… nós temos de ir à carteira, ao bolso, deles …“.

Quando, no último painel dos debates Sporting com Rumo, Miguel Salema Garção, proferiu esta afirmação (aqui sem contexto), e a mesma deu lugar ao post do Cherba (“E esta, hein?”), em 8 julho, vários tasqueiros se mostraram chocados com a frase e até com o à vontade com que foi produzida.

Houve, todavia um tasqueiro, o Malcolm (de quem respeito muito a opinião e o seu enorme contributo construtivo para o debate de ideias nesta Tasca), que chamou a atenção para o aspecto positivo e o conceito operativo contido naquela frase. E esclareceu “A única anormalidade é ele não colocar o nome nos bois que possibilitaram a situação e o discurso.” ; ou ainda de forma mais clara “Não tive oportunidade de ouvir o que ele disse (apenas estou a ler esta citação), mas que o contributo dos sócios e adeptos é essencial, nem precisava de o ter dito, se ele teve responsabilidade é a questão que se pode colocar. (…)A questão para mim (é), este gajo teve responsabilidade no assunto (?), se teve, que se cale, se não teve, que não se limite a dizer o óbvio MAS QUE ACRESCENTE QUAL O PLANO QUAL A ESTRATÉGIA QUE PRECONIZA.” Ou ainda de forma mais incisiva, o Malcolm acrescenta: “garantir uma fonte de financiamento imediata, como os imbecis já secaram grande parte do contrato nós e os bancos fecharam a torneira, pouco mais resta que o recurso aos obrigacionistas e aí meus amigos …. (…) A escolha foi feita, a incompetência foi premiada, a factura terá de ser paga e cada dia que passa maior é o montante. QUEM ACHA QUE VAI PAGAR A CONTA, O CARNIDE?

Alguns houve que leram nestas palavras do Malcolm um apoio “tout court” às palavras de Miguel Salema Garção. Mas, colocando-as todas num texto único (as citações que fiz estavam dispersas em 4 comentários), percebe-se que o que o Malcolm defende é que, dado o contexto em que colocaram o Clube, será inevitável um apelo a uma maior contribuição dos sportinguistas. Mas também diz que essa maior contribuição só fará sentido se incluida num plano e estratégia claros.

O que me leva de novo a questão da dicotomia fundamental que, historicamente, tem caracterizado a aparência identitária com que o SPORTING se apresenta no Desporto Nacional: ora como um Clube com tiques de Elite(s) ora (bem menos vezes, nas últimas décadas) como um Clube de matriz Popular. Na minha opinião, esta é a separação de águas determinante para o sucesso do Clube.

Um Clube dirigido por gente que demonstra o maior desprezo pela matriz popular do Sporting Clube de Portugal, que destrata recorrentemente os sócios e adeptos, que faz gala de exibir como sua “identidade” uma falsa elegância bacoca, bem que pode pedir maior contribuição aos adeptos que a resposta continuará a ser a debandada.

Já se os dirigentes centrarem a sua missão associativa em GALVANIZAR SÓCIOS E ADEPTOS com uma gestão de verdade e transparência, que respeite a natureza do Universo Sporting e os seus Valores:
»»» contribuindo para reforçar o poder de actuação dos Núcleos, Filiais e Delegações, envolvendo-os no funcionamento democrático das AGs, nas campanhas de angariação de novos sócios e adeptos, em campanhas de participação no apoio às Modalidades, no alargamento da comercialização dos produtos Loja Verde, etc;
»»» instituindo o alargamento geográfico do direito de voto associado ao direito de acompanhamento dos trabalhos das AG;
»»» apostando seriamente no Ecletismo do Clube procurando e ANUNCIANDO, como meta galvanizadora, atingir e ultrapassar os títulos continentais de Barcelona e CSKA;
»»» realçando a Solidariedade e Inclusão como Valores Leoninos, mantendo e até aumentando a aposta nas Modalidades de Desporto Adaptado e Paralímpico;
»»» reforçando o campo de acção social de entidades como a Fundação Sporting, o Grupo Stromp ou os Leões de Portugal;
»»» repondo a democracia associativa, através do regresso ao princípio de 1Sócio = 1Voto que vigorou nos primeiros 62 anos de Vida Associativa do Sporting;
»»» aplicando uma política mais agressiva, diversificada, eficiente e geograficamente expandida de merchandising;
»»» defendendo activa e vigorosamente os princípios da Verdade Desportiva e da Lealdade Competitiva;
»»» demonstrando COM RESULTADOS competência na gestão desportiva de SAD e Clube;

se tudo isto for genuina, assertiva, convicta e militantemente defendido no dia-a-dia de um elenco directivo, ENTÃO ESTAREMOS A CRIAR AS CONDIÇÕES PARA ACRESCENTAR SIGNIFICATIVAMENTE AS CONTRIBUIÇÕES MATERIAS DOS SÓCIOS E SIMPATIZANTES.

