Após um mês de paragem para compromissos de seleção este último fim de semana marcou o regresso (e sem “sobressaltos”) da 2ª fase do Campeonato Nacional BPI de Futebol Feminino, onde a equipa do Sporting Clube de Portugal compete no Grupo de Apuramento de Campeão.

Neste Grupo apenas 3 equipas já disputaram todos os jogos das 5 jornadas (Famalicão 3V-1E-1D/10 pontos, Clube de Albergaria 2V-0E-3D/6 pontos e Torreense 0V-0E-5D/0 pontos). Outras 2 equipas já disputaram 4 jogos (Benfica 4V-0E-0D / 12 pontos e Sporting 3V, 1E – 10 pontos). As restantes 3 equipas apenas fizeram 3 jogos cada (Braga 3V-0E-0D/9 pontos, Condeixa e Marítimo ambos com 0V-0E-3D/0 pontos.

A jornada iniciou-se no sábado com o Albergaria 0 Braga 1 (golo de Myra Delgadillo). No domingo disputaram-se, à mesma hora, os outros 3 jogos:
– Benfica 4 (golos de Cloé Lacasse, Carole Costa, Marta Cintra e Matilde Fidalgo) Marítimo 2 (2 golos de Telma Encarnação);
– Torreense 1 (golo de Raiza Silva) Famalicão 7 (5 golos de Mylena Santos, 1 de Vitória Almeida e 1 de Solange Carvalhas)
– Sporting 1 (auto-golo de Sony Costa) Condeixa 0

O jogo no Aurélio Pereira foi de sentido único. As jogadoras do Condeixa apenas deverão ter estado no meio campo defensivo do Sporting uma dezena de vezes. A Patrícia Moraes, nossa GR apenas foi chamada a intervir 2 vezes em resposta a iniciativas adversárias. O Sporting (que deixou no banco Joana Marchão e Ana Borges) jogou com Patrícia Moraes, Mariana Rosa a defesa direita, Bruna Costa e Nevena Damjanovic a centrais, Alícia Correia a defesa esquerda, Tatiana Pinto a média defensiva, Andreia Jacinto a média volante, Fátima Pinto a médio mais ofensiva, Ana Capeta a extrema direita, Raquel Fernandes a extrema esquerda e Carolina Mendes a ponta de lança.

O início do jogo mostrou logo um Sporting que queria resolver rápido o encontro. Mas também mostrou um fiscal de linha ( o único elemento masculino da equipa de arbitragem) que deveria concorrer com a Dona Dolores para os anúncios da multiópticas nos primeiros 9 minutos conseguiu ver um fora de jogo de Carolina Mendes inexistente e não ver 2 cantos em que a bola, antes de sair pela linha de fundo, no primeiro, bate 2 vezes na jogadora Ana Rute e , no segundo, o remate de Fátima Pinto bate em 2 jogadoras do Condeixa sem haver jogadoras do Sporting num raio de 3 ou 3 metros). Aos 10 minutos, uma incursão da Alícia Correia termina com um cruzamento-remate que faz a bola embater na barra da baiza de Liliana Almeida.

Esta entrada forte remeteu o Condeixa quase exclusivamente para tarefas defensivas. Apesar da elevada concentração de jogadoras do Condeixa no seu terço de terreno mais recuado, o Sporting até conseguia fazer circular bem a bola com boas combinações ofensivas entre Andreia Jacinto (apenas 18 anos e já tanto talento naqueles pés e tanto discernimento naquele cérebro), Raquel Fernandes e Fátima Pinto (sempre assertivas e muito interventivas; quando necessário, a bola vinha para trás para atrair algumas das jogadoras do Condeixa e descongestionar as suas zonas mais defensivas e aí quer Nevena, quer Bruna Costa (que jogadora se está a fazer) ora serviam a riigor colegas em zonas interiores mais aavançadas ora abriam a preceito o jogo pelas alas onde quer Mariana Rosa (19 anos) quer Alícia Correia (17 anos) se integravam bem nas tarefas ofensivas. No entanto, se na ala esquerda essas incursões encontravam um bom apoio na Raquel, já na ala direita a Ana Capeta estava em dia totalmente desinspirado (embora sempre com a raça que lhe reconhecemos); no centro, os momentos de decisão revelavam uma ineficácia enervante (Carolina Mendes teve 5 ocasiões flagrantes de golo, isolada: num faz um passe de cabeça à Liliana Almeida; nos outros 4 decidiu sempre mal rematando deficientemente e sempre falhando o alvo; para além disso,revelava-se esforçada, procurando intervir no jogo, mas quase sempre trapalhona quando a bola ia ter consigo). Ainda assim, aos 39 minutos foi a vez de Tatiana Pinto fazer um ótimo remate de fora da área com Liliaan Almaeida a esticar-se para uma defesa com a pona dos dedos que leva a bola ao poste. Aos 42 minutos, Raquel Fernandes também envia remate com selo de golo mas, mais uma vez, Liliana Almeida faz uma defesa extraordinária.

