Dois dias, dois jogos, o mesmo adversário, à mesma hora e no mesmo local, mas para competições diferentes.

No sábado, dia 2, vencemos a Ovarense no Pavilhão João Rocha para a 12ª jornada do campeonato nacional, a Liga Placard, por uns esclarecedores 89-58.
A estratégia deste jogo ficou logo limitada pelo jogo do dia seguinte. Ao Sporting, interessava ganhar para continuar invicto no campeonato e poupar os seus principais jogadores para o dia seguinte, visto que se tratava de uma competição a eliminar.
À Ovarense, interessava tentar disputar este jogo até onde lhe fosse possível, poupando os seus principais jogadores e, quiçá, testando algumas soluções para o jogo a eliminar, no dia a seguir.
O jogo não teve grande história e eu nem vou fazer grande resumo do mesmo. Inicialmente, até esteve algo equilibrado, mas o Sporting aumentou um pouco mais a pressão defensiva e disparou no marcador. A Ovarense fez apenas 9 pontos no primeiro período e ao intervalo perdia por 20 pontos (46-26).
Fields, Travante e Ellisor fizeram todos perto de 20 minutos e João Fernandes fez apenas 15 minutos, sendo Fields o MVP do jogo com 16 pontos e 11 ressaltos.
Quer isto dizer que as segundas unidades tiveram muitos minutos. Devido à lesão de Shakir Smith e Diogo Ventura, Catarino surgiu como 1º base, substituindo no 5 inicial Francisco Amiel, e Jalen Henry voltou a ter minutos na posição 5 (poste), lugar onde poderá até ser mais útil do que na sua posição natural, a posição de extremo/poste.
Destas segundas opções, Catarino, Jalen Henry e Embaló estiveram em destaque em termos exibicionais, frente a uma Ovarense que também efectuou uma rotação maior do que a habitual e onde não forçou muito em termos de pressão defensiva. Verdade seja dita, o Sporting, após o intervalo, também não forçou muito em termos defensivos.

Destaques:
Travante – 11 pontos, 3 ressaltos, 6 assistências
Fields – 16 pontos e 11 ressaltos
Ellisor – 9 pontos e 3 ressaltos
Catarino – 10 pontos, 3 ressaltos e 4 assistências
Jalen Henry – 10 pontos, 10 ressaltos e 2 roubos de bola
Cândido Sá – 8 pontos e 5 ressaltos
Jorge Embaló – 9 pontos e 5 assistências

No domingo, dia 3, o mesmo adversário, mas um jogo diferente, desde logo porque era a eliminar, pois disputava-se a 2ª eliminatória da Taça de Portugal e, depois, porque quer o Sporting quer a Ovarense apresentaram-se diferentes, essencialmente em termos de atitude.
O resultado final voltou a contar com uma vitória do Sporting, desta vez por 93-80, que é o que nos interessa; contudo, a Ovarense foi capaz de marcar 80 pontos perante a equipa que melhor defende em Portugal.
Com parciais de 19, 20, 22 e 19 pontos marcados nos 4 períodos do jogo, a equipa de Ovar fez, ofensivamente, um dos seus melhores jogos este ano. Muito mérito para eles, que se apresentaram com uma defesa agressiva e a explorar muito bem o contra-ataque, sobretudo na segunda parte, mas não podemos deixar de fora da equação que o Sporting não se apresentou da mesma forma, em termos defensivos, como o fez noutros encontros.
O problema destas “jornadas duplas” é que, após uma vitória fácil no primeiro embate, existe um relaxamento natural no segundo jogo.
Voltámos a ver Catarino a primeiro base, onde esteve bem melhor que no dia anterior, pois conseguiu tirar partido dos bloqueios directos que lhe eram efectuados e o libertavam para lançar de 3 pontos. Voltámos a ver Henry na posição 5 (poste) e Cândido Sá na 4 (Extremo/poste).

48 Ressaltos, 22 dos quais ofensivos, 21 assistências e uns respeitáveis 37% de eficácia no lançamento exterior.

Destaques:
Travante Williams – 17 pontos e 4 assistências
James Ellisor – 22 pontos, 3 ressaltos e 3 roubos
Pedro Catarino – 20 pontos, 5 triplos e 5 assistências

Este duplo confronto foi importante, pois numa semana com 3 jogos (Porto e 2 vezes frente à Ovarense), tendo 2 lesionados na mesma posição, foi fundamental fazer uma maior rotação da equipa. Estes jogadores precisam de minutos e de forma consistente. Não será de estranhar que na segunda volta comecem a ter ainda mais minutos, não só porque teremos as competições europeias, Taça Hugo dos Santos e Taça de Portugal, como serão importantes para a fase final do campeonato, onde poderemos aliviar um pouco mais as “estrelas” de forma a estarem mais fresquinhas para os playoffs.

