As dificuldades frente ao Farense já tinham sido anotadas e ampliaram-se de forma exponencial frente ao B-SAD. Adán segurou o jogo, os Leões dobram o ano em primeiro, mas há claros sinais para Amorim perceber que as equipas estão cada vez mais bem preparadas para o seu 3-4-3 e que é fundamental encontrar um plano B

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O que fica são os três pontos. Foi complicado mas já sabíamos que ia ser assim. O Belenenses adaptou-se melhor ao relvado e nós tivemos dificuldades. Nesse aspeto, o Petit esteve melhor do que eu na preparação. Nós quisemos construir de trás. Mas não é desculpa, pois atuámos no mesmo relvado. Atrás, quando devíamos meter mais na frente e depois tentar uma segunda bola, tentávamos sair logo a jogar, pois estamos trabalhados assim. Devíamos ter feito ao contrário. E depois muitas vezes abusámos também no lançamento logo. Faltou se calhar o treinador preparar melhor o jogo para estas condições, mas os jogadores deram tudo. Já na segunda parte não demos tanto espaço para o Belenenses jogar“.

As desempoeiradas palavras de Rúben Amorim contêm diversas verdades, às quais poderemos juntar outra que ajude a explicar o porquê de, frente à equipa que tinha um dos dois piores ataques do campeonato, o Sporting ter permitido ao adversário criar situações de golo que não cabem numa única mão e que só não tiveram o caminho do fundo das redes porque Adan defendeu ou porque os avançados adversários mostraram pouca qualidade.

Tapados por amarelos e em risco de não jogar em Braga, Coates e Palhinha foram muito mais contidos do que o habitual, com destaque para o médio que costumam ser um verdadeiro tampão na intermediária leonina. Por exemplo, frente ao Farense, Palhinha fez cinco faltas, cinco desarmes e estevem em 25 duelos pelo chão e pelo ar. Ontem, Palhinha fez zero faltas, zero desarmes e estevem em 11 duelos pelo chão e pelo ar.

Isto ajuda a explicar, e muito, o espaço que foi dado a Afonso Sousa para jogar e o porquê da quantidade de oportunidades criadas pela B-SAD, surpreendente na abordagem à partida, lançando-se num 3-5-2 que encaixava no do Sporting, mas que lhe ganhava o meio campo e manietava as alas. À excepção de três belíssimas arrancadas de Porro e do cruzamento de Tabata para o golo madrugador de Tiago Tomás – o menino que decidiu um jogo para homens de barba rija, primeiro marcando, depois ganhando o penalti que João Mário haveria de converter – o Sporting foi incapaz de ser aquela equipa vertiginosa que sabe ser.

Em contrapartida, os azuis surgiam embalados uma e outra vez, com a agravante de cada bola metida nas costas da subida defesa leonina serem um verdadeiro suplício e um constante sufoco, ampliado pelas constantes escorregadelas dos jogadores no batatal a que chamam relva lá para os lados do Jamor. Ainda deu para a versão SAD dos pastéis falhar um penalti, num lance que nasce de um discutível fora de jogo de Silvestre Varela, mas a verdade é que o Sporting chegou ao intervalo a ganhar por 1-2.

Com Pedro Gonçalves completamente desinspirado, com Palhinha amarrado e João Mário isolado, o Sporting veio para o segundo tempo com alguns dos erros cometidos á corrigidos, mas sem a confiança necessária para tentar o 1-3 que mataria a partida. Tiago Tomás foi-se apagando, Tabata era só esforço e a equipa pouco existia em termos atacantes, nunca sendo capaz de, por exemplo, transformar em real lance de perigo aquelas vezes em que ganhou a linha e tentou os cruzamentos atrasados para a entrada dos médios.

Nem quando Tomás Ribeiro foi expulso por uma sucessão de cartões amarelos, o estado de espírito dos jogadores leoninos se alterou, agarradinhos à vantagem magra que protegia a liderança e com um valente susto quando viram a bola entrar na sua baliza, num lance onde existiram quatro foras de jogo azuis e que, claro, foi prontamente anulado.

No final, ficaram os três pontos, o Sporting dobra o ano em primeiro, mas fica um claro aviso para Amorim perceber que as equipas estão cada vez mais bem preparadas para o seu 3-4-3 e que é fundamental olhar para jogadores como Daniel Bragança para encontrar um plano B.

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