Melhorar o desempenho físico e prevenir lesões. Resumidamente, é o objetivo da Unidade de Performance criada há dois anos no Sporting, que já monitoriza por GPS todos os treinos e jogos desde os sub-15, elabora planos individuais e de maturação para os jogadores e tem um preparador físico por escalão. A unidade é coordenada por Francisco Tavares, cujo passado é ligado ao râguebi – trabalhou no Glasgow Warriors, da Escócia, e nos Chiefs, um dos melhores clubes da Nova Zelândia – e lhe permite afirmar, à Tribuna Expresso, que o futebol ainda está a alguma distância do seu primo oval no que toca à literacia atlética

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O que faz exatamente a Unidade de Performance do Sporting?
Balizamo-nos em duas grandes vertentes: o aumento da performance e a prevenção de lesão. São os nossos dois grandes focos e estão as duas interligadas, quanto mais capaz um atleta estiver para jogar o jogo, mais prevenido de lesões também está. Tem mais tolerância à carga, dizemos assim. O que fazemos é montar ferramentas e monitorizar de forma a conseguir levar os nossos atletas a esses dois grandes objetivos, tanto do ponto de vista individual, como do coletivo. Temos uma série de ferramentas que usamos frequentemente.

Por exemplo, se um miúdo entrar nos sub-14 e depois chegar à equipa principal, independentemente de quem lá esteja a treinar haverá informação sobre esse jogador relativa a todo o seu percurso?
Sim, o nosso processo é transversal e as ferramentas são aplicadas de forma progressiva. Mesmo os questionários para os atletas responderem quando chegam, para ver a prontidão para o treino, começam com coisas muito simples a determinada idade, depois vão complicando e ficando cada vez mais complexas até chegarem aos sub-17, onde os relatórios já são iguais aos da equipa A. Tentamos que o atleta vá ganhando alguma experiência, alguma noção. Muitas vezes aplicamos este tipo de ferramentas mais para o atletas saber que existem e ficar familiarizado com elas, do que propriamente para nos focarmos nos números que recolhemos. Um dos meus grandes objetivos é aumentar a educação atlética, que ultrapassa os anos de prática enquanto jogador de futebol. Podemos ter atletas com 10 ou 15 anos de futebol, ou até mais, mas cuja idade atlética é baixa. Gosto de defini-la como o conhecimento que o atleta tem em tudo o que são áreas peri-treino propriamente ditas: perceber porque está a ser testado; porque se utiliza o GPS e cardiofrequencímetros; perceber porque passam tempo no ginásio e esse treino vai assumindo diferentes características ao longo do ano; perceber porque têm de comer o que devem comer antes do exercício físico; e porque o sono é tão importante. Com um atleta que esteja educado neste sentido nós conseguimos responsabilizá-lo, porque ao nosso olhar não é justo responsabilizar alguém que não esteja educado, nem entenda as bases. Claro que todos os jogadores a este nível têm uma experiência muito grande, e valorizamos isso, mas, nesta área mais específica e que está em evolução muito grande, queremos mesmo montar um currículo de educação atlética.

Uma espécie de literacia atlética?
Sim, conteúdos que vão ser abordados em diferentes escalões e áreas, de forma a garantirmos que quando um atleta chega aos sub-17 ou aos sub-19 já saiba perfeitamente o que é um macronutriente, ou que tipo de suplementação deverá tomar na fase de treino em que está. Damos sempre supervisão, mas para nós é importantíssimo termos o buy in dos atletas.

O objetivo a longo prazo é conseguir que um jogador seja quase capaz de tratar sozinho dele próprio?
Não, não, é entenderem o porquê de fazermos o que estamos a fazer, perceberem que é para eles e conseguirem tirar o maior proveito possível. Mesmo em termos fisiológicos, no treino temos diferenças claras nas repostas conforme o atletas esteja motivado para o que está a fazer, ou não. Se vamos meter um jogador num ginásio, a fazer um certo exercício e lhe pedimos para ser o mais veloz possível, a diferença da motivação e do interesse vai levar a que as respostas fisiológicas sejam bastante diferentes. Queremos atletas que realmente façam as coisas por entenderem que é para eles, mais do que lhes estarmos a dizer.