Gostei de ver Amiel no grupo dos titulares. Não gostei da sua exibição no sábado, mas gostei da que realizou no jogo de domingo. O Amiel traz uma dimensão defensiva à equipa melhor que a do Diogo Ventura, porém, ofensivamente, ainda não conseguiu encontrar o seu espaço. Penso que o seu crescimento passará por ter mais minutos ao lado de Ellisor e Travante e perceber que um bom base não é aquele que está sempre a driblar a bola. O Amiel vale muito mais do que aquilo que tem mostrado em termos ofensivos e quando conseguir perceber o seu papel e ganhar a confiança que lhe tem faltado, será uma peça importantíssima na rotação.

Jalen Henry tem vindo a ganhar minutos a poste. Visto que já se percebeu que os estrangeiros não irão ser trocados, pode ser uma boa solução de recurso, dependendo do confronto directo, obviamente. É bom defensor, bom ressaltador e pode espaçar o ataque com o seu lançamento exterior, embora a sua percentagem de 28% não seja nada famosa….

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No fim de semana de 9 e 10 de Janeiro, encerrou-se a primeira volta do campeonato. No Pavilhão João Rocha, para a 13ª jornada, o Sporting levou de vencida a formação da UD Oliveirense por 85-78, após prolongamento.

Norberto Alves foi ao bloco de notas e resgatou a estratégia que lhe valeu a vitória contra nós, na Meia Final da Taça Hugo dos Santos da época passada. Na altura, com Fields e Shawn Miller, a Oliveirense fechou a sua área pintada em termos defensivos e carregou no jogo interior em termos ofensivos. Foram reis e senhores das tabelas, com Fields e Miller a fazer duas excelentes exibições.
Desta vez, sem estes americanos, Norberto colocou Alston e o mais recente reforço, Cleare, nos mesmos papéis.
Cleare ficaria emparelhado com Fields, porque tem peso para aguentar o americano do Sporting (e para quem não sabe, nas zonas próximas do cesto, o peso, muitas vezes, faz bastante mais diferença que a altura) e Alston ficaria emparelhado com João Fernandes.

E foi assim que a Oliveirense começou a ganhar primazia no jogo. Alston tem lançamento de média distância (tal como tinha Shawn Miller), o que permitia o espaço para Cleare trabalhar próximo do cesto (tal como nos fez Fields no ano passado). Na defesa, estes dois rapazes fechavam a área pintada, ficando Munnings, Barbosa e Grosso para o jogo exterior. E resultou ou foi resultando… O Sporting defensivamente tentou retirar a organização ofensiva da Oliveirense, pressionando imenso José Barbosa, mas os nortenhos vinham preparados para isso. Entretanto, o Sporting foi conseguindo recuperar e ganhar alguma vantagem, graças aos 11 pontos consecutivos de Travante Williams, sendo 9 deles fruto de 3 triplos consecutivos.
O segundo período foi mais uma batalha tática. Tal como se assistiu no jogo frente ao Porto, para cada substituição de uma equipa a outra respondia. Tudo para que as duplas criadas na mente de ambos técnicos continuassem juntas e não se desfizessem. Quer Norberto, quer Magalhães tentavam não perder vantagem e tirar partido de alguma falha do outro lado da barricada. O Sporting ficou cheio de faltas muito cedo e a Oliveirense decidiu atacar o cesto, de forma a poder usufruir dos lances livres e condicionar alguns jogadores que ficariam com mais faltas. Defensivamente, a Oliveirense mudou a sua defesa para uma zona 2×3, à qual o Sporting demorou a adaptar-se, o que lhes valeu uma recuperação no segundo período.

Ao intervalo perdíamos por 1 ponto. 46-45 para os visitantes.

