O Sporting voltou com Quaresma, Camacho, Matheus Nunes e Jovane no onze, mas, ao contrário do que Amorim havia dito, os Leões estão longe de ser uma equipa com a cabeça limpa. Entre a adaptação ao modelo táctico e os fantasmas que impediram o assalto à área adversária, fico a certeza de uma longa estrada a percorrer. O que vale é que estamos na pré-época

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Faltam cerca de 60 segundos para o jogo terminar e o Sporting tem a posse de bola no meio-campo adversário. E ela roda. Para a direita, para a esquerda, um bocadinho para a frente, um bocadinho para trás, com os jogadores a respeitarem ao milímetro o novo desenho táctico. O jogo está empatado, o Guimarães defende com dez, é a última oportunidade da partida, mas a bola não é metida na área onde Sporar continua sem companhia. E o jogo termina.

Foi tão exasperante para vocês como foi para mim? Perfeito, estamos em sintonia, mostra que continuamos a sentir e a irritar-nos com o Sporting e que temos muito pouca paciência para esta teoria de que temos mais posse de bola e controlamos o jogo.

Claro que temos que ver este jogo à luz de ter sido a primeira partida da pré-época 20-21 e, aí, os indicadores são incríveis! Eduardo Quaresma tem tudo para vir a ser craque no centro da defesa e no primeiro jogo com os crescidos foi várias vezes a referência para saída de bola; Camacho foi uma agradável surpresa a jogar na posição onde fazia birra para não jogar; Jovane Cabral fez um jogo em crescendo e foi o homem que abanou a partida, só pecando naquele doloroso falhanço de cabeça quando estava totalmente isolado na pequena área; Sporar, que leva cinco golos nos últimos seis jogos, é ponta de lança em cada movimento que faz, mesmo quando falha remates de primeira ou demora demasiado tempo a disparar.

Todos sabemos que Max não vai demorar a matar o vírus que afectou os redes nesta primeira ronda de jogos para ganhar ritmo, que Matheus Nunes vai sacudir o peso da camisola e que Plata é menino para partir tudo, portanto… portanto, agora imaginemos que esta pré-época permite perceber que é um atentado futebolístico despachar Bruno Paz por três ou quatro milhões para ficar com Battaglia, que Daniel Bragança nos livra finalmente de Doumbia, que Francisco Geraldes tem uma oportunidade e que o enorme Zenha engana novamente os ingleses e recupera Matheus Pereira deixando-lhes Vietto. Ah, e que Amorim trabalha um segundo desenho táctico, permitindo que Pedro Mendes possa jogar, nem que seja quando o adversário fica reduzido a dez aos 76 minutos e precisamos de mais gente para ganhar bolas na área.

Junte-se a tudo isto o facto do jogo de ontem ter mostrado que o Sporting é o clube com melhor % de passe na Liga Portuguesa, com 85%, e temos motivos mais do que suficientes para sorrir. Importa lá que a última vez que conquistámos duas vitórias consecutivas na Liga tenha sido em dezembro do ano passado ou que não saibamos ganhar um jogo fora e casa (ok, ok, foi nos terrenos de Famalicão, Rio Ave, Braga e Vitória SC). Não há pressa, como não houve ao longo de 90 minutos, muito menos no último deles. E mesmo que o Braga ganhe hoje e comecemos a ver os arsenalistas por um canudo, os indicadores positivos estão todos lá. Não se preocupem. Nem tenham pressa.