Começamos uma nova época e é necessário definir novas expectativas, num plantel de 16 jogadores onde 11 são novos. A seção passa por problemas estruturais, que já falei há duas semanas, no entanto, nesta, vou focar-me mais nos jogadores.

Há uma premissa inicial que é necessário relembrar. Como tem sido vinculado pelos artigos sobre o voleibol do Sporting, a responsabilidade da escolha do plantel deste ano foi dada, na sua totalidade, ao treinador Gersinho. Isto não significa que lhe tenham dado 200M€ para fazer um super plantel para atacar o título, muito pelo contrário. Acredito que o orçamento tenha decrescido. No entanto, colocar tudo nas suas mãos foi um descanso porque ele sabe contratar! Realmente, por muito que isto se possa transformar numa culpabilização evidente em caso de insucesso da equipa, pelo menos o Gersinho fez o melhor que podia/sabia. Na minha opinião, poucos conseguiriam melhor.

Para começar digo que nenhum jogador que veio é pior do que aqueles que saíram, pelo menos no contexto teórico. Vamos aos reforços de uma forma breve.

Centrais
Dissemos adeus a um jogador que era bastante acarinhado pelos adeptos do Sporting, e em especial pela MaDost. O Andre Brown saiu e foi acompanhado pelo Athos Costa.
Já tive oportunidade de ver alguns jogos dos reforços e o Vítor Hugo destacou-se. Vem, claramente, para o lugar do Athos Costa como o central que acompanha o distribuidor na rede em duas rotações. Destaco o ataque potente e variado como ponto mais forte do jogador. Será, por isso, o central mais forte. O Éder Levi vem do campeonato da Estónia onde não tinha sorte com o seu distribuidor, o que torna difícil sobressair. Pareceu-me que estava mais confortável no lugar do Andre Brown, como central “mais afastado” do distribuidor. Chegou, também, o André Sousa para ajudar a equipa e transportar para dentro do grupo os valores do Sporting Clube de Portugal. Refere na apresentação que “desde sempre que eu e o meu pai acompanhamos e vibramos com o Sporting”. Terá dificuldades em ser titular, mas não terá nenhumas em adaptar-se à camisola!

Distribuidor
Chegaram dois novos distribuidores: Bruno Alves e Hugo Vinha. O Bruno Alves passa pelo nosso campeonato pela 2ª vez, tendo já representado a AJ Fonte do Bastardo. (Sempre que escrevo sobre esta equipa lembro-me de lapas e cracas). O seu ponto forte, para mim, é a altura do passe. Vai muito alto o que possibilita uma distribuição mais rápida, que no voleibol moderno é meio ponto concretizado. O Hugo Vinha é um jovem que vem para crescer a ajudar a equipa. Tem potencial e é um dos nossos também.

Líbero
Desconheço se a recuperação do João Fidalgo teve algum revés para ser necessário ter no plantel 3 líberos. A qualidade do Miguel Maia Sá existe e potenciada pelo facto de ser muito novo. Creio que terá pouco espaço para jogar, mas certamente que tem muito para aprender com os dois colegas de posição – João Fidalgo e Gil Meireles.

Opostos
Olhar para a posição de oposto e não ver o Dennis será uma novidade para todos. A sua idade é um número que muitos teimam em focar. Eu prefiro olhar para outros, como aqueles apresentados pelo João Scheltinga (https://www.instagram.com/joscheltinga/) onde mostra a sua importância no campeonato. Dizem as estatísticas que era o melhor oposto a jogar em Portugal. Chegou o Paulo Victor que é um craque gigante, basta ver 3 ou 4 jogos dele e perceber a qualidade deste jogador. Não me parece que fiquemos a perder muito em comparação com o Dennis. Claro que, no mundo ideal, o plantel teria o cubano e o brasileiro juntos a lutar por um lugar. Para oposto suplente chegou o André Saliba, do SC Caldas. Creio que estará a um nível idêntico do Rodrigo Pernambuco que também saiu do Sporting.

Entrada
Para o lugar do Thiago Sens chegou o Robinson Dvoranen (Bob). O perfil é muito semelhante ao do nosso anterior jogador. Parece-me que consegue fazer mais pontos em bolas mais altas. Refiro-me a ataques depois de receções de bola menos bem conseguidas. Dos jogos que vi do campeonato polaco, apesar de não ser dos jogadores mais requisitados pelo distribuidor, ainda assim era um jogador a procurar em alturas de mais aflição. O sucesso da época passará, obrigatoriamente, pela sua performance. Chegou o bem conhecido do nosso campeonato, o José Rojas, que é um bom e fiável jogador. Lutará com o Renan pelo outro lugar vago na equipa titular. Para completar os jogadores de zona 4, regressou a Portugal o José Vinha. Este jogador é, a meu ver, o típico jogador português de zona 4. Explosivo, raçudo, complicado de blocar e pontuador. Na verdade, só não é top pela sua estatura. O melhor exemplo deste tipo de jogador foi o Jorge Alves, um jogador fantástico que brilhou muito. Atualmente, com estas características temos vários jogadores que sobressaem como o Ricardo Oliveira (Kika), Rui Moreira, Bruno Sousa ou Luís Moreira.

Em jeito de conclusão, reafirmo que, dadas as condições, o Gersinho montou uma boa equipa. Esta precisará da sua ajuda para ser competitiva e ganhar ao SL Benfica. Teremos toda a época para nos prepararmos e chegar em forma às finais, dado que continuamos bem acima das restantes equipas do campeonato português. Acredito que este plantel é mais competitivo que o do ano anterior. Como não jogamos sozinhos e porque os contextos competitivos estão tão diferentes, é importante que role a bola para termos mais conclusões sobre a verdadeira capacidade. Vem já aí a supertaça como prova de fogo. Para uma possível conversa do “assim o Gersinho não tem desculpas”, a conversa do futebol também serve para aqui. Quantos do Sporting seriam titulares no rival?

*às terças, o Adrien S. puxa a bola bem alto e prega-lhe uma sapatada para ponto directo (ou, se preferires, é a crónica semanal sobre o nosso Voleibol) –