Nasci a amar-te incondicionalmente…
Cada vez que via os jogos do futebol masculino, ia dormir a sonhar como seria se um dia eu pudesse vestir o manto sagrado e representasse o Sporting Clube de Portugal! Até que um dia acordo e percebo que esse sonho era real, ia jogar pelo clube do meu coração.

Nunca te pedi nada e nunca me deste nada de mão beijada, eu tive que lutar pelos meus sonhos e mostrar que merecia vestir a listada verde e branca.
Assim foi… no teu primeiro ano de futsal feminino, lá estava eu a representar as juniores e as seniores, com o privilégio e honra de ser capitã das mais novas, a jogar o primeiro derby da modalidade no feminino, a ser campeã pela equipa senior e, consequentemente, subir de divisão…
Foi o concretizar do sonho de uma sócia e adepta que sempre te acompanhou.

O nosso percurso lado a lado teve uma pausa. No entanto, deixei a promessa a ti e à minha família de que voltaria para estrear o tão esperado Pavilhão João Rocha!
Felizmente, o destino rapidamente fez questão de nos juntar de novo e deu-me a honra e o prazer de cumprir com a minha promessa. De leão ao peito, de braçadeira colocada… estava de volta e a estrear o nosso covil.
Abençoado destino… novamente a fazer de mim a atleta mais feliz do mundo!

Voltei a casa, voltei ao Sporting Clube de Portugal.
Não cabia em mim maior felicidade, foi um momento inesquecível, uma sensação inexplicável… Estava de volta para jogar ao lado de atletas que para mim eram, e serão sempre, um exemplo!
Foram 3 anos, após o meu regresso… 3 anos a capitanear grupos incríveis e pessoas maravilhosas. Algumas das quais, gostaria de ter tido o privilégio de partilhar o balneário mais tempo do que foi possível.

Naturalmente que nem todos os momentos foram de alegria, mas todas as famílias têm os seus problemas e o importante é aprender a resolver as questões dentro de casa. Ao longo dos anos, muitas mudanças surgiram… umas benéficas, outras nem tanto… mas lá estava eu, a assumir o risco e a dar a cara, a alma e muitas vezes a saúde por ti, como sempre fiz!

Infelizmente, neste período após o meu regresso, não consegui conquistar nenhum título para o teu Museu… mas tenho a certeza que, ao longo destes 3 anos ajudei-te a crescer e sempre exigi que te tratassem como um grande, tão grande como os maiores da Europa, juntamente com algumas das minhas colegas… e talvez esse seja, se o aproveitares da melhor forma, o título mais importante que te podíamos dar, Sporting CP.

Fiz o meu dever enquanto capitã e atleta. Saio de lágrimas no coração, mas de consciência limpa e confiante de que tomei a decisão certa.
Saio com tristeza porque fiz tudo o que estava ao meu alcance para te ajudar. Fiz o que podia e o que não podia… o que me permitiram e o que não me permitiram… criei guerras e lutas, tudo para que continuasses fiel aos valores e princípios que te caracterizam, esses que sempre me foram transmitidos ao longo dos anos e esses que não tens conseguido manter no futsal feminino.
Fiz tudo o que era possível para que, em sintonia, tomássemos o rumo certo e crescêssemos juntos em busca dos nossos objectivos.

Resta-me agradecer-te por me teres acolhido por largos anos, por me teres dado pessoas que levo para a vida, por me teres feito crescer e aprender a lidar com as mais diversas personalidades e por me teres dado a honra de te representar.
Agora continuarei a ser mais uma sócia e adepta, até porque o que utilizei não foram camisolas… era a minha pele!
Obrigada, Sporting Clube de Portugal… foi amor e será sempre!