O site Leonino tornou público um exclusivo, no âmbito dos últimos desenvolvimentos do Cashball, que surge dividido em três capítulos e que vale a pena ler.

TAKE 1: CAÇA AO HOMEM
Paulo Silva não esteve com André Geraldes em nenhum momento, nem sabia de nenhuma ligação deste a João Gonçalves. O Leonino teve acesso em exclusivo ao Apenso das Transcrições que está anexo ao processo Cashball, que contém informações explosivas.

Apesar da insistência de Tânia Laranjo, jornalista do Correio da Manhã, durante a entrevista a Paulo Silva, o denunciante do Cashball, que será agora o único acusado, recusou-se a falar do que não sabia.

O pagamento dos 30 mil euros, prometidos pela jornalista do Correio da Manhã, em troca de informações sobre futebol (20 mil euros) e andebol (10 mil euros) afinal não foram pagos porque segundo o advogado de Paulo Silva, Carlos Macanjo, a jornalista “não tinha colhido nada de futebol, apenas a situação do Freire e que você (Paulo Silva) não falou no André Geraldes, que só falou no outro (João Gonçalves)”, ao que o denunciante respondeu: “Eu não posso dizer se foi o André Geraldes, eu não falei com o André Geraldes como é que eu posso afirmar uma coisa?”, reforçando mais à frente nessa conversa, de dia 8 de Maio de 2018, que “não posso afirmar. Se eu tivesse falado com ele, eu dizia. Como disse que foi o João Gonçalves, se fosse com o André, eu dizia que foi o André Geraldes, mas se eu não falei com ele como posso dizer alguma coisa que não fiz? (…) Agora eu posso afirmar que foi ele? Não posso”.

Conversa telefónica entre Carlos Macanjo e Paulo Silva, 08/05/2018 às 14h06m

Carlos Macanjo (CM): (…) Ela o que me disse foi que apenas falou sobre o Freire, foi muito superficial. Que entretanto aquilo que se tinha combinado não era aquilo, que ela iria pagar 30 mil euros, 20 mil para falar de futebol e 10 mil para falar de andebol, que não tinha colhido nada de futebol, apenas a situação do Freire e que você não falou no André Geraldes, que só falou no outro, como é que ele se chama…?
Paulo Silva (PS): João Gonçalves
(…)
PS: Mas ela não quer pagar?
CM: Ela o que diz é que não foi isso que ficou combinado. (…) Ela ficou de mandar a entrevista para eu ver e tirar as minhas conclusões.
PS: Doutor, eu falei do Freire, fui perentório no Freire. Agora, eu não posso dizer se foi o André Geraldes, eu não falei com o André Geraldes como é que eu posso afirmar uma coisa? Eu deduzo.
CM: Pois.
PS: Agora não posso afirmar. Se eu tivesse falado com ele, eu dizia. Como disse que foi o João Gonçalves, se fosse com o André, eu dizia que foi o André Geraldes, mas se eu não falei com ele como posso dizer alguma coisa que não fiz?
(…)
PS: (…) agora eu posso afirmar que foi ele? Não posso.

TAKE 2: SÃO 30 MIL EUROS. ‘PILIM’ ACERTADO, MAS NÃO PAGO

Tânia Laranjo combinou pagar 30 mil euros a Paulo Silva, em troca de uma entrevista exclusiva. Seriam 20 mil euros se falasse de futebol e 10 mil se falasse de andebol. Como não obteve do entrevistado a informação que queria, que passaria por falar de André Geraldes, a jornalista do Correio da Manhã (CM) não deu seguimento ao pagamento. O Leonino teve acesso, em exclusivo, ao Apenso das Transcrições que está anexo ao processo Cashball, que contém informações explosivas.

Tudo foi tratado entre três partes. A saber. A jornalista, o denunciante e o seu advogado, Carlos Macanjo, figura central na negociação dos 30 mil euros com Tânia Laranjo, que inclusive garantiu a Paulo Silva que “isso que acertámos não é consigo, o que acertámos está tudo tratado com o seu advogado”.

E o que estava acertado concretamente? De acordo com Carlos Macanjo, em conversa telefónica de 8 de maio de 2018 com Paulo Silva, “o que ela (Tânia Laranjo) me disse é que tinham contratualizado consigo 30 mil euros, certo? E que você falaria do futebol e do andebol, sendo que o andebol eles pagariam 10 mil e do futebol eles pagariam 20 mil”. Só que depois da entrevista, a jornalista do CM entendeu não ter obtido as respostas que queria. Segundo o advogado do denunciante, “entretanto ela diz que você na entrevista não quis falar de futebol”, ficando assim o pagamento por fazer.

Estupefacto com a situação, Paulo Silva retorquiu, pedindo ao seu advogado: “Diga-lhe que tem de fazer a transferência hoje, mais nada, era o que estava combinado, já devia ter sido ontem, e agora ela não me disse nada antes, eles concordaram plenamente com o que eu propus e não falaram em alteração de nada”.

Segundo SMS intercetado pela Polícia Judiciária, o ‘pilim’ até seria pago na Invicta. Paulo Silva enviou uma mensagem a Carlos Macanjo a explicar que ia “dar a entrevista hoje (7 de maio de 2018), mas só entrego o áudio depois do pagamento. Amanhã, vou ao Porto buscar o pilim e depois entrego o áudio. O Rui vai comigo, mas não sabe valores”.

