Num jogo feio, com artistas de má qualidade, tanto na arte de jogar a bola como de soprar no apito, o melhor da noite de Moreira de Cónegos foi mesmo o termos comprovado, novamente, que voltar atrás nesta ideia de acreditarmos nos miúdos será um tremendo erro

moreispor

Quando vês que, antes do jogo começar, Coates chama delegados ao jogo e equipa de arbitragem para dizer-lhes que a rede da baliza está mal posta ou, porque não, é uma valente merda, percebes que a noite de ontem tem tudo para ser uma noite de verão com muito que se lhe diga.

Depois, aos dois ou três minutos, Jovane é derrubado na área e o penalty fica por marcar, Acuña leva um amarelo por espirrar e tu percebes que isto vai ser coisa para filme daqueles que tu já viste e que não querias voltar a ver. Até porque andam por lá alguns actores dignos de novela mexicana, como o caso de Battaglia, rapaz incapaz de fazer um passe que não seja para o lado ou para trás e que não só consegue fazer com a equipa deixe de ter um médio transportador como ainda provoca um efeito cópia em Matheus Nunes, que se tivesse que levar com um argentino destes ao seu lado jamais iria conseguir ser vendido por uma verba que levasse Frederico Varandas a dizer «estão a ver? Eu disse que ele pagava a contratação do Amorim!».

E pronto, a primeira parte foi isto, mais as perdas de bola enervantes do Ristovsky e um quase sentimento de pena por Sporar, perdido num meio-campo ao qual o Sporting não chegava. Ok, não posso ser injusto. Foi isto e Jovane a tentar ser ele contra o mundo, pese aquele ridículo louro platinado com que se apresentou e que parecia tirado de um anúncio do Restaurador Olex.

Depois veio o intervalo e a expulsão de Halliche, cinco minutos após o regresso. O Gabriel bem tinha avisado no bloco que o rapaz era nosso amigo e a verdade é que o Sporting ficou com quarenta minutos para jogar em superioridade, embora tendo que esperar que o número de teatro do redes Pasinato terminasse, ele que ouviu o treinador dizer-lhe para mandar-se para o chão e só se levantar quando entrasse o defesa que precisava de cinco minutos para aquecer.

Ora e estava tudo num daqueles momentos que são os nossos jogos ao longo dos últimos anos, quando Amorim lá tirou o Battaglia e o Borja, que nem joga bem nem joga mal. Veio o Wendel, veio o Nuno Mendes e veio a enganadora sensação de que o Sporting chegaria ao golo, até porque a melhor oportunidade pertenceu a Plata, mas virado para a própria baliza. Momento que mostra espírito de grupo, com o equatoriano a recusar-se a deixar que o seu redes não tivesse forma de brilhar.

O jogo, onde o Sporting teve uma jogada com tronco, membros e pernas aos 84 minutos, terminaria como começou: com um penalty a favor do Sporting a não ser marcado, desta vez por agarrão a Coates e com recurso ao VAR, só para nos irritar ainda mais. Foi feio, foi mau, mas também foi bom, pois numa semana em que Amorim falou de juntar a experiência dos mais velhos com a irreverência dos miúdos, ficou claro que há por ali muito experiente a precisar de deixar o cacifo vago.