Não foi um jogo bonito, não foi um jogo bem jogado, as oportunidades de golo resumiram-se a três. Clássico amarrado, do qual o Sporting sai reforçado nesta louca caminhada onde cabem tantos miudos acalmados e guiados por João Mário, Coates e Palhinha

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Era, muito provavelmente, a derradeira oportunidade do fcPorto se chegar ao Sporting na frente do campeonato. Era, sem margem para dúvidas, uma oportunidade para o Sporting deixar o seu rival ko e disparar rumo ao título. Acontece que entre a teoria e a prática, o primeiro objectivo de cada uma das equipas foi anular o seu adversário. O Porto queria a todo o custo impedir a construção do Sporting desde trás e cortar-lhe a possibilidade de jogar em profundidade. O Sporting, mesmo sem perder essa saborosa arrogância de trocar a bola a partir do redes, percebeu que estava sem espaço para lançar as corridas de Tiago Tomás, Nuno Santos ou Pedro Gonçalves e concentrou-se em ser aquela muralha defensiva que vem sendo, com Palhinha a ser um traga bolas e Feddal a crescer a olhos visto ao lado de um Coates a fazer a sua época maior de todas.

Chegou-se assim ao intervalo com o registo de uma situação de entusiasmo, quando Manafá apareceu na área e rematou cruzado para defesa de elevado grau de competência de Adan. No restante, muita gritaria, com o banco do fcp a desesperar por aquele penalty que tem sido bálsamo para tantos e tantos jogos.

O segundo tempo começou com uma arrancada e remate cruzado de Zaidu, que como que espevitou os azuis para a necessidade que tinham se ir à procura do resultado. E tiveram o golo nos pés aos 57 minutos, quando Corona entrou pela direita e serviu de bandeja Taremi, com o iraniano a atrapalhar-se com a bola quando era só encostar. Vendo o Sporting a perder a capacidade de ter bola, Amorim lançou Matheus Nunes e quase teve direito a jackpot, quando o puto largou a correr antes do meio campo e acelerou, com bola, até estar na cara do redes adversário e rematar ligeiramente por cima quando já se gritava golo. Do outro lado, três minutos volvidos, Taremi também deixou muitos festejos nas gargantas dos seus adeptos, quando voltou a falhar em posição privilegiada.

E foram estas as oportunidades de golo, numa segunda parte onde João Mário foi gigante na capacidade de segurar a bola e colocar calma em todos os movimentos de uma equipa sem espaço para jogar (veja-se como Pedro Gonçalves acabou por fazer um jogo de operário, sem tempo para pensar em brilhar), mas com um coração enorme. Aliás, dei por mim várias vezes a lembrar-me das palavras de Amorim, quando disse que a maioria dos jogadores do Sporting não sabe o que é disputar jogos decisivos, mas que também não quer saber. Essa irresponsabilidade responsável é uma das grandes forças desta equipa, que não treme nem teme, e que deu novo passo firme rumo a um objectivo que será recordado pela miudagem que joga e que anseia cá fora como um daqueles momentos que marcam o nosso crescimento e que cabem na boa em memórias embaladas pelos Smashing Pumpkins.

Faster than the speed of sound
Faster than we thought we’d go
Beneath the sound of hope

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