“Hoje o Sporting está triste porque perdeu dois pontos e acho que o futebol português também está triste porque teima em não mudar. Já vi o lance várias vezes, e só faço uma pergunta: este mesmo lance, este possível penálti, sabem quando é que era revertido no Estádio do Dragão ou na Luz? Nunca, nunca. O árbitro vê empurrão nas costas, assinala penálti, depois o VAR analisa se há intensidade, se é dentro ou fora da área. É o costume… o VAR deve analisar num erro clamoroso. Para mim é penálti, é. O jogador leva um encosto no ar, para mim é penálti. Foi marcado, em Alvalade, é revertido. Mas também vi em Tondela o Doumbia ser pisado, o árbitro bem a mostrar o vermelho, o VAR chamou e reverteu em amarelo. Também vi um penálti claríssimo em Moreira de Cónegos que o mesmo VAR de hoje não viu. O VAR chamou o árbitro, viu mas o árbitro continuou a achar que não era penálti.

São estas coisas que acontecem no futebol português mas sobretudo ao Sporting. O mesmo VAR não vê o vermelho direto ao Zaidu, qual é a dúvida? E é por isso que acho que o futebol português devia estar triste. Infelizmente, em Portugal, para triunfar só por mérito, é muito difícil. No futebol ainda mais. Não interessa se a pessoa foi apanhada em escutas, se tem processos judiciais, interessa é se tem poder, se ganhou e aí todos prestam vassalagem.

O Sporting dá todo o apoio ao presidente da arbitragem mas já disse isto três vezes: Se os soldados não prestam, encostam-se. E se virmos, há um denominador comum muitas vezes. Há valores que o Sporting não abdica, não vamos fazer o que se fazia, não vamos jogar sujo. Mas se tivermos de gritar, vamos gritar bem alto! Custe o que custar, vamos vencer!”

As palavras são de Frederico Varandas, que se dirigiu à sala de imprensa para sublinhar a indignação do Sporting face à arbitragem de Luís Godinho, no clássico. E em boa hora o fez, pois se há coisa que acontece regularmente é o presidente leonino fingir-se de morto nas mais variadas ocasiões.

O apontar de dedo fez todo o sentido e foi pena que, quase no final, Frederico Varandas se tivesse deixado levar por aquele sentimento de mesquinhez que acompanha praticamente todas as intervenções da direcção, onde existe um irresistível apelo a falar e criticar direcções anteriores. «Há valores que o Sporting não abdica, não vamos fazer o que se fazia, não vamos jogar sujo». Esteve quase lá, Doutor. Esteve quase lá…