Após o intervalo, Alícia Correia fica no banco entrando para o seu lugar a Joana Marchão. Mas o jogo ia mostrando mais do mesmo: o Sporting instalado no meio campo adversário e o Condeixa abdicando quase totalmente de acções ofensivas. Até que, aos 60 minutos, se opera um milagre: Ana Capeta vai à linha de fundo pelo lado direito tenta um cruzamento que sai rasteiro e para zona de ninguém … a não ser uma infeliz Sony Costa que, perto do poste mais distante, não domina a bola e (para aumentar ainda mais a improbabilidade) a Liliana Almeida (que até aí defendera o possível e o impossível) deixa passar a bola por baixo do seu corpo. Foi necessário um golo absolutamente surreal para desbloquear o jogo. Antes, já tinham entrado Ana Borges (no lugar de Carolina Mendes) e Rita Fontemanha para o lugar de Fátima Pinto. Mais tarde, a jovem Marta Ferreira (18 anos) substituiria Ana Capeta.

Após um mês sem competição (e com o treino coletivo condicionado pelas ausências de 13 jogadoras nas respetivas seleções) podemos dizer que “não há fome que não dê em fartura”. Após o jogo deste domingo, o Sporting recebe o Braga amanhã, dia 3 de Março, para a Taça dePortugal e domingo dia 7 de Março para o Campeonato BPI, para no sábado seguinte, dia 13 de Março se deslocar a casa do rival Benfica. Confesso que, neste momento, estou muito apreensivo no que concerne à capacidade de as leoas corresponderem com êxito a este 3 próximos embates. Mas, se averbarem 3 vitórias, então terão tudo para poder ter sucesso nesta temporada.

Entretanto, no campeonato nacional da 2ª divisão, Série Sul, a 7ª jornada viu todos os seus jogos serem adiadas, pelo que o Sporting continua em 1º (6 jogos, 6 vitórias, 18 pontos) com mais 3 pontos que a outra equipa que também tem 6 jogos, o Guia FC (5 vitória e 1 derrota, precisamente em casa contra o Sporting). De realçar que o plantel do Sporting B contava inicialmente com 6 jogadoras de 15 anos, 5 de 16 anos, 7 de 17 anos, 5 de 18 anos, 4 de 19 anos, 3 de 20 anos e 1 de 24 anos; entretanto, 4 destas jogadoras, entre os 17 e os 19 anos, têm vindo a ser chamadas regularmente à equipa A. O pecúlio destas jovens, nesta época é de 6 jogos 6 vitórias, 3 golos sofridos e … 73 golos marcados (sim, leram bem, uma equipa maioritariamente de jogadoras sub 15, sub17 e sub 19, tem a impressionante média de mais de 12 golos por jogo, a competir contra 7 equipas maioritariamenmte de seniores, 5 das quais contam com 2 a 5 estrangeiras nos seus plantéis (o Sporting B é uma das 3 equipas da série inteiramente lusas; as outras são o Seia e a Escola de Futebol Feminino de Setúbal). Em futuros artigos, quando esta competição regressar, darei alguns apontamentos sobre algumas das jogadoras.

* dos Açores com amor, o Álvaro Antunes prepara-nos um petisco temperado ao ritmo do nosso futebol feminino. Às terças!