Há dois anos, quando começaram, notaram que havia desconfiança e desinteresse da parte dos jogadores?
Sem dúvida.

No futebol ainda existe aquele cliché de a força, o ginásio e as cargas não importarem muito, porque o que interessa é o talento com a bola?
Notávamos. Ninguém consegue dizer que o treino físico desintegrado do futebol é mais importante do que o treino de futebol propriamente dito. Nós queremos jogadores de futebol e queremos otimizá-los. Mas vão existindo sempre opiniões diferentes. Tentamos ter uma abordagem atlética, acreditando que desenvolvendo o jogador enquanto atleta, potenciando as suas qualidades físicas, conseguimos torná-lo mais apto para jogar o jogo e que o jogador esteja menos tempo lesionado durante a época. Neste momento, estamos com muito boa sincronia com o departamento técnico, estamos aqui para os servir e nunca o contrário, temos plena noção disso. Percebemos que, em determinadas alturas, é importante desenquadrar o atleta de um contexto de futebol para o potenciar noutras áreas e se a decisão for nesse sentido, fazemos isso. Temos vários standards por posição e idade do ponto de vista mais analítico – testes físicos de força, potência, velocidade e resistência – e três vezes ao ano avaliamos todos os atletas da Academia. E o que queremos? Perceber onde está aquela atleta em comparação com os seus pares e perceber quais são os pontos fracos e fortes e desenhar um plano de treino que vá ao encontro das suas necessidades. Temos essa individualização dentro do trabalho coletivo.

Imaginemos que amanhã o Sporting vai buscar um jogador de 15 anos. Como começa o vosso processo com ele?
Temos sempre de entender qual é o background do atleta, não podemos queimar etapas. Às vezes, já sabemos que já passaram por três ou quatro anos de uma supervisão maior no clube anterior, mas os nossos profissionais conseguem facilmente percebê-lo e fazemos uma integração progressiva. Tentamos não ser muito agressivos na abordagem, quando acharmos que já estão capazes expomos o atleta aos tais testes e verificamos onde se encontra.

E se for um jogador mais velho e contratado para a equipa principal?
Muda um pouco, porque existem idades em que o risco de lesão é muito menor vs a carga. Depende um bocadinho da idade do atleta e ainda mais do background que tiver de treino. São jogadores que já têm muito mais horas de trabalho do que atletas mais novos, podem começar a ter algum de limitações e a última coisa que queremos é aumentar o risco. Para isso, as coisas têm de ser feitas talvez com ainda mais cuidado na equipa B.

Já aconteceu terem de desconstruir hábitos que jogadores tragam de outros clubes?
Não temos assim tantos atletas a virem de fora, temos muitos formados aqui e os que vêm de fora costumam vir de clubes mais pequenos em Portugal. Vindos do estrangeiro não acontece muitas vezes, mas temos alguns que vêm de clubes ingleses, onde esta parte é bem trabalhada, embora ache que eles percebem que temos um cuidado redobrado com estes assuntos, estamos bem em cima do acontecimento e bastante atualizados nesta área das Ciência do Desporto. Eles apercebem-se, sentem confiança e acabam por se integrar.

Os clubes grandes ingleses são os que estão mais à frente nesta área?
O Arsenal, certo. Onde está a liderança mundial é no Reino Unido, na Austrália e na Nova Zelândia. São os países onde a área está mais avançada, já existe uma linguagem comum e muito balizada. Ainda estamos a dar os primeiros passos nesta área das Ciência do Desporto, relacionadas com a otimização das qualidades físicas.

É uma questão de cultura desportiva ou de investimento?
Acho que acabam por estar ligadas. A partir do momento em que se desenvolvem departamentos capazes e que demonstrem competências e resultados, as direções dos clubes começam a aperceber-se que é uma mais-valia o investimento neste tipo de áreas. Acabamos por conseguir ter um processo, acima de tudo, e conseguir que este processo faça o grande objetivo no Sporting, que é formar atletas para a equipa A. Queremos acreditar que quando os nossos atletas lá chegam estão capazes de jogar o jogo que a equipa A quer jogar e resistir às exigências que coloca nos atletas. Essa é a nossa primeira motivação e a partir do momento em que as direção observam isso acabam por potenciar os seus bens, que são os jogadores.

