Assim que comecei a ouvir o nome da Vanessa Paquete como possível reforço do Sporting, eu não conseguia acreditar. Que notícia fantástica, pensei. O desejo de escrever sobre esta jogadora cresceu porque queria muito passar, a todos na Tasca, a boa notícia que isto significa.

Qual seria a forma mais justa de falar da Vanessa Paquete?

Há muito pouco tempo, estava a ouvir uma playlist no Spotify e começa a tocar uma música dos Beatles. Pensei imediatamente que seria a analogia perfeita! “Here comes de Sun” é um êxito de uma das melhores bandas de sempre e servirá como marcador do ritmo da apresentação da craque. Vamos à música?

“Here comes the sun; Here comes the sun; And I say; It’s all right”

Está tudo bem porque vem aí o sol, cantava George Harrison. Hoje, a nossa jogadora é o sol porque sempre assumiu grande protagonismos por onde jogou, estou quase a colocá-la como a teoria heliocentrismo e também porque andou os seus últimos anos pela praia.

“Little darling; It’s been a long cold lonely winter; Little darling; It feels like years since it’s been here”

É isto mesmo. Foi um Inverno longo e solitário, parecendo que passaram anos desde que foi vista pela última vez. O Sol na música e a Vanessa dentro dos pavilhões. Posso até começar por aí a sua história, dizendo que a jogadora esteve escondida dos olhos daqueles que só acompanham voleibol de pavilhão. Optando pelo desafio do profissionalismo do voleibol de praia, abdicou durante alguns anos do estatuto de estrela do piso de madeira para ser uma estrela da areia.

No entanto, a história da Vanessa Paquete conta-se, ainda, uns anos antes desta decisão e de uma forma simples e rica. Quando largou a equipa júnior do Leixões SC, já trazia o rótulo de craque e foi sem surpresas que várias equipas tentaram os seus serviços. Conquistou-a um projeto ambicioso em 2013 do Rosário Voleibol que criou uma equipa fortíssima formada por jovens atletas (ou muito jovens mesmo). Apesar de ser sénior de primeiro ano, já era um dos destaques como pontuadora. Foi campeã nacional nesse ano de 2013/2014.

Na época seguinte ruma ao Porto Volei e volta a ser campeã nacional em 2014/2015. Lembrar-me dessas duas épocas e das performances desta jogadora é entender que, realmente, há pessoas predestinadas a jogar voleibol.

Fez mais uma época no Porto Volei e no Ribeirense dando, depois, o salto para o voleibol de praia. Se não era suficiente ter sido campeã 2x ainda com 20 anos, ainda se torna parte da “primeira dupla profissional portuguesa feminina de voleibol de praia a tempo inteiro, sem a prática de ‘indoor’”.

“Little darling; The smiles returning to the faces; Little darling; It seems like years since it’s been here”

Os sorrisos voltam aos rostos, como diz a música. Não sei se a todos isto vai acontecer, mas a quem gostar de voleibol, quem gostar de competição ou quem for do Sporting vai sentir esta alegria de ter a Vanessa Paquete a representar-nos.

É evidente perceber o que pode trazer ao Sporting. O braço é muito forte, a colocação de bola no ataque também e a impulsão está de fazer inveja. Há, no entanto, o receio da (re)adaptação às dinâmicas de pavilhão como, por exemplo, a chamada à rede. Para quem domine menos o voleibol eu tento explicar. Quando um atleta vai rematar, o salto requer uns passos para a impulsão que tem o nome de “chamada de ataque”. Este movimento técnico é diferente na praia e pavilhão pela especificidade do piso.

Posso até dizer que o me encantou mais na nossa jogadora, antes da pausa, era essa simbiose perfeita entre o peso (força) que colocava na bola e variação de ataque. Tudo isto só possível porque o seu ponto forte era, precisamente, a chamada de ataque. Aquela “dança” perfeita era o início de tudo.

Creio que este pode ser o que vai requerer maior esforço, mas a Vanessa, como grande jogadora que é, com 2 treinos está pronta!

Termino com um aviso. Quando estamos muito expostos ao sol, podemos ficar com queimaduras graves, verdade? Portanto, pela analogia que tenho utilizado, sendo a Vanessa Paquete o sol, ela também pode tornar-se num problema para os adversários. A Vanessa, se bem me lembro, entra naquela elite de atletas que tem mau perder, odeia provocações mesquinhas e tem pouco tempo a perder com merdas. Sendo ela do Norte, e desculpem o bairrismo, vai trazer para o Sporting aquela raça de leoa de quem defende o seu território. Estou com alguma curiosidade em assistir à Daniela Loureiro, Ana Couto e Vanessa Paquete ao mesmo tempo em campo. Não que sejam mais que as colegas, mas porque trazem uma carga de provocação raçuda ao campo que devia fazer corar de orgulho todos os sportinguistas.

Aposto a minha orelha esquerda como será a grande revelação do ano na nossa equipa. (btw, Vanessa eu tenho um filho para criar e preciso da minha orelha por isso…tu percebeste…).

Um agradecimento especial ao Daniel “Génio do Design” Lion (@designagreatme) pelo grande trabalho que fez para a ilustração deste post. Grande foto!

Vanessa, que sejas bem-vinda à Tasca e ao Sporting! Já tens milhares a gostar de ti!

*às terças, o Adrien S. puxa a bola bem alto e prega-lhe uma sapatada para ponto directo (ou, se preferires, é a crónica semanal sobre o nosso Voleibol) –