Deixa passar esta linda brincadeira
Ca’ gente vamos bailar
À gentinha da madeira
Deixa passar esta linda brincadeira
Ca’ gente vamos bailar
Pr’á gentinha da madeira

Sem querer ser insultuoso para com as gentes da Madeira (ilha que gosto muito e que tive oportunidade de visitar na minha lua-de-mel), este jogo foi quase um bailinho na Madeira.
Ganhámos por 15 pontos, mas, a dada altura do jogo pareceu que, se o Sporting quisesse, os 15 podiam ter sido 30!

Mas adiante… O Sporting visitou o Clube dos Amigos do Basket (CAB) Madeira, uma equipas da liga que luta pelos lugares que dão acesso ao playoff, e venceu por 87-72.

Início de jogo frenético, com um ritmo muito elevado para um jogo da liga portuguesa, com o Sporting a explorar muito bem as variações entre o jogo interior (como habitual através de Fields) e exterior (através dos triplos de Travante e Shakir). Defensivamente fomos iguais a nós próprios em termos de entrega, mas o CAB ia conseguindo acompanhar-nos no marcador, fruto de um ataque bem coordenado e trabalhado pelo Noruegês Mikkel Kolstad, que aproveitava muito bem as trocas defensivas provenientes dos bloqueios e do lançamento exterior.

Nesta altura, dei por mim a pensar: porque raio uma equipa como o CAB estava a tentar igualar o Sporting em termos de intensidade (sobretudo pela velocidade que o jogo tinha)? É que, por muito que conseguissem aguentar, o CAB tem uma rotação muito curta e, mais tarde ou mais cedo, não iam conseguir acompanhar-nos e isso poderia ser fatal.

O 1º período terminou com um equilibrado 29-25 e no 2º eu tive a resposta à minha pergunta. Luís Magalhães troca praticamente toda a equipa, o CAB começa a fazer a sua rotação e pumba!, disparamos no marcador…

Defensivamente, mantivemos a pressão com uma pequena nuance no 2×1 que realizávamos sobre o base (desta vez feita por Diogo Ventura e Catarino) e ofensivamente, bem coordenados por Ventura, íamos jogando a nosso belo prazer. Catarino (que quando salta na vertical aumenta consideravelmente a sua percentagem de concretização) começou a aquecer e disparou 3 bombocas que muito ajudaram a que fossemos para o intervalo a ganhar por 38-57.

Durante o intervalo, voltei a pensar: ou o CAB acalma o jogo e procura baixar o ritmo, tentando adormecer o Sporting (coisa que já devia ter feito na 1ª parte) ou a coisa pode ficar ainda mais negra para o lado deles, porque o que se viu na linguagem corporal dos jogadores na 1ª parte foi a de uns leões esfomeados que parecia que não comiam há mais de 1 mês!

CAB-SPORTING

O Sporting veio das cabines meio relaxado. Voltaram a entrar os que tinham acabado a 1ª parte e em 3 ataques consecutivos não marcaram (maus lançamentos e turnovers). O CAB faz um parcial de 4-0, salvo erro, e Luís Magalhães não hesita. Experiente, sabe que muitos jogos se ganham no 3º período e que estas vantagens podem ser facilmente anuladas. Voltam a jogo Travante, Fields e entra também, Diogo Araújo.

A intensidade que Travante coloca em jogo é contagiante e defensivamente estabilizamos. O problema foi ofensivamente. O CAB estava agora mais agressivo sobre o portador da bola e o Sporting ia acumulando erros e turnovers. A vantagem, que se mantinha estável nos 20 pontos, começava agora a esbater-se e a tornar-se perigosa, de tal forma que perdemos este período por 15-13. Aliás, perdemos toda a segunda parte por 33-30, o que deve ter deixado Luís Magalhães possesso!

O CAB, em vez de acalmar o jogo, voltou a acelerar. Melhorou defensivamente e voltou ao jogo bem coordenado e tiro exterior, mantendo sempre uma boa intensidade. Já não deu para fazer 25 pontos como no 1º período, mas, ainda assim, causou um pequeno “susto” no final do 3º e início do 4º período. O Sporting voltou a pegar no jogo e, aproveitando bem o seu jogo colectivo, voltou a fugir no marcador, fruto do jogo exterior, contra-ataque e do aproveitamento das entradas para o cesto.

Com o jogo já quase no fim e o Sporting a ganhar quase por 20 pontos, Luís Magalhães manda a sua equipa pressionar campo inteiro, como que a pedir mais e mais.

Para quem não percebe o porquê disto acontecer, eu explico:
1 – Luis Magalhães quer que os jogadores encarem os jogos com profissionalismo. A melhor forma de respeitar os adversários é jogar com a mesma intensidade e de forma séria do primeiro ao último minuto;
2 – Ao obrigar os seus jogadores a fazerem isto enquanto ganham por 20, está a passar a mensagem aos jogadores (na esperança que ela se interiorize) que ele quer que a equipa jogue sempre assim – Sempre com aquele intensidade e entrega, seja qual for o resultado, seja qual for o minuto de jogo.

Devia servir de exemplo para outras modalidades…

Notas soltas:
– Belíssima exibição de João Fernandes, que limitou Arvydas Gydra a apenas 3 pontos (só conseguidos na 2ª parte);
– Melhores combinações ofensivas, aproveitando melhor os bloqueios e a saída de Travante Williams dos mesmos;
– Aproveitamento do contra-ataque, onde, mais uma vez, fizémos mais de 20 pontos (22);
– Muitos minutos dados ao banco, nomeadamente Claudio Fonseca, Pedro Catarino e Diogo Ventura com cerca de 17 minutos. Travante e Fields apenas jogaram 23 minutos;
– 20 turnovers cometidos, mais 2 que o CAB. São demasiados!
– Apenas 38% da linha de lance livre;
– No CAB Madeira, belas exibições do base Mikkel Kolstad e do extremo Nuno Sá. A rever no futuro.

E está feito o resumo! Bom jogo de basquetebol, com um ritmo muito interessante, que chegou a ser frenético nalgumas alturas, e onde o Sporting aproveitou para rodar a sua equipa, jogando, a espaços, um basquetebol bem trabalhado e bonito.

Saudações leoninas a todos.

*quando o nosso Basquetebol entra na quadra, o Tigas dispara um petisco a saber a cesto de vitória sobre a sineta