Se o treinador da equipa A tivesse um estilo de pressão sempre alta, de reação muito forte à perda da bola e muita aposta nas transições rápidas. Adaptam o vosso trabalho a isto?
É quantificável e usamos muito o jogo de cada atleta como referência. Entre todos os jogadores da Academia temos os cinco jogos mais exigentes do ponto de vista física – carga locomotiva, através de GPS – e reportamos diaria e semanalmente com respeito a esses valores. Ou seja, após um treino, consigo perceber quantas acelerações e desacelerações teve o jogador X, quanto teve em certas zonas de corrida e conseguimos ter esse olhar e perceber que, se calhar, estamos a treinar abaixo de determinada característica física. E tentar arranjar estratégias que sejam integradas no futebol, através de exercícios, para conseguir que os atletas seja expostos a esse estímulo de treino. Dessa forma, se olharmos para a carga de treino do atleta – os valores de obtêm em várias métricas locomotivas -, conseguimos perceber que se passa de estar a treinar muito para ter pouco estímulo numa certa métrica, isso quer dizer que está a perder capacidade para, quando for necessário, por isso em prática. Olhamos do ponto de vista agudo (na sessão de treino) e crónico (semanalmente), olhando para as cargas.

Qual é a vossa postura quando um jogador também trabalha com um preparador físico externo ao clube?
Tentamos não entrar em grandes lutas e fazer o jogador perceber que, quando procura ajuda externa, é difícil que consiga entender o que se faz no clube. Acaba por poder ser contraproducente. Entendemos que queiram ocupar o seu tempo e fazer uma série de atividades, entre as quais ir a esses colegas, mas a preocupação não é muito, muito grande, porque na maior parte das vezes não treinam os membros inferiores ou coisas que possam lesar. É um bocadinho para inglês ver, para lhes tirar um bocadinho de dinheiro e ocupar-lhes o tempo.

Mas quem está do lado de lá diz o contrário.
Claro, temos perfeita noção, conheço os colegas e a maior parte não tem formação na área, só tem formação em Exercício e Saúde. Estou à vontade para falar sobre isso.

Tentam desincentivar os jogadores?
Não, tentamos educar. É a nossa palavra chave, educar.

“O futebol não é atletismo”. Ouvem muito este tipo de lugar-comum do futebol?
Não temos tido problemas, porque temos exemplos de casos bem-sucedidos dentro da Academia e os atletas tendem a olhar para os seus pares que são bem-sucedidos. Temos uma cultura de trabalho muito positiva, bastante diferente do que era. Temos os atletas altamente motivados, claro que há uns mais do que outros, isso é inquestionável, mas temos tido uma alteração na cultura muito grande. E acho que isso tem a ver com a própria cultura que se foi instalando, com o facto de os atletas estarem já num processo que, apesar só ter 2 anos e estar a dar os primeiros passos, existe um caminho. Acabam por confiar em nós e depois, no campo, acabam por sentir que estão capazes e por comprar. Mas estamos sempre abertos a ouvir o que os jogadores nos têm para dizer, é uma área que tende a ser muito de interação e de ouvir o feedback do atleta. Não há nenhum livro que nos ensine o que é treinar uma Academia de futebol.

Porque eles podem sempre achar ou sentir que esse tipo de trabalho não serve para nada.
E fisiologicamente há jogadores que respondem de forma diferente. Há jogadores que não são capazes de ter uma carga de treino tão alta, outros precisam de uma carga um pouco maior e conseguimos ajustar tendo um discurso, muitas vezes, informal com os atletas. Se vai jogar dois dias depois, já sabemos que não deverá puxar tanto num determinado exercício, falando no ginásio. No treino, talvez possamos falar com o treinador para ele gerir um bocadinho em algumas situações. Mas, no geral, isto corre sempre de forma fluida.

