Normalmente a 3º parte de uma trilogia não costuma ser grande coisa mas pelo menos esta chega com boas notícias e o final desejado da história do teto salarial.

ADEUS medida discriminatória para com o futebol feminino português. OLÁ uma liga menos restritiva para a entrada de talento estrangeiro ou até mesmo a subida das nossas jovens jogadoras que não teriam espaço no teto salarial para se tornarem profissionais em Portugal, visto que já estaria tudo repartido pelas jogadoras de renome na equipa principal.

O desporto português em geral está infestado de desigualdades competitivas e de salários, não acontece apenas na Liga BPI. Não era legítimo dizer que seria essa a principal causa da proposta quando o resto iria permanecer inalterado. E é triste saber que foi necessário um movimento de centenas de jogadoras não só da nossa liga mas também jogadoras internacionais, como por exemplo: María León (Barcelona, Espanha), Shannon Woeller (Canadá) e Elena Linari (Atlético de Madrid, Itália) que partilharam o post nas suas redes sociais.

Vimos o Presidente do Sindicato dos Jogadores a defender a medida imposta pela Federação Portuguesa de Futebol e agora lemos que a FPF e o Sindicato chegaram a um acordo para retirar o limite salarial e que irão procurar “novas ideias” para diminuir a disparidade de competitividade, quando a luta foi unicamente das jogadoras, sem apoio de nenhumas destas duas entidades. É esperar para ver do que sai desta federação, talvez precisemos novamente das forquilhas e de uma nova hashtag em breve, nunca se sabe. Pelo que foi anunciado num comunicado nas redes sociais, o movimento “Futebol Sem Género” continuará ativo para no futuro defender novamente os interesses e direitos das jogadoras e do futebol feminino. Por agora temos uma vitória, mas ainda faltam muitas para termos esta secção de desporto em Portugal no estado que merece estar.

Sem uma certeza do que será a nova época de 2020/21 a nível de plantéis (até agora é uma pura loucura) e de público nos estádios, espero poder ver mais jogos na minha televisão, ou até online se não puder ir ver ao vivo como ganhei o hábito no último ano. Eu vejo a liga norte-americana com cerca de nove patrocinadores de renome – Google, Budweiser Verizon e muitos – um acordo televisivo com a CBS e com a Twitch e em Portugal só peço a transmissão online dos jogos da liga, pois sei que são gravados e postos à disposição dos treinadores. Porque não ajudar quem quer conhecer a modalidade ou quem gosta de realizar resumos e tornar esses recursos disponíveis ao público? Afinal a parceria com a RealFevr, onde se cria uma equipa numa liga de fantasia, pode ter sido a primeira liga fantasia oficial na Europa mas é difícil quando não conhecemos ⅔ da Liga BPI. Espero ver nem que seja por dois segundos uma menção do futebol feminino português nos noticiários, o que já sei que deverá acontecer a não ser quando a seleção estiver a jogar as partidas de qualificação para o Europeu de 2021.

Espero muita coisa do que é incerto, mas espero principalmente que seja tratado com o respeito que merece, pois isto ultimamente anda difícil. Vamos começar a falar de futebol, que a burocracia está a ficar chata (espero bem que não venham com uma nova qualquer no espaço de uma semana, é que não dá para tanta coisa seguida).

* às quintas, o Alex deita mãos à tarefa de dizer ao mundo que o futuro do Sporting e do futebol também passa pelo futebol feminino