A meio da semana passada, deslocámo-nos à bela cidade de Coimbra e vencemos a Académica local por 91-58. Se o resultado foi bom, a exibição nem por isso.

A Académica tem uma equipa interessante, onde pontificam Malcolm Richardson (o actual melhor marcador da liga), Robert McCoy, Daniel Relvão e Bakary Konate.
Para azar dos “estudantes”, o calendário não foi simpático para quem regressa à 1ª divisão do basquetebol nacional. Nas 7 jornadas já disputadas, a Académica já defrontou Porto, Benfica, Oliveirense e Sporting! Perderam todos estes jogos, mas deram boa réplica durante toda a 1ª parte a FC Porto e Benfica, e levaram a ainda bicampeã Oliveirense a prolongamento, em Oliveira de Azeméis. Para além do mais, a presença dos já citados Daniel Relvão e Konate, dois postes com 2,08m e 2,11m respectivamente, podiam causar problemas ao nosso jogo interior.

Como disse, o jogo não foi bonito em termos ofensivos. O Sporting encontrou uma Académica muito pressionante e estava algo trapalhão e com falta de eficácia. Fields estava a ter alguma dificuldade em receber a bola dentro em condições e o nosso tiro exterior teimava em não entrar. Felizmente, esta é uma equipa com uma matriz defensiva muito forte e as defesas não ganham só campeonatos, também ganham jogos.
O Sporting faz um grande 3º período, muito fruto do seu lançamento exterior e depois geriu o resultado nos últimos 10 minutos, mas sempre contra uma Académica muito pressionante.

Jalen Henry deve ser um assíduo leitor aqui na Tasca. Depois de ter alertado que parecia um jogador com falta de confiança, arrancou para 17 pontos, 2 triplos e 2 desarmes de lançamento, com 50% de eficácia de lançamento de campo.
Em termos gerais, apenas 9 triplos convertidos em 34 tentados, 14 roubos de bola e Travante, Fields, Ellisor e Jalen todos com dois dígitos no departamento de pontos marcados.
Quanto ao melhor marcador do campeonato, terminou o jogo contra o Sporting com apenas 6 pontos, depois de ter feito 25 contra o Benfica, 22 contra o FC Porto e 29 contra a Oliveirense.

Na manhã de sábado, que foi repleta de jogos, a equipa de basquetebol deslocou-se à cidade do Barreiro para disputar o segundo jogo desta semana. Mais um jogo e mais uma vitória, desta vez frente ao Barreirense por 77-103.

Terceiro jogo, nos últimos quatro, em que a equipa ultrapassa os 100 pontos, muito explicados pela forma como, na primeira parte, a pouca pressão do Barreirense levou a que o Sporting jogasse a seu belo prazer, circulando bem a bola e descobrindo sempre o homem livre para lançar. Resultado? 56 Pontos marcados em 20 minutos. Claro que, na segunda parte, o barreirense reagiu e surgiu mais agressivo, mas o Sporting já tinha o ritmo de lançamento adquirido e demorou pouco tempo a reagir e, apesar de ter perdido o 3º período e quase igualado o 4º, marca mais 46 pontos nos segundos 20 minutos de jogo.
Cláudio Fonseca, o patinho feio que, por vezes, é falado aqui na caixa de comentários (não é uma crítica a ninguém), arrancou para um 4º período dominador, onde faz 10 pontos (quase 1 / 3 dos pontos da equipa nesse quarto) e uns quantos desarmes de lançamento (terminando o jogo com 5). Jalen foi titular no lugar de João Fernandes e teve um belo desempenho a marcar Kurt James II (que nos deu muito trabalho no ano passado quando jogava no Maia e terminou este jogo com 12 pontos em 33 minutos), voltando a fazer mais 12 pontos, 2 triplos e 9 ressaltos. Mais do que isso, foi premiado com a titularidade neste jogo. Estaremos nós perante o “Rise of Jalen Henry”?!