Conversa telefónica entre Paulo Silva e Tânia Laranjo, 7/5/2018 às 9h35m
Paulo Silva (PS): Olhe, eu vou sair daqui a um bocadinho para aí.
Tânia Laranjo (TL): Ai faz hoje então?
PS: Faço.
(….)
PS: Vai um amigo comigo, não vamos falar em valores, não vamos falar em nada disso, está bem?
TL: Sim. Isso que acertámos não é consigo, o que acertámos está tudo tratado com o seu advogado.
(…)
TL: Diga-me uma coisa, fazemos então a entrevista, é isso?
PS: Sim
(…)
TL: Aquele áudio está tratado, conseguiu?

Mensagem escrita entre Paulo Silva e Carlos Macanjo, 07/05/2018 às 9h54m
Paulo Silva: Vou dar a entrevista hoje, mas só entrego o áudio depois do pagamento. Amanhã, vou ao Porto buscar o pilim e depois entrego o áudio. O Rui vai comigo, mas não sabe valores”.

Conversa telefónica entre Paulo Silva e Carlos Macanjo, 8/5/2018 às 11h05m
Paulo Silva (PL): Já fiz aquilo.
Carlos Macanjo (CM): Pelos vistos não, falei com ela (Tânia Laranjo) e ela disse-me que não. Que relativamente aquilo que a gente tinha combinado, que não cumpriu nada.
PS: Não foi isso que ela me disse, mas ok.
CM: O que ela me disse é que tinham contratualizado consigo 30 mil euros, certo? E que você falaria do futebol e do andebol, sendo que o andebol eles pagariam 10 mil e do futebol eles pagariam 20 mil. E que você relativamente ao futebol não falou nada.
PS: Não. Falei tudo do Freire.
CM: Do Freire?
PS: Sim, tudo, inclusive valores.
CM: Mas não é isso que ela me diz.
PS: Mas foi isso que falei, tudo. Inclusive valores.
CM: Ela o que me disse é que você de futebol não quis falar nada, que se cortou, que disse que era mentira.
(…)
CM: Pois, mas o que ela me disse foi o que tinham acordado: que se falasse do futebol eram 20 mil euros e se falasse de andebol pagariam 10 mil euros e que queria garantir o exclusivo das coisas. Entretanto ela diz que você na entrevista não quis falar de futebol.
(…)
PS: E eu falei do Freire, contei a história toda do Freire e falei do andebol, não percebo qual é o problema dela.
(…)
PS: Eu disse-lhe a ela que lhe garantia o exclusivo, “ah e tal quando isto rebentar vai ter muita gente à volta de si”. Eu garanto-lhe o exclusivo, mas tem de pagar.
CM: Olhe, diga-me o que quer que eu lhe diga para por um ponto final na situação senão andamos a discutir o sexo dos anjos.
PS: Diga-lhe que tem de fazer a transferência hoje, mais nada, era o que estava combinado, já devia ter sido ontem, e agora ela não me disse nada antes, eles concordaram plenamente com o que eu propus e não falaram em alteração de nada.

TAKE 3: ‘PILIM’ SERIA PAGO AO ADVOGADO, E COM RECIBO
O pagamento prometido por Tânia Laranjo a Paulo Silva foi combinado com o advogado do denunciante, Carlos Macanjo, e incluía duas tranches de 20 e 10 mil euros, num total de 30 mil euros. Seria passado um recibo de serviços jurídicos, no qual se descontaria o valor do IRS e se incluiria o IVA. O Leonino teve acesso em exclusivo ao Apenso das Transcrições que está anexo ao processo Cashball, que contém informações explosivas.

Carlos Macanjo chamou a atenção ao seu cliente Paulo Silva. O valor que seria pago no Porto, onde está sedeado o advogado, teria de incluir o desconto do IRS, e no fim acrescentar os 23% de IVA. Isso mesmo se depreende na discussão por mensagem entre o jurista e o seu constituinte. “Falou-lhe (a Tânia Laranjo) de valores ou não? Não se esqueça que os valores em causa são contabilizados sem IVA e sem IRS. E isso não contabiliza o meu trabalho, o meu tempo, as minhas despesas”, explicou Carlos Macanjo, recebendo de volta um SMS de Paulo Silva com a sugestão de “cinco mil” euros pelo trabalho ‘jurídico’ deste acordo entre Tânia Laranjo e o denunciante.

O advogado, descontente com a proposta, replicou que pagaria “4.600 de IVA”, que são os 23% de 20 mil euros, que seria a tranche que a jornalista do Correio da Manhã pagaria se Paulo Silva falasse de futebol, em especial de André Geraldes, enquanto se falasse de andebol, pagaria 10 mil euros, o que de IVA dá “mais 2.500 euros na próxima tranche” (na verdade seriam 2.300 euros, mas Carlos Macanjo enganou-se na conta na mensagem que enviou).

Mensagens escrita entre Carlos Macanjo e Paulo Silva, 07/05/2018 entre as 11h43m e as 15h05m
Carlos Macanjo (CM): Falou-lhe de valores ou não? Não se esqueça que os valores em causa são contabilizados sem IVA e sem IRS. E isso não contabiliza o meu trabalho, o meu tempo, as minhas despesas.
Paulo Silva (PS): Não falei nada.
CM: Diga-me o que pensa fazer das questões que lhe coloquei.
PS: 5 mil.
CM: Está certamente a brincar…viu que pago 4.600 de IVA.
CM: Mais 2.500 na próxima tranche.
CM: Contabilize portagens gasóleo e desgaste do carro e acrescente o tempo perdido e o meu trabalho.
CM: Brincadeira.
CM: Só pode.
CM: Isto depois de lhe ter assegurado a ajuda pela sua louvável atitude parece-me muito pouco para quem lhe deu tanto.
CM: Não lhe mereço isso… e a ser assim… lamento mas não me parece que aceite andar um ano a correr para Lisboa para receber um valor que terei depois de pagar os impostos e deduzir as minhas despesas.