Na segunda metade do jogo, as equipas surgiram diferentes, ainda mais agressivas e aguerridas defensivamente. A intensidade do jogo cheirava a playoffs…
O Sporting veio do Balneário com uma missão – equilibrar a luta nas tabelas! Em termos de ressaltos, a Oliveirense dominou na primeira parte, quase a seu belo prazer. Os primeiros minutos mostraram uma luta titânica nas tabelas, com ambas as equipas envolvidas no ressalto defensivo e ofensivo.
Este terceiro período voltou a ser uma luta entre Fields e Cleare, mas, desta vez, a vantagem foi para o nosso americano. Ofensivamente, continuávamos com dificuldades em entrar na área pintada e a tomada de decisão em termos ofensivos não era a melhor. A estratégia da Oliveirense no 3º período resultou. Travante atinge a 4ª falta e vai para o banco…

22 pontos depois (11 para cada lado) entramos no 4º período, ainda a perder por 1 ponto.

Shakir (Amiel estava tocado, ao que parece), Ellisor, Catarino, João Fernandes e Claúdio Fonseca foram os escolhidos para atacar o derradeiro período.
A Oliveirense estava muito segura no jogo e Norberto é dos melhores treinadores portugueses, quiçá o melhor no banco a ler o jogo e a fazer alterações que mudem o cariz do mesmo. Ao vê-los assim a ganhar por 1 ponto à entrada do último período e nós sem Travante, confesso que pensei que a coisa corresse mal… Dei por mim a esperar que o cansaço se fizesse notar na equipa nortenha.
Felizmente para nós, individualmente ainda vamos tendo algum talento e Catarino converte um triplo. Seguiu-se Ventura. Pelo meio, João Fernandes dá um abafão e, de repente, estamos a ganhar por 4 pontos.
Até final, a Oliveirense ainda faz pressão campo inteiro com a diferença a andar entre 5 e 3 pontos. No final, o Sporting defendeu mal as últimas 3 posses de bola e a Oliveirense ainda teve oportunidade para vencer o jogo. Soa a buzina com 74-74!

No prolongamento, penso que o cansaço veio ao de cima. As tomadas de decisão não foram as melhores, mas, assim que nos vimos na frente, não mais de lá saímos. Obrigámos a Oliveirense a tentar parar o relógio, fazendo faltas, não sem antes Ventura ter “selado”, a meu ver, a vitória com um triplo a 1:11 minutos do fim. E que triplo!
Apesar da boa entrada do Catarino, dos dois primeiros períodos do Travante e da luta de Fields e João Fernandes nas tabelas, o MVP deste jogo foi, mais uma vez, Diogo Ventura.

Destaques:
Travante Williams – 27 pontos, 4 triplos e 5 roubos de bola
John Fields – 7 pontos e 12 ressaltos
Diogo Ventura – 17 pontos, 3 triplos, 8 ressaltos e 6 assistências
Pedro Catarino – 10 pontos

No final, Norberto Alves disse que, e passo a citar: “A filosofia do Sporting é “tu resolve”, na Oliveirense temos de ser nós a resolver.”.
Ofensivamente, a equipa do Sporting tem um “playbook” limitado. Vivemos muito de bloqueios directos e da leitura do que daí resulta. Os jogadores lêem o jogo e procuram os “missmatchs”, procurando todas as vantagens possíveis. Como se costuma dizer: “jogamos com aquilo que a defesa nos dá”. Isto tem algum mal? São estratégias. A Oliveirense tem as deles, nós temos as nossas. Cabe a cada treinador tentar extrair o melhor de cada jogador e do conjunto, tendo em conta o objectivo final, ganhar!
Contudo, se não perceberam o Norberto, eu traduzo: “Eu, em 3 anos, perdi Eric Coleman, Travante Williams, James Ellisor, Marc-Eddy Norelia, Arnette Hallman, Corey Sanders, entre outros, e agora acabei de levar a prolongamento o líder invicto, jogando com o Fábio Grosso no 5 inicial… Estou com uma azia que não posso!”. Eu também estaria, se estivesse no lugar dele! Mas eu gosto é desta azia nos outros! É azia da boa! 🙂

Hoje há novo jogo, às 20h30, no João Rocha, frente ao Galitos. E se já seria motivo para ficarem atentos, permitam-me acrescentar “fiquem ligados!”, porque pode haver brevemente uma surpresa bombástica, o que, a acontecer e face aos recentes fechos, cortes e despedimentos, seria algo ridículo e incoerente, mas nada que me surpreenda nesta direcção…

Saudações leoninas a todos!

*quando o nosso Basquetebol entra na quadra, o Tigas dispara um petisco a saber a cesto de vitória sobre a sineta