Os jogadores têm acesso aos dados, caso queiram?
Têm sempre, na equipa A também. Acontece eles pedirem. Através da tal educação atlética, o que quero é que eles realmente interpretem bem os dados. Não queremos que interpretem aquilo de forma errada, tipo ‘por que é que corri menos?’, quando às vezes é o jogo que o impõe. Convém estarmos a acompanhá-lo até terem o tal entendimento do que um relatório nos podem dizer, porque os números só nos contam a história até a um ponto. Há muitas coisas que não nos conseguem contar. Temos todo o gosto, e já o fiz, em sentar e explicar o que é cada coisa, o porquê de algumas serem mais altas que outras e o porquê de usarmos aquele esquema de cores.

Quais são as áreas englobadas pela Unidade de Performance?
O diretor é o João Pedro Araújo, que também é o médico principal da equipa A. A unidade está dividida em três áreas: a da Performance Física, da qual sou o coordenador; da Medicina, cujo coordenador é o Nuno Loureiro, médico da equipa A; e da Fisioterapia e Reabilitação, que tem como coordenador o Rúben Ferreira, fisioterapeuta da equipa A. Depois a nutrição entra aliada às três áreas, obviamente.

Como se controla o que os jogadores comem quando estão fora do clube?
Mais uma vez, depende da educação atlética e de o jogador perceber quais são as consequências – ao nível da lesão e da potenciação atlética – de não ter uma alimentação cuidada. Se quiserem ter uma refeição menos cuidada, quais são as outras estratégias a adotar, quase para compensar. Novamente, passa pela educação do atleta, porque não estamos com eles durante a maior parte do dia e a alimentação e o sono, no treino, são questões major.

Chegam ao ponto de entrar em contacto com os pais ou a namorada, se for preciso?
Com os pais, sim. Temos formação para os pais no Estádio Universitário de Lisboa sobre como confecionar, por exemplo. Muitas vezes, as pessoas até fazem um prato aparentemente saudável, e até pode ser, mas, se calhar, a forma de confeção e as proporções da comida não sucumbem as necessidades que os atletas possam ter. Estamos a tentar apostar na educação porque sabemos que os pais vão estar ao lado dos filhos durante muitos anos e queremos que tenham um sítio próprio, em casa, para também crescerem enquanto atletas.

Falando mais de ti. Como é que alguém com um passado tão ligado ao râguebi acaba por vir parar a um clube de futebol?
Não sou um caso pioneiro [ri-se]. Tens o Des Ryan no Arsenal que foi meu colega, era responsável por outra equipa do Pro14, onde trabalhei, na Escócia. Mas não sei, foi uma ocasião que surgiu. Gostei muito do projeto, o que me interessou foi o projeto e as pessoas que estavam envolvidas. O clube também, sou sportinguista [risos outra vez]. Mas o projeto em si, as pessoas, a cultura e o historial que o Sporting já tinha na área, mais a necessidade que acho que havia para dar um refresh nesta área. Depois, do ponto de vista pessoal, foi a hipótese de voltar para casa.

Nesta área, há muitas diferenças entre o futebol e o râguebi?
Acho que a cultura ainda é um pouco diferente, não pela modalidade, mas pelos países onde o râguebi é bem-sucedido. Na Nova Zelândia, na Austrália e no Reino Unido a área da preparação física é forte. Na restante Europa, o râguebi e outros desportos mais físicos não assumem um protagonismo tão grande na lista dos mais observados e, como tal, talvez não tenha havido um gatilho para o desenvolvimento da área e a cultura foi mais para a modalidade do que para o desenvolvimento atlético. Não acho que exista um certo e um errado, acho que o futebol tem de beber de outras modalidades e vice-versa. O futebol tem coisas ímpares e de extrema eficácia: a forma como interpreta e analisa o jogo, por exemplo. O casamento entre áreas e modalidades, muitas vezes, é proveitoso. Na Escócia, tínhamos vários treinadores e preparadores físicos de futebol que iam ver como trabalhávamos [no Glasgow Warriors] e nós também o fazíamos com o atletismo. Quando tínhamos uma questão mais relacionada com o sprint, a quem é que vou perguntar? A quem trabalha com isso de forma mais sistemática e há mais tempo. Convidávamos pessoas a fazerem apresentações e colocávamos as nossas questões.

