Com uma exibição que chegou a ter momentos de brilhantismo e que podia ter resultado num placard superior aos 3-0, o Sporting derrotou o Paços. Os Leões, sem Pedro Gonçalves, seguem para os oitavos de final da Taça, os castores, equipa sensação que havia atormentado milhafre e dragão, foram imediatamente transformados pelos comentadores desportivos em equipa banal que foi a Alvalade deixa a nu as fragilidades. Que la chupen y sigan chupando!

( Pedro Rocha / Global Imagens )

( Pedro Rocha / Global Imagens )

Não terei grande dúvidas em dizer-vos que, em meu entender, o Sporting fez, ontem à noite, a melhor exibição da época e logo no jogo em que se via privado de Pedro Gonçalves, figura maior desta rapaziada que nos vai encantando. Consistentes do princípio ao fim, os Leões dominaram um Paços de Ferreira que veio a Alvalade rotulado de equipa sensação que não dava margem para poupanças e que saiu derrotado sem apelo nem agravo e com os patetas dos comentadores desportivos, que recebem dinheiro para serem intelectualmente desonestos, a rotularem-no de equipa cheia de debilidades.

Mas essas debilidades só vieram à tona porque o Sporting foi uma equipa com fome de vencer do primeiro ao último minuto e que, justiça lhe seja feita, teve em Amorim um treinador que soube ler o adversário na preparação do jogo e ao longo de todo ele.

A manutenção de João Mário na zona cerebral, com o médio a fazer a equipa mexer-se mesmo quando a bola não passa por ele, o lançamento do rapidíssimo Tabata e a utilização de Tiago Tomás em vez de Sporar, para combinar com o já citado camisola 7 e com um Nuno Santos cada vez mais surpreendente, foi uma sentença de morte decretada antes mesmo do Pinheiro apitar para o início da partida. Porque, desde início, o Sporting foi capaz de saber sempre onde estavam os seus médios ou para onde Santos e Tabata derivavam, libertando os laterais para cavalgadas que deixavam a defesa amarela em estado de sítio. Porque, desde o inicio, Tiago Tomás, um menino de 18 anos com mais maturidade do que tanto pseudo-craque que custa milhões, soube que com ele o ataque à profundidade ganhava energia extra e obrigava o Paços a escolher entre jogar com linhas mais baixas ou a levar golos.

Depois, a inteligência da constante variação de flanco, das diagonais, da pressão feita ao portador depressa transformada em recuperações de bola e numa troca da mesma que se não vos fez sentir um pinguinho na cueca é porque são pessoas muito resistentes. Mesmo em zonas baixas, toma-toma-toma-toma-toma de pé para pé com confiança de gente grande e com a bola a sair redondinha para os nossos ataques, enquanto o Paços ficava sem hipótese de aplicar as transições.

E mesmo quando a equipa pareceu baixar as linhas de pressão, no início da segunda parte, se viu estratégia. Pepa fazia substituições atrás de substituições, o Sporting, já a ganhar 2-0, deixava passar 15 ou 20 minutos e alimentava o desespero dos castores que, com o tic tac do relógio, se desposicionaram de vez e permitiram que o Sporting passasse a jogar em transição e a estar perto de, em vez de três, terminar com uma mão cheia de golos.

Por falar neles, tão bela exibição só podia ter um resultado escrito a letras caligráficas. O golo às Henry de Tiago Tomás, o golo à Bruno marcado pelo Tabata, o golo que é nosso marcado pelo Palhinha, seguido de um sorriso que se viu mesmo abafado pelo abraço conjunto de uma equipa capaz de apaixonar-nos numa sexta-feira à noite.