O Sporting fez o que lhe competia e eliminou o Aberdeen. O 1-0 é pouco para a diferença entre as duas equipas, mas justo face a um jogo onde o único brilho veio do golo de Tiago Tomás e onde o Sporting pensou mais em esconder debilidades do que explorar as do adversário

tiago tomás

O futebol consegue ser muito irónico e ontem à noite não fugiu à regra: frente a uns escoceses muito mais intensos e pressionantes, até pelo número de jogos que levam nas pernas, o Sporting começou a desenhar o golo da vitória fazendo aquilo que o Aberdeen tentou e nunca teve engenho para concluir. Roubo de bola de Wendel no meio campo adversário, redonda em Vietto, momento de brilho e inteligência com finta e assistência para o belíssimo remate de Tiago Levezinho Tomás.

Oito minutos de jogo e o Sporting chegava à vantagem, quase dando a ideia de que no relvado iria confirmar-se toda a diferença de potencial entre as duas equipas. E confirmou, porque o Sporting, exceptuando aquela ponta final com os gémeos apertados nos boxers e com as pernas menos preparadas para os 90 minutos do que os escoceses, geriu os ritmos de jogo e conduziu o 1-0 para a passagem à próxima eliminatória. Mas não foi capaz de mais do que isso.

Pela vá lá saber-se qual vez, o sistema de Ruben Amorim mostrou-se sem profundidade, com minutos e minutos de posse de bola sem saber como transformá-la em lances de perigo. Jovane não funcionou como referência atacante e deixa muitas interrogações sobre o papel de Sporar, Vietto foi Vietto e fez uma coisa bonita antes de se ir deitar no sofá, cabendo ao puto Tiago Tomás as despesas na linha ofensiva.

E se recuarmos, também voltamos a ver a dupla Wendel e Matheus muito certinha, mas pouco capaz de criar desequilíbrios e rupturas. Sim, é verdade que Pedro Gonçalves não jogou e que foi contratado precisamente para oferecer esse extra à equipa, mas não seria de dar uma real oportunidade a Daniel Bragança ao fim de tantos jogos mais do mesmo?

Com tudo isto, além do puto Tomás, brilharam Coates e Porro, agradável surpresa a fazer o corredor direito, numa vitória que moraliza e que nos deve deixar contentes, mas que deixa. também, muitas interrogações face aos poucos ou nenhuns sinais de capacidade para ultrapassar problemas que se notam desde a época anterior e que serão mais complicados de disfarçar quando o adversário não se chamar Aberdeen.