Há uns anos, o Cristiano Ronaldo foi ter com o Francis Obikwelu. Mas, com a idade que já tinha, não era tarde demais para tentar alterar gestos da técnica de corrida que já lhe saem inconscientes?
Também não é com um treino ou outro que se altera alguma coisa. Somos muito eficientes na nossa abordagem involuntária do controlo motor. Para se mudar um padrão motor é porque o novo será mais eficiente do ponto de vista físico e terá um output mecânico maior, normalmente. Caso contrário, o nosso corpo vai ter resistência em mudar. Nem vai dar hipótese.

Em 2018, o Frederico Varandas revelou o plano para a Unidade de Performance dizendo que queria “colocar a ciência no futebol”. No râguebi há mais abertura do que no futebol?
Sim, e o presidente falou e muito bem de meter a ciência no futebol e não o futebol na ciência. Continuamos a ter o nosso caminho bem definido, a priorizar o futebol acima dos dados e esta distinção entre o que é interessa e determinante foi das tarefas mais difíceis que tive na minha vida profissional. Perceber em que caixa vou meter as coisas e qual é a repercussão que tem o esforço que vou investir. É que se vou investir muito num assunto que me vai dar muito pouco, então se calhar está mais do lado do interessante do que do determinante. Portando, aí o presidente falou bem. O futebol, realmente, está a ter um período de viragem e dado os recursos que tem, podemos estar aqui a ficar com a escala um pouco baralhada em várias realidades. Os clubes de futebol têm um poder económico muito superior aos de grande parte das outras modalidades, senão mesmo todas, e se calhar as pessoas vão e apostam em grande e metem muitas fichas numa área que é, de facto, uma grande mais-valia, mas não é uma solução para tudo. E acho que aqui estamos a tentar implementar as coisas tendo a noção até onde isto nos pode levar e, dentro das nossas limitações, estamos a dar passos com consistência sem querermos ser mais papistas que o Papa. E só mais uma coisa: no râguebi, por terem menos recursos, valorizam mais as coisas que são determinantes. Se só tenho um profissional por escalão, ele só pode trabalhar durante x tempo, com x número de ferramentas, ao invés de ter uma equipa de cinco em que um só faz uma coisa. No râguebi tem-se mesmo que criar prioridades, como nos clubes mais pequenos de futebol, onde têm mesmo de saber onde vão apostar as suas fichas. Se só há uma pessoa para cinco ou seis escalões, não vai poder fazer o mesmo que nós, que temos um preparador físico e mais um estagiário (da parte da manhã, outro da parte da tarde) por escalão, dos sub-15 até à equipa B.

No futebol, ver pessoas a tirarem conclusões olhando só para os dados e estatísticas ainda faz parte das dores de crescimento da entrada da ciência no futebol?
Sem dúvida. Temos de entender que isto tem de ser uma abordagem holística. E a abordagem que o Sporting está a querer implementar é termos um atleta, rodeado por oito áreas, onde cada uma dá o seu contributo e entente que a área técnica é a área-mãe. Aí estamos todos em sintonia. Acho que os treinadores de futebol são experientes demais para olharem só para os dados e essa experiência não se aprende em livros . O feeling, o entender do momento e do espírito coletivo, todas essas valência quando conciliados com um pouco de dados em treinadores abertos à opinião de todas as áreas, acho que é um casamento perfeito. E disso não nos podemos queixar.

Há treinadores que precisam de maior convencimento?
No Sporting, neste momento, não. Temos um processo transversal, os treinadores abraçam o processo e percebem que os nossos preparadores físicos, estando inseridos na equipa técnica, têm todos os objetivos que os treinadores têm – colocar atletas na equipa principal. Não temos, mesmo, qualquer tipo de entrave e somos totalmente abertos a sugestões. Estamos aqui para servir os atletas, em primeiro lugar, e os treinadores. Somos dinâmicos no processo: temos um standard que todos os escalões devem fazer da mesma forma e depois temos ajustes dentro de cada escalão.

entrevista original publicada na Tribuna Expresso