Eu tenho muito respeito pelo voleibol. O cliché “esta modalidade deu-me muito mais do que aquilo que eu esperava” enquadra-se perfeitamente. Tenho amizades com 20 anos graças, precisamente, ao voleibol e é este o ponto para hoje – a amizade.

Tenho tido a sorte, por ser novo, de assistir a poucas partidas dolorosas na minha vida, seja de familiares ou amigos. A vida tem sido boa comigo, põe-me a sofrer pouco. No entanto, a primeira vez que sofri por alguém foi o voleibol que me deu isso. A amizade forte por um amigo (ainda hoje é) levou-me a sentir a perda do seu pai, há 17 anos, como algo duro. Um choque perante uma realidade que ninguém está, jamais, preparado para sentir.

Tantos anos depois, esta semana, recebi uma notícia igual. O pai de outro amigo faleceu. A amizade com este meu amigo foi proporcionada pelo voleibol, mais uma vez. Como disse, o voleibol dá alegrias, muitas, e por isso também oferece socos no estômago como este.

Não conhecia o seu pai que partiu, mas conheço o filho. Ninguém é filho assim sem ter um pai dos bons. Ninguém é filho assim sem ter uma educação das boas. Ninguém é filho assim sem ter amor dos bons.

Certamente que há muito para agradecer ao pai do meu amigo, nem que fosse apenas a amizade voleibolística que proporcionou. Por isso, hoje o post é de homenagem a alguém que leva com o artigo do “bonito serviço”, semanalmente, ouvindo sempre um “dá aí uma vista de olhos antes de publicar” e hoje está a sofrer.

Tento aceitar a morte, tal como a vida, com a naturalidade que tem. Ter fé ajuda bastante porque é na morte que tudo começa. Na morte não há lições de moral, há sim agradecimentos, se assim for, pela vida da pessoa e por aqueles que, de alguma forma, foram tocados por ele. O voleibol dá-me muito, mas também me dá momentos de tristeza partilhados.

Há muitos anos aprendi que o balneário ensina o que é a irmandade e a união. O balneário rouba um bocado daquilo que somos, para colocar um pouco da identidade do colega do lado. Irmandade, disse eu. Não há meios termos aqui, ou há ou não há esta ligação. Quando há, a amizade ganha sempre. Gostava de ter falado das 4 vitórias deste fim de semana, principalmente da que as meninas tiveram, heroicamente, no Porto Volei. Desculpem, não é dia.

Um abraço de força, meu amigo.

*às terças, o Adrien S. puxa a bola bem alto e prega-lhe uma sapatada para ponto directo (ou, se preferires, é a crónica semanal sobre o nosso Voleibol)