Como é que se fala de voleibol no último dia de mercado de futebol? Posso tentar, apesar da probabilidade de insucesso ser alta.

1. Este fim de semana tivemos 4 jogos, 2 vitórias para cada equipa sénior. A equipa masculina venceu por 3-0 o CNG, com os parciais 25-14, 25-22, 25-9, num jogo sem história. A equipa adversária tem as limitações normais de quem tentará garantir a manutenção. Nós rodámos a equipa e impusemos o nosso favoritismo.

No Domingo deslocamo-nos a Espinho, terra do voleibol e do restaurante Casa Locas onde se comem umas couves e um rodovalho de chorar. Vencemos por 3-2 num interessante jogo de voleibol. Ambas as equipas ainda longe de ter índices físicos que potenciem o espetáculo. No lado do Espinho relembrar que estavam 3 campeões nacionais pelo Sporting Clube de Portugal: o José Pedro Monteiro, o João Simões e o Robinho. Estão, os 3, com o seu nome no museu e, por isso, um obrigado. Quanto ao jogo tomar aqui duas ou três notas. Percebe-se já somos bons a servir e a blocar, no contexto tático desta época evidentemente. Entendo que, principalmente no bloco, já há dedo do Gersinho. Percebo também que, por vezes, os nossos centrais se perdem um pouco da estratégia que o treinador passa. Nesses momentos perdemos consistência no bloco e, neste último jogo, perdemos os sets. Isto não me preocupa porque, com treinos, vamos naturalmente evoluir. O que me preocupou, para o curto prazo, é o poder de ataque. Ainda está a faltar impulsão para conseguirmos jogar mais rápido, com a exceção do Renan que se está a destacar nesse capítulo. O Bruno Canhoto está bem a servir e a blocar, mas a distribuição ainda está um pouco denunciada. Tal como disse, não é uma preocupação para já porque, com treinos, vamos chegar aquilo que o Gersinho pretende.

Esta quarta-feira, no horário que eu chamo “sa foda o adepto”, vamos jogar às 17h contra o SL Benfica a meia-final da Supertaça. É certo que o pavilhão não tem público, mas colocar um jogo em horário laboral deve ser para nem ter ninguém na televisão a assistir.

2. A equipa feminina foi no sábado a Vila das Aves, onde ali pertinho se come tão bem na Casa De Pasto Uiscas, vencer a equipa da casa por 3-1 (20-25, 23-25, 25-23 e 17-25). É o clássico jogo complicado de ganhar apesar de se notar a diferença das equipas. O CD Aves apresentou-se com desequilíbrios táticos curiosos de ver, com recepção a 4 e bola altíssima nas pontas. Na verdade, com a potência das suas atletas, foram conseguindo pontuar. A nossa equipa mostrou ali uma atitude que não conhecia ao nível do “picanço” e fervor no festejo. Estamos a precisar de melhorar o entrosamento entre as centrais e a Ana Couto, perfeitamente normal neste início de época. Será, no entanto, urgente fazê-lo para não se tornar num desconforto o jogo pelo meio de rede. Destaque positivo para a Vanessa Paquete que fez um jogo muito próximo daquilo que me recordava noutros tempos. Deixo um vídeo didático, proporcionado pela Vanessa, de como se festeja um ponto quando é preciso explodir e marcar uma posição.

No Domingo vencemos por 3 – 0 o Belenenses (25-20, 25-12, 25-13). Vi o jogo todo por isso, alguém me deve 1h20 do fim-de-semana. O Sporting esteve competente, onde se destaca a Matilde que se apresentou muito bem neste início de época. Já tinha entrado para servir no Sábado com eficiência e, neste jogo, voltou a apresentar-se com boa performance.

3. Por último, quero também comentar brevemente o acontecido com o Sporting160_EN e o Travante Williams. Em resumo, o programa, com a antecedência devida, convidou o jogador a participar numa conversa que foi aceite. A 10 min de iniciar o direto, o Sporting liga ao responsável pelo podcast dizendo que a entrevista tinha sido cancelada.

Esta recusa por parte do Sporting não é um episódio novo. Se neste caso foi o presidente, noutros terá sido o Miguel Albuquerque. Eu já fiz convites que não foram autorizados, o Tiago teve também esse caso com o Dennis, o Sporting 160 também e muitos mais. É claro que os nossos dirigentes não percebem bem o seu lugar, nem o contexto de quem estão a negar uma interação com um atleta. Há uma espécie de mal interpretação da posição que ocupam versus porquê do seu mediatismo. TODOS eles só são conhecidos porque representam um clube com a dimensão de adeptos que tem o Sporting, ou seja, nós! Imaginem vocês que eram proibidos de entrar na vossa própria casa. “Quero entrar, a casa é minha” e o porteiro vos nega a entrada porque acha insultuosas algumas opiniões críticas já lhe dirigiram. Seria esquisito, não?

Não me alongo mais, mas esta devia ser uma introspeção porque, verdade seja dita, eles só existem porque nós existimos. E, em muitos casos, o conhecimento e qualidade que aportamos à comunidade leonina é maior do que muitos, que até são assalariados, fazem. O que devia ser uma parceria é, na verdade, uma relação inexistente. Termino com uma música do craque Samuel Úria que me parece que fala precisamente deste excesso. A música chama-se “Deixa que eu diminua” e é uma master piece deste incrível artista. Deixo o cover belíssimo com as fantásticas Golden Slumbers.

*às terças, o Adrien S. puxa a bola bem alto e prega-lhe uma sapatada para ponto directo (ou, se preferires, é a crónica semanal sobre o nosso Voleibol) –