma subida na qualidade do plantel.

Como não poderia deixar de ser, uma palavra para um dos que nos últimos anos mais gostei de ver jogar com a verde e branca: OBRIGADO Nikcevic! Obrigado pelo profissionalismo, pelo teu caráter, e por todas as alegrias que deste aos sportinguistas! Não sei se a carreira como jogador irá continuar mas a par de Ruesga, Nikcevic é daqueles atletas que para mim entrariam diretamente para a estrutura da secção.

Dois recortes da entrevista que o Tasqueiro-Mor publicou ontem e que demonstram aquilo que um adepto sportinguista quer ver em todos aqueles que representam o nosso clube: “Nada do que tu consegues a nível individual se compara a um sucesso coletivo. O teu repto individual pode ser muito bom, mas se o grupo não estiver bem, o resto pouco conta. Sou assim como desportista, sou assim como pessoa.”

“Ser treinador de andebol pode ser um caminho, porque é a minha vida. Se queres ser profissional e fazer as coisas bem, tens de te dedicar 24 horas por dia e não apenas duas. (…)O que eu aprendi e me deixou o andebol, os valores que tenho, como solucionar os problemas, acredito que devo a este trabalho e por isso sinto-me no dever de retribuir a esta modalidade.”

*às quintas, o Ventus109 dispara uma rabanada dos sete metros que arrasta todas as novidades sobre o nosso Andebol