Enorme prova de maturidade e de consistência por parte do Sporting, ganhando sem mácula ao Paços sensação e aumentando para dez pontos o avanço em relação ao segundo classificado. João Mário foi o maestro invisível de uma equipa onde todos trabalham para um objectivo que está cada vez mais próximo

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O jogo era de nível de exigência alto e o Sporting respondeu a preceito: mais um jogo, mais uma vitória, mais um passo rumo a um sonho cada vez mais palpável, mas sobre o qual nos dizem para não falar. Assim sendo, e mesmo que uma distância de 10, 11 e 13 para segundo, terceiro e quarto classificados, respectivamente, jamais tenha sido invertida quando atingida por esta altura do campeonato, não vos falo sobre esse sonho e limito-me a escrever sobre o jogo.

O fcPorto tinha escorregado e o Sporting podia alargar a distância para o seu mais directo perseguidor. A separá-lo dessa possibilidade, o Paços, equipa sensação da prova, que chegava a Alvalade com a possibilidade de chegar ao quarto lugar em caso de vitória. Tiago Tomás, Gonçalo Inácio e João Mário surgiram no onze inicial e a máquina continuou bem oleada e focada desde o primeiro minuto, proporcionando oportunidade a Paulinho de abrir o activo ainda o jogo se espreguiçava, depois de belíssima jogada entre João Mário e Peter Potter, com o 28 a fazer um passe de mágica ao qual o avançado respondeu de calcanhar para aquilo que seria um grande golo.

O Sporting era paciente e esperava pelos momentos certos para colocar a bola com conta peso e medida nas costas da defesa visitante. Foi o que Feddal fez, ali por volta dos 20 minutos, quando meteu a preceito no espaço aberto para a diagonal de Potter. Rebocho (o Gabriel Alves avisou) mostrou toda a sua fragilidade futebolística e atropelou o camisola 28 leonino, dizendo que tinha feito carga de ombro. Acontece que as cargas de ombro não se fazem nas costas e, assim sendo, penalti. João Mário bateu e com toda a calma colocou o Sporting na frente do marcador.

Por falar em João Mário, o que se seguiu foi notável e, ao que parece, invisível aos olhos de muito boa gente, tal o número de Sportinguistas que acham que o craque leonino está fora de forma e não tem intensidade. A verdade é que João Mário foi o verdadeiro maestro da equipa, gerindo os tempos de segurar e de largar a bola, de contemporizar ou de acelerar (ok, só não consegue controlar Porro, mas os cavalos selvagens são mesmo assim). Com o Paços a subir linhas e a intensificar a pressão, o médio calçou as pantufas e deu ao Sporting toda a tranquilidade necessária. Tanto assim foi, que só por uma vez os castores deram sinais de vida ao longo da primeira parte, numa jogada que permitiu a Luther Singh (sou só eu a achar este nome fascinante?) disparar à entrada da área para defesa atenta de Adán. Na baliza contrária, Coates este perto de voltar a marcar depois de três tabelinhas aéreas, mas a mira estava descalibrada.

Perfeita esteve a de Palhinha, logo a abrir o segundo tempo: novamente na sequência de um canto, Feddal saltou mais alto e a bola dirigiu-se para a zona onde estava o camisola seis que não perdeu tempo e rematou de primeira, cruzado, para um golaço que acabou com o jogo quando ainda faltava tanto para o apito final. O Paços até tinha bola, mas o posicionamento e a basculação leonina retiravam-lhe todo o espaço para poder criar algo com ela. A excepção foi uma bomba de Douglas Tanque à malha lateral, momento raro na arte de fugir a uma defesa leonina intratável e com uma notável capacidade para gerir a arte do fora de jogo. No fundo, o Sporting geriu como quis e fê-lo desde o primeiro minuto, face a um adversário que sabe jogar à bola, mas que viu a sua identidade anulada.

No meio de tanta coisa boa, só foi pena Coates não ter forçado um amarelo que lhe permitisse limpar a folha frente ao Portimonense e… ok, ok, não se pode falar em mais do que um jogo de cada vez, mesmo que seja dizer que faltam 15 e temos que ganhar 12. Assim sendo… bem, vamos devagar, de 3 em 3 sempre a somar e desta vez nem foi precisa a estrelinha a acompanhar.

Eu sei
Diz-te a canção do medo
Vê-se um dia o tempo não vos traz
Mas perde a noção do tempo
Quando eu amo é sempre devagar

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