Seguindo um dos temas da semana passada, hoje está em conversas mais uma vez o teto salarial imposto em Portugal.

Eu sei, já mandei vir muito com a situação – e assim continuarei devido à desigualdade presente na medida – mas hoje escrevo outra vez sobre isto pois antes das onze da manhã, no dia 18 de junho de 2020, apareceu um movimento no Instagram que não se pode ignorar.

Poderá muito bem ser a primeira vez que todas as jogadoras do futebol feminino português se unem para protestar as medidas da FPF, especialmente quando nos últimos anos (e ainda hoje) existe quase que um louvor à federação pelo seu esforço com esta secção do futebol.

Jogadoras do Sporting, Braga, Benfica, Clube Futebol Benfica, Famalicão… Enfim, um movimento que abrange todas as jogadoras do futebol feminino, tanto profissionais como amadoras, seniores como formação e que hoje começou em andamento. Acho que se estava à espera de um silêncio comum, talvez um comentário aqui e acolá tal como o artigo de opinião de Edite Fernandes, atual jogadora do CF Benfica e ex-seleção, para “A Bola” onde menciona que o atual formato de séries a lembra de quando era profissional há uns anos e fizeram o mesmo, o que acabou por ser uma péssima medida.

Durante o último ano ouviu-se notícias do campeonato vizinho, onde as jogadoras da Liga Iberdrola, 1º divisão feminina espanhola, fizeram greve e não apareceram aos jogos até que fosse realizado um novo acordo entre a federação espanhola e a associação das jogadoras, devido às desigualdades de tratamento e falta de acordos a nível de salário. Não digo que em Portugal façam o mesmo, apesar de se ter demonstrado uma técnica eficaz, mas com um movimento unido tanto das jogadoras amadoras como principalmente das jogadoras profissionais e da seleção com mais poderio a nível de chamada de atenção, penso ser difícil a FPF manter os olhos fechados com o “elefante na sala” enorme.

E se assim quiserem proceder, ficarei à espera de uma nova ação das jogadoras, e se possível dos clubes (tal como o AD Pastéis), e que não se deixem ficar por um movimento nas redes sociais e o passem à vida real tanto para esta situação como para futuras. Por agora, sabemos uma coisa: não agiram desorganizadas ou cada uma para o seu lado com o seu comunicado. Agiram sem rivalidades, com o mesmo objetivo e com uma mensagem bastante clara: Futebol sem género, futebol feminino sem teto salarial!

(Já agora, como uma última nota, fico à espera pelas capas dos jornais desportivos amanhã, os mesmo jornais que não noticiam finais de taças femininas, jogos de qualificação da seleção ou os vencedores do campeonato a não ser que não tenha existido nada no dia anterior, e mesmo assim às vezes arranjam outra coisa qualquer…)

futebolsemgenero

* às quintas, o Alex deita mãos à tarefa de dizer ao mundo que o futuro do Sporting e do futebol também passa pelo futebol feminino