Sou gajo para apostar que não existe um Sportinguista que no arranque desta nova época ousasse afirmar, em tom sério, que no final da primeira volta estaríamos em primeiro. Menos ainda, se esse prognóstico incluísse 6 pontos de vantagem para o fcp, 9 para o braga e 11 para o benfica.

É realmente engraçado ver a irritação generalizada pelo facto de, mesmo face a estes números, o Sporting, pela voz do seu treinador, não alterar uma vírgula ao discurso e manter o plano inicial: jogo a jogo. Obviamente que na cabeça de Amorim e de todos os que compõem o plantel existe a noção de onde estamos e um objectivo comum, o título, mas tudo depende, efectivamente, dos três pontos que se conquistem jogo após jogo. E para tentar amealhar o máximo de pontos, houve mexidas no plantel.

A chegada de Paulinho, sobre a qual já escrevi aqui, surge com o peso dos números, mesmo que já tenha sido informado que só começamos a pagar o avançado na próxima época. Não querendo ir tanto por essa via, que deverá ser analisada nos próximos prestar de contas desta direcção, também vos sou muito sincero: prefiro comprar um Paulinho do que o Jesé mais um Boulasie mais um Fernando. Tal como serei apologista de dar 8 milhões por um porro em vez de gastá-los num Rosier e num Rafael Camacho. A lógica sempre foi essa: uma base com prata da casa enriquecida com jogadores de inegável qualidade, um caminho que será tão mais complicado de fazer quanto mais tempo se perder a gastar dinheiro em pseudo reforços ou pseudo craques.

Indo, então, directo ao rendimento desportivo, espero claramente que Paulinho seja um reforço a sério. Não sou grande fã do jogador, é verdade, mas foi claro aquilo que pode acrescentar no jogo de estreia. A capacidade de jogar entre linhas, o segurar da bola, a presença física, a completa perceção do que fazer com ela em benefício da equipa. Os golos, acredito, surgirão com total naturalidade e com o progressivo entrosamento. No meio de tudo isto, tenho receio de, face ao empréstimo de Sporar, continuarmos a ter apenas Paulinho e Tiago Tomás como opções para a posição 9, mas aí é fazer figas para que nenhuma lesão ou covid resolva dar um ar de sua desgraça.

Já que falamos em atacantes, Pedro Marques poderá evoluir com o empréstimo ao Gil Vicente. Gostava mais que tivesse rumado ao Farense (quer dizer, com o regresso de Jorge Costa não sei), mas a ida para Barcelos será sempre melhor do que continuar a jogar numa equipa B com nível demasiado baixo para o nosso ponta de lança. Pedro Mendes rumou à Madeira, tentando que a passagem pelo Nacional corra inversamente melhor em relação aos meses passados em Espanha (pelo menos vai para uma equipa que tenta jogar à bola).

Do ataque para a defesa, dois reforços: João Pereira e Matheus Reis.
João Pereira vem resguardar qualquer impedimento de Porro e dar ao balneário o cimento que Coates, Vitorino ou Neto já dão. Conhecedor da casa e do campeonato português, é um acrescento de experiência numa fase em que é fundamental que os mais novos não se deixem levar demasiado cedo às nuvens. E é um homem de inteira confiança de Amorim que, no final desta época, terá em João Pereira o treinador de uma das equipas de formação. Do lado direito para Vila do Conde seguiu Rafael Camacho, rapaz a quem a falta de humildade impediu de ver a utilização a lateral direito como uma oportunidade. São cinco milhões empatados que precisamos recuperar.
Matheus Reis vem rotulado do gajo que se recusou a jogar pelo Rio Ave, vem a precisar de ganhar ritmo e vem ocupar o lugar de Borja, cedido ao Braga no negócio Paulinho. Forte fisicamente e ofensivamente, numa tipologia semelhante à de Porro, resta saber o que pode oferecer à equipa, até porque joga facilmente como terceiro central do lado canhoto.

Resumindo e baralhando, creio que o Sporting sai mais forte do mercado de inverno e com um plantel onde as lacunas que possam existir terão a seu favor o facto de, infelizmente, já não estarmos nem nas competições europeias nem na Taça de Portugal.

Adán e Max;
Porro, João Pereira, Coates, Inácio, Quaresma, Neto, Feddal, Matheus Reis, Vitorino Antunes e Nuno Mendes;
Palhinha, Bruno Paz, Matheus Nunes, Daniel Bragança e João Mário;
Pedro Gonçalves, Nuno Santos, Tabata, Plata e Joelson;
Tiago Tomás, Jovane Cabral e Paulinho

É com esta rapaziada que partimos para a segunda volta e para um mês que, em minha opinião, decidirá a história do campeonato, começando com o que se vai passar esta noite, em Braga.
Começámos de forma perfeita, derrotando o benfica (1 fev)
Continuámos sem espinhas, indo ganhar à Madeira (5 fev), numa jornada quase perfeita tendo em conta os empates de fcp (BeSad) e benfica (Guimarães)
Depois de amanhã (9 fev), iremos a Barcelos, defrontar o Gil Vicente, quem sabe se com a oportunidade de colocar o fcp a 8 ou a 9 pontos de distância.
aqui pelo meio há mais um Braga vs fcp, a contar para a primeira mão da meia final da Taça de Portugal, no dia 10 à noite
No dia 15, quando passamos a jogar uma vez por semana, recebemos o Paços de Ferreira, equipa sensação deste campeonato, com fcp a receber o Boavista e o benfica a ir jogar ao campo do Moreirense.
aqui pelo meio há um fcp vs Juventus a contar para a primeira mão dos oitavos de final da champions, no dia 17
aqui pelo meio há benfica vs Arsenal e um Braga vs Roma, a contar para a primeira mão dos 16 avos de final da Liga Europa, no dia 18
Cinco dias depois (20 fev), novamente em Alvalade, recebemos o Portimonense, enquanto fcp vai ao Marítimo e o benfica vai a Faro.

Acredito que, na pior das hipóteses, chegamos ao jogo que fecha o mês, o clássico, no dragão, com os seis pontos de vantagem que temos neste momento. Mas, lá está: para que isso aconteça, o mais importante ganharmos o jogo ao Gil Vicente. Jogo a jogo.