Notas soltas:

Dois bons jogos de Jalen Henry. Não é tão atlético e vistoso quanto João Fernandes e não é tão bom atirador quanto se pensava inicialmente. É, isso sim, bastante discreto e, no final, olhamos para o papel e vemos os números. Penso que deverá surgir, a partir de agora, mais vezes no 5 inicial, alternando aqui e ali com o João Fernandes.
Sporting defendeu durante algum tempo da 2ª parte frente ao Barreirense numa zona 2-3. A intenção era fechar melhor os caminhos para o cesto ao poste Dakota Quinn (tem nome de mulher, mas não é) e aproveitar o facto do Barreirense não ter grande jogo exterior. Dakota causou-nos muitos problemas na 1ª parte, devido à sua mobilidade e boa leitura de jogo. Não acho que essa alteração tenha resultado, sinceramente, até porque uma defesa à zona com Fields no centro não resulta muito bem. Já Dakota Quinn, terminou o jogo com 22 pontos.

Já disse em cima que o Sporting é uma equipa com uma matriz defensiva muito forte e que vai ganhando confiança à medida que o jogo avança. E, à medida que a pressão defensiva aumenta, a equipa vai também subindo no campo, isto é, começa também a fazer a pressão no campo do adversário, sendo esta pressão maior quanto maior é a dificuldade sentida pelo adversário com essa mesma pressão.
O vídeo em baixo é do jogo frente à Académica. Neste lance, a Académica até consegue sair muito bem e rapidamente de uma pressão alta logo na sua saída de bola. Podia ter trazido um exemplo onde o Sporting conseguia roubar logo a bola e marcar 2 pontos, mas não era essa a minha intenção. O que eu queria era mostrar-vos: primeiro, como essa pressão é feita e o porquê dela ter sucesso; segundo, que mesmo conseguindo furar essa pressão, perde-se “x” tempo de ataque.

O que podemos ver aqui? Que a Académica saiu bem da pressão, tal e qual como está nos livros. E fê-lo de forma bastante rápida, diga-se.

Agora, observem este frame retirado do vídeo:

WhatsApp Image 2020-11-18 at 10.18.02

Quando a Académica consegue chegar ao meio-campo do Sporting, que poderia encontrar-se desposicionado defensivamente, quem recebe a bola? O poste Konate, que não tem poder de drible, desequilíbrio, decisão, nem tem lançamento de 3 pontos. E, para quem pensa que o Sporting pressionando alto se desposiciona, reparem que, apesar de estarmos em inferioridade numérica atrás da linha da bola, Konate não tem qualquer linha de passe fácil!
E, como se isso não bastasse, reparem bem na parte direita da imagem: rapidamente estão a chegar os restantes 3 jogadores do Sporting que faziam a pressão alta, primeiro que os jogadores da Académica que a sofreram…

Agora, vamos a um segundo frame deste mesmo clip:

WhatsApp Image 2020-11-18 at 10.18.10

Quando Konate consegue tomar a decisão e entregar a bola a um colega, já todos os elementos do Sporting e Académica se encontram no mesmo meio-campo. Agora, reparem no tempo que está no relógio de ataque: 15 segundos.
Quer dizer que a Académica, mesmo fazendo tudo bem e fazendo uma rápida transição de ataque, perdeu 9 segundos dos 24 permitidos para atacar! Já só tem 15 disponíveis. E agora, ainda vai ter que levar com a pressão habitual de Travante e Cª…
Agora imaginem quando a equipa adversária não faz as coisas como deve ser…

Acho que ficou bastante perceptível que a pressão que o Sporting faz é fruto de muito trabalho e organização. Não é qualquer jogador da equipa adversária que fica livre, a equipa não se desposiciona defensivamente, nem sequer nas transições, e a pressão não abranda (antes pelo contrário), só porque retiraram tempo de ataque ao adversário.

Na próxima semana, teremos uma pausa no campeonato para os compromissos das selecções e eu ganho uma semanita de férias, pagas pelo Cherba, claro! Se o Sr. Costa não permitir, talvez faça uma análise aos nossos adversários mais directos, FC Porto, Benfica e UD Oliveirense.

Saudações Leoninas a todos. Cuidem-se!

*quando o nosso Basquetebol entra na quadra, o Tigas dispara um petisco a saber a cesto de vitória sobre a sineta