Porque é isto que atrai mais sócios.
É isto que atrai mais espectadores ao Estádio.
É isto que vende mais Gameboxes.
É isto que atrai mais gente ao PJR, ao Multiusos, ao Polo EUL, ao estádio Aurélio Pereira, às estradas, pistas, ringues, pavilhões e quadras espalhadas pelo país.

Em Junho de 2018 tínhamos um pouco mais de 180.000 sócios. Não sei quantos pagantes nem de que escalões. Mas, se revertermos o actual rumo, para repor uma política associativa e desportiva mobilizadora, cativante e agregadora como a que vivíamos, poderemos ambicionar perseguir o mínimo que a anterior Direcção havia definido para tornar o Clube sustentável e altamente competitivo com as Modalidades de que actualmente dispomos (incluindo o Basket): 225.000 Sócios. E essa deve ser a lógica de 1º objectivo a perseguir pelo CLUBE (submetendo a acção directiva e a sua relação com o Universo Sporting a essa mesma lógica, quer em termos de gestão quer em termos de medidas associativas, quer em termos de comunicação).

Obtendo esse desiderato (total de 225.000 sócios), em ambiente de dinâmica associativa em alta, é possível extrapolar um universo de 150.000 pagantes (66,6%,ou seja 2/3).
Só em quotas tal poderia reverter-se em: SÓCIO EFECTIVO A = 12€ x 13 meses x 40.000 sócios = 6.240.000€ ; SÓCIO EFECTIVO B = 6€ x 13 meses x 30.000 sócios = 2.340.000€ ; SÓCIO EFECTIVO C = 4€ x 13 meses x 40.000 sócios = 2.080.000€ ; SÓCIO EFECTIVO DA = 2€ x 12 meses x 40.000 sócios = 1.040.000€ : TOTAL ANUAL DE QUOTAS = 11,7M€/ano (onze milhões e setecentos mil euros por ano; RECEITA PARA O SPORTING CLUBE).

Mas é óbvio que esses números fazem disparar outras receitas.

É legítimo pensar, nestas circunstâncias en vendas de Gameboxes Alvalade a rondar as 35.000 com umpreço médio de 150€, o que daria uma receita, para a Sporting Futebol SAD, de cerca de 525.000€ a que se juntarmos mais uma média de 12.000 bilhetes para 22 jogos a um preço médio de 10€, acrescentará mais 2.640.000€, o que daria um total de quase 3 milhões de euros (falando de uma época europeia sofrível) e uma assistência média a rondar os 42.000 a 45.000 espectadores.

O mesmo é aplicável aos valores do PJR. Aí nem bastaria o aumento dos sócios. Seria necessário uma boa política de marketing dos jogos, envolvendo os G.O.A., os Núcleos, as famílias, os grupos de amigos e uma política de gameboxes inicialmente a preços muito atractivos para criar a habituação. E uma comunicação que ASSOCIE SEMPRE O PAPEL DOS ADEPTOS AO SUCESSO DAS EQUIPAS, PARTICULARMENTE AO SUCESSO INTERNACIONAL. Mais tarde, e em função da qualidade global dos espectáculos e dos resultados desportivos obtidos poder-se-ia ajustar anualmente os preços à competitividade das equipas.

Há ainda as receitas de merchandising. Com mais sócios e mais adeptos a visitarem regularmente o Estádio e o PJR, haverá mais vendas. Mas torna-se imperioso alargar a diversidade, a qualidade e a quantidade da oferta. Tal como se torma imperioso ser mais agressivo na comercialização (abrindo mais lojas – Porto, Leiria, Faro, Funchal, Ponta Delgada; usando os Núcleos, Filiais e Delegações como suportes de venda; apostando nas vendas on-line; apostando em quiosques sazonais em grandes espaços comerciais; etc).

Finalmente, há que saber RENTABILIZAR a expansão geográfica do Clube, única no Mundo, a qualidade competitiva INTERNACIONAL das nossas Modalidades, o aumento exponencial do número de associados e das assistências aos nosso eventos desportivos, como factores altamente atractivos para um sponsoring com retorno.

Tudo isto (e não é nada pouco) SÓ se consegue com um Clube direcionado para sua POPULARIZAÇÃO. E são estes factores os que determinam a capacidade ESTRUTURAL de obter sucesso desportivo e financeiro SUSTENTADOS e de garantir que as receitas operacionais correntes podem ser sempre maiores que as despesas operacionais correntes.

ESTE POST É DA AUTORIA DE… Álvaro Dias Antunes
a cozinha da Tasca está sempre aberta a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]