A Ana Oliveira tem 18 anos, joga basquetebol no Sporting desde os 12, fazendo actualmente parte da equipa de sub-19. Os seus dois irmãos, João e António, também vestem de verde e branco, ambos na formação do basquetebol leonino.

A Ana foi andar de bicicleta, na sexta feira, ali pelas bandas do Campo Grande, onde viria a ser vítima de um brutal atropelamento: atravessava uma passadeira, com a bicicleta, no sinal verde dos peões, quando foi colhida por um veículo. A colega de equipa que a acompanhava ficara para trás a atender o telemóvel.

“A vida é mesmo injusta! A Ana era uma miúda cheia de vida, alegre, lutadora, cordial e respeitadora, sempre com vontade de fazer mais e melhor. Lembro-me de a levar ao hospital depois de abrir o sobrolho após uma bola dividida (a Ana não dava uma por perdida!) e a caminho me dizer “Será que vou ter que levar pontos? Mas amanhã vou ao campo!”. Teve mesmo que levar três ou quando pontos mas quando a médica lhe disse que amanhã era melhor descansar, retorquiu imediatamente “Eu amanhã vou ao campo, doutora!”. E foi! Com o olho inchado e joelho esfolado, continuou a lutar por todas as bolas divididas. Ganhou o prémio dedicação nesse ano, porque era um exemplo de esforço, empenho e superação”, recordou Sérgio Ramos, antigo internacional português que é hoje treinador do Belenenses e líder da Associação de Treinadores de Basquetebol.

Desta vez a Ana não voltou, depois de várias horas a lutar pela vida, obrigando-nos, uma vez mais, a interromper o diário apontar de dedo para colocar tudo em perspectiva.

Obrigado, Ana. Espero que exista mesmo um lugar onde possa continuar a jogar e a andar de bicicleta.