Jack Welch, provavelmente o gestor mais bem sucedido do século XX, que comandou a GE – General Electric – durante vários anos, dizia que “para gerir é preciso ter em conta duas medidas, 1) a satisfação dos clientes e 2) a satisfação dos trabalhadores/funcionários. Se um gestor tiver na sua empresa esses índices bem, e a partir daí medir-se o cash flow verificará que à medida que os índices de satisfação dos seus trabalhadores e dos seus clientes crescem, então o cash flow crescerá também”.

Esta minha tradução livre significa tão simplesmente que nenhuma organização pode prosperar sem ter quem nela trabalha envolvida e a acreditar no caminho traçado, e sem ter as pessoas a quem se destina esse trabalho satisfeitas. Só quando esse binómio fica preenchido é que é possível ter o dinheiro a entrar e a completar o círculo virtuoso.

Ora se estivéssemos a analisar a gestão do Sporting CP com este Conselho Diretivo e Conselho de Administração da SAD, tal como Jack Welch o fazia, teria que ser decretado o Estado de Emergência Sportinguista, senão vejamos:

✓ Sócios insatisfeitos, a chumbarem as Contas e o Orçamento em AG, conflitos abertos entre Sócios e Direção.
✓ Défice de tesouraria operacional, que é coberto e financiado com antecipação de receitas e venda de ativos para pagar salários. Acrescente-se o acumular de dívidas a fornecedores que não para de aumentar
✓ Despedimentos de funcionários, o que provoca ondas de choque nas organizações onde a chamada “rádio alcatifa” passa a ser dominante e o tema “quem é o próximo?” incontornável, isto tudo enquanto se instala um clima de desconfiança e de medo, com a consequente baixa de produtividade.

Este último ponto entrou na agenda mediática esta semana, um dia antes de ser anunciado um endurecer das medidas de confinamento do Estado de Emergência em Portugal. Não será inocente o momento escolhido por Frederico Varandas para enviar os e-mails – sim, a coragem não chega para se falar com as pessoas cara a cara. O timing e forma é reveladora do caráter frio e insensível que é marca registada deste mandato.

Mais uma vez este Conselho Diretivo e Conselho de Administração esconde-se nos momentos críticos da vida do nosso Clube. Não dá a cara, nem dá explicações aos Sócios, mas sempre vai passando a informação cá para fora, pelas vias habituais, e com o guião de sempre, já gasto de tanto uso. As famosas poupanças.

Parece que desta vez decidiram poupar 1 milhão de euros – pelas minhas contas deve ser menos – que é como quem diz “6 meses de salários do Ilori”.

Este Conselho Diretivo, que em 2 anos de mercados gastou mais de 70 Milhões de Euros, grande parte deles sem retorno desportivo ou financeiro, anda agora a poupar nos “clips e fotocópias” para tentar respirar no meio da asfixia financeira em que se atolou, e para o qual tanto ajudou, nomeadamente com a eliminação da Liga Europa, que poderia ter dado cerca de 10 Milhões de Euros, que corresponderiam a mais de 10 anos de custos salariais com as pessoas que agora despede.

Em minha opinião, estes despedimentos impedem moralmente qualquer contratação para substituir as pessoas agora despedidas, e não quero acreditar no que me disseram, que já há pessoas em calha para preencher as vagas abertas, isto quando entram no último ano de mandato. Assim como espero que, se o argumento são as poupanças, então que se poupe a sério e também não se contrate nenhum jogador para o Futebol, quer neste mercado, quer no mercado de verão.

Termino com uma palavra apreço para as pessoas que estão neste processo. Obrigado pelo serviço prestado ao Sporting CP.

Texto escrito por Nuno Sousa no site Leonino.pt
*“outros rugidos” é a forma da Tasca destacar o que de bom ou de polémico se vai escrevendo